O castelo de Reims
Não podia inventar um título desses. Certo, eu vivia contando estórias inventadas, sem pé ou cabeça para o mano Beu, mas do Castelo de Reims me apropriei eu.
Possivelmente tê-lo-ia subtraído dalgum livro de biblioteca - e por roubar cultura, não se peca, seja de Meca, seja de Seca. E mais não se disseca.
Minhas estórias não eram pre-inventadas, iam correndo, ou ou serpenteando, ao sabor da imaginação, enquanto sabão e bucha a mão, ia eu me ocupando da lavação de vasilhas e o Beu, quase três anos mais novo do que eu, intirtido feito ele só, naquele meu cipoal monocórdio de aventuras de algum menino aventureiro e bem
sucedido, ainda que sempre perseguido.
Meninas não havia. Só estripulia é que valia. Pra compensar quiçá, o infantil pudor, abrasador, que meninas não deixava por. Além do universo indiverso do vasilhame, impregnado de gordura que
valentemente resistia à água fria e ao sabão pintadinho de Santa Luzia, a imaginação solta corria, ia pro pé-de-manga, pralgum cantinho de quintal, uma beira de cerca, e dia após dia, da meada o fio não se perdia. Tampouco se disinvurvia.
Enredo não havia, mas esse título ao tempo resistiu, ainda não ruiu. Talvez pra ser um dia reencontrado num velho compêndio, escape dum incêndio, num primeiro de abril...