A HISTÓRIA DE JULY

July era um passarinho diferente, nasceu com as penas arrepiadas. Uma asa caída a outra empinada, o bico era torto e por isso foi abandonado pela mãe que preferiu abandonar o ninho levando apenas os dois que nasceram perfeitos. Sentindo-se abandonado ele cresceu sozinho sem a companhia de outros passarinhos que se recusavam a serem amigos de um passarinho defeituoso.

July vivia triste só saia para se alimentar e voltava para o galho da árvore onde a mãe construiu o ninho para que seus filhotes nascessem. Pelo menos ali July se sentia seguro.

Era a primeira manhã de primavera, como era de costume, todos os passarinhos se reuniam para festejar com cantos e muita folia, July olhava de longe com os olhos cheios de lágrimas e o coração triste por ser ignorado por todos.

Mas como era muito bom no canto disso ele tinha certeza, começou a entoar uma cantoria sem se aproximar e foi aplaudido por todos que pararam de cantar para admirar aquele belo canto vindo do alto da árvore. E foi aquele bater de asas todos voou para os galhos em busca do dono daquele canto inebriante.

July era muito inteligente e sabia que se notasse que ele era o dono daquele canto poderia ser vitima de mais um julgamento devido aos seus defeitos em que todos desprezavam.

Então preferiu se esconder entre folhas e ficar quieto até que fossem embora, mas foi visto pelo sabiá que se aproximou dizendo:

-Não se esconda sua voz é linda! Venha cantar na festa da primavera. Completou o sabiá.

July se encolheu ainda mais com medo o que fez com que o sabiá tentasse mais uma vez encorajá-lo.

-Você não tem culpa de ter nascido diferente, mas isso não lhe tira o direito de cantar e viver livre pela floresta.

-Eu não posso aparecer nem a minha mãe aceita a minha presença, viverei sozinho apenas tendo o meu canto triste como companhia. Disse July com olhar triste.

O sabiá não iria se convencer até que conseguisse ajudar aquele pobre passarinho a enfrentar as diversidades e fosse aceito por todos os passarinhos como membro do seu bando.

Com medo July bateu asas foi para o outro lado da grande árvore assim continuaria sozinho sem criticas.

E se o sabiá quisesse humilhá-lo diante dos outros passarinhos perfeitos. Pensou amedrontado.

O sabiá não iria desistir e foi atrás de July dizendo:

-Deixe de ser infantil, cada um tem seu defeito e suas qualidades, passarinho nenhum aqui da floresta tem um canto mais lindo que o seu, e o que importa se é diferente, importa é o sentimento que tem ai dentro desse coraçãozinho. Agora vamos lá e cante tanto que vai emocionar todos, pode ter certeza que a partir de hoje todos irão te receber da forma carinhosa que merece.

Quando finalmente July abriu o bico para cantar viu-se rodeado de outros tantos passarinhos que aplaudiam encantados com a meiguice daquele canto.

A emoção tomava conta do pequeno passarinho fazendo com que cantasse e cantasse sem conseguir fechar o bico.

De longe um passarinho observava sem coragem de se aproximar, pois tinha certeza de que aquele cantor se tratava do seu filhote que um dia abandonou a própria sorte para morrer.

Imediatamente July se viu acolhido por todos que abraçavam com as suas asinhas numa forma de dizerem seja bem vindo...

A mamãe de July envergonhada se retirou se sentindo a pior das criaturas do reino dos passarinhos ao reconhecer o quanto foi preconceituosa abandonando o seu pequeno filhote apenas por ter nascido diferente e não perfeito como os outros dois irmãos.

Daquele dia em diante não se ouviu mais falar da mamãe passarinho e July agora morava no reino dos passarinhos ao lado da sua amada uma linda e graciosa sabiá filha do amigo que o salvou daquela vida sofrida,

Moral da história: Preconceito é o pior crime e todos merecem respeito e carinho, ser diferente não é defeito,

Irá Rodrigues