Adeus, papai*

O papai de Júlio é muito educado, além disso, é brincalhão. Todos na escolinha dão tchauzinho quando ele chega para buscar o filho. Nas reuniões ele tem sempre algo a dizer, conversa com todos, conta piadas e faz elogios às professoras.

Onde quer que o papai do Júlio vá, ele faz novos amigos: adultos e crianças. Quando faz muito calor, leva o menino para tomar sorvete e picolé; quando faz frio eles tomam chocolate quente. Júlio se sente seguro quando seu papai aperta as suas mãozinhas e o guia por lugares que ele nunca viu antes, pois ele vai lhe mostrando cada espaço, cada detalhe e lhe conta histórias de outros tempos que se passaram por ali. Todos os dias Júlio aprende algo novo com o pai e isso o deixa tranquilo.

Ás vezes eles brincam de faroeste, às vezes brincam de lutar. Em corrida de carrinhos eles são os campeões. Também inventam engenhocas que duram pouco e usam todo tipo de ferramentas para consertar objetos com defeito. Ás vezes conseguem, ás vezes não, mas o mais importante é que eles têm as suas ferramentas para cuidar e guardar com muito esmero.

Um dia, porém Júlio viu os sapatos de seu pai muito lustrosos e, próximo aos sapatos, viu uma mala grande, fechada. Não entendeu naquela hora o que estava acontecendo, mas, de repente, seu pai o pegava no colo e lhe contava que tinha de ir embora.

Júlio chorava e esperneava, pois não queria ficar sem o seu pai. Banhado em lágrimas e em desespero foi que Júlio viu o pai adentrar apressadamente o quarto, encaminhando-se a ele, tentando acalmá-lo com voz suave e palavras de confiança.

Demorou um pouco para que Júlio entendesse que aquilo havia sido apenas um sonho, não havia mala fechada para despedida e que seu pai ali estava para tranquilizá-lo. O papai de Júlio não estava indo embora, mas naquele dia compreendeu o quanto ele era importate para o seu filho e decidiu que não importasse o que ocorresse em sua vida, ele seria para Júlio o pai que o amava e zelaria por ele onde quer que estivesse.

* Kelly Vyanna. Membro da ACEIB/DF.

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