A menina que cuspia
Fufira era uma menina inteligente e estudiosa. Todos, na rua, na igreja, na escola a admiravam.
Porém, ela tinha uma mania muito estranha. Vivia salivando pra tudo quanto é lado. Fosse na rua, na escola, em casa e a todo instante. Tinha nojo de tudo.
Não percebia ela que as pessoas não gostam de gente que tem hábitos desagradáveis.
Todos os seus amiguinhos tinham nojo de lanchar com ela no intervalo de aula no pátio.
Reclamavam sempre com ela:
- Fufira, você é uma menina muito linda, mais precisa parar com essa cusparada nas coisas. Isso é muito deselegante.
Respondia ela enraivecida:
- eu cuspo aonde eu quiser, o cuspe é meu.
Grande argumento o de Fufira, não justificava sua mania.
Certa noite, Fufira dormiu e sonhou que estava num lugar todo de vidro e aonde ela cuspia, o excremento ficava visível, pois se tornava numa gosma pegajosa e grande, do tamanho de uma mão que grudava nas paredes, no chão de vidro e grudava nos sapatos dos desavisados, ficando exposto pra todo mundo vê.
Ela começou a se preocupar quando de repente alguém bateu em seu ombro e a chamou pelo nome com uma voz triste e trêmula:
- Fuuuufiiiiira, Fuuuufiiiiiira...
Ela olhou rapidamente para trás e muito assustada deu um grito tão alto e fino que doeu nos ouvidos até de quem estivava a quilômetros de distância.
O que ela vira, não era nada agradável. Era uma enorme boca avermelhada que flutuava no ar, babando pelos cantos sem parar e com sua língua enorme e azul tentava lamber o máximo que podia de sua própria saliva e lhe dizia com certa dose de raiva e desprezo:
- a partir de agora a sua saliva lançada ao chão se tornará numa baba gosmenta e colorida que grudará nas coisas e nos calçados que pisarem nela.
Você será detestada por todos!
Quando acordou, Fufira se lembrou do sonho.
Desse dia em diante, nunca mais Fufira salivou no chão, aliás, em lugar algum.
Pois ela aprendeu que salivar próximo das pessoas é falta de educação e muito nojento.