A menina e o macaquinho *
Era uma vez uma menina de longos cabelos em tranças. Ela era muito pobre, para brincar criava os seus próprios brinquedos com folhas, pedra, frutos e sementes. Apesar da pobreza ela era feliz e inventava muitas brincadeiras diferentes.
Um dia a menina ganhou do patrão de seu pai um macaquinho de pelúcia. Ela ficou encantada, pois nunca havia visto um bichinho de pelúcia tão lindo. Ainda mais um macaquinho que parecia real de tão fofo. Ele tinha uma cor caramelada e olhinhos de vidro; era peludinho, com uma carinha inocente e suave.
Ela passou longas horas a brincar com o bichinho, inventou mil histórias de aventuras que, na sua imaginação, eles viveram. A cada história inventada, a cada brincadeira, os laços entre ela e seu novo amiguinho iam se estreitando e cada vez ela gostava mais daquela pelúcia inanimada que em suas mãos se tornava como um ser vivo.
Um dia, porém, a menina brincava na praça com o seu macaquinho quando chegou uma vizinha carregando um bebê. O bebê se interessou pelo bichinho e chorou querendo-o. A vizinha pediu à menina que o entregasse só por alguns instantes para que o bebê se acalmasse. Foi o que ela fez e, realmente, o bebê ficou feliz e tranquilo brincando com ele.
No entanto, quando a mãe da menina chegou chamando-a para casa, o bebê não quis mais devolver o bichinho. Chorou, fez birra e a vizinha não conseguiu arrancar dele o macaquinho. Então, buscando resolver o dilema, a mãe da menina sugeriu que deixassem o bebê levar o macaquinho para casa. Mais tarde, quando o bebê dormisse e se esquecesse, a vizinha o devolveria.
Naquele dia a menina voltou para casa muito chateada, pois não queria se separar do seu bichinho. O que ela não esperava é que a vizinha nunca fosse devolvê-lo. Passando-se as horas, ela a procurou para pedi-lo de volta, mas ninguém a atendeu. Então, a menina começou a bater à porta da vizinha todos os dias, mas ela sempre inventava uma desculpa, até que um dia, a menina soube que ela se mudou e havia outras pessoas morando na casa.
A menina constatou com tristeza que jamais veria o seu macaquinho de novo. Lembrou-se de quando o ganhou e de tantas brincadeiras que fizeram. Teve vontade de ao menos sentir a sua pelúcia novamente, mas sabia que não seria mais possível.
Depois disso, ela ganhou outros brinquedos, alguns velhos, outros nem tanto, mas jamais se esqueceu do seu primeiro macaquinho de pelúcia.
* Kelly Vyanna. Membro da ACEIB/DF.
Disponível em: www.aceib-gremioliterario-df.blogspot.com
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