FOLHA DE INHAME
Os raios do sol escaldante tocavam os morros e invernadas da serra do Caparaó.
Mamãe no arreio chapeado ia conduzindo serra acima, Suzana, uma mula idosa a caminha de nossa querência.
Eu na garupa, sentado sobre um pelego vermelho, feito do puro couro e lã de carneiro.
Segurando firme na alça do arreio para não deslizar nas subidas mais íngremes.
O calor ia fazendo com que Suzana molhasse de suor, suor quente e salgado que assava minhas panturrilhas.
Quando chegávamos ao riacho Aderinho, mamãe apeava da mula e colhia água cristalina e geladinha para matar nossa cede e a cede de Suzana.
O córrego de água pura passava solenemente sobre a estrada sem nenhuma preocupação.
Na folha nova e robusta do inhame, mamãe coletava até um litro de água de uma vez.
Bebíamos e molhávamos com a água fresquinha da serra.
O sabor da água na folha do inhame parecia especial e a densidade da água era ímpar.
Em seguida iniciávamos a cavalgada serra acima até chegar a nossa residência, que ficava no alto da montanha, horas depois, já quando o sol já estava cansado e seus raios avermelhados estavam como que dizendo: até mais!
É isso aí!
Acácio Nunes