Leituras infantis
Com o vidro de Biotônico, chegava pelas mãos de papai o Almanaque Fontoura, e, se pra tomar uma colherzinha daquele a gente fazia fila ordenada, pra leitura deste a disputa era acirrada, a cada página a ser virada. Todo mundo a querer vê-lo duma vez.
Bonitinho no seu formato, metade do tamanho A4, fininho dumas 20 e tantas páginas e cheio de ilustrações, além da variedade de artigos, que iam das curiosidades sobre as marés ou as celebrações de bodas de matrimônio de acordo com os anos, às recomendações para o plantio do milho à tosa de ovinos aquele livrim era uma delícia de se ler.
E se ter: candidato sério à prateleira da biblioteca doméstica que, ancorada no Dicionário de Português, bojudinho e encapado em brim cáqui, reunia uns poucos e esparsos títulos, mas que era a semente de nosso vir-a-saber.
E assim,se perfilhavam aos nossos olhos as já surradas revistas Chácaras e Quintais, donativo de Tio Leopoldo, empreendedor e irriquieto parente que havia feito uns cursos de curta duração na escola agronômica de Viçosa; a Cultura do Cítricos, acho que também da mesma fonte; Almas Infantis, com ilustrações de Luís Sá, um livro sobre a educação e bem-estar dos filhos, de sobretudo, dos pais; algumas revistas O Sesinho, edição mensal, com quadrinhos e artigos; e mais muito pouca coisa.
Havia uma revista de modas, que servia de inspiração às costuras de mamãe para as meninas mais velhas, e de instigação à menina mais velha para que aquele alvitre se materializasse, et coetera.
E ali, naquela galeria ilustre havia de caber também o almanaque, se alguém o deixasse em paz. Mas antes vamos ler a história do Jeca Tatu, eu e tu. Pois é, é do moço de Taubaté. Por inteiro de lá também um Lobato, Monteiro.