A primeira escola*
Luísa não tinha irmãozinhos pequenos e morava de frente a uma escola repleta de crianças. Ela tinha três anos e costumava ouvir as risadas e correrias vindas da escola. Da janela do seu quarto no segundo andar, ela podia ver o parquinho onde sempre havia crianças a brincar. Achava interessante vê-las todas vestidas da mesma forma, soltas e felizes num lugar cheio de brinquedos divertidos. Seu maior sonho era juntar-se a elas naquele "paraíso infantil." Mas sua mãe sempre lhe dizia que ela ainda era muito pequena para ir à escola e que esperasse mais um pouco.
Um dia, quando chegavam a casa, Luísa soltou das mãos da mãe e correu para o portão da escola, pendurando-se nele e pedindo que abrissem. Tudo que ela mais queria era o direito de entrar naquele espaço maravilhoso, reservado para crianças iguais a ela.
Foi então que sua mãe decidiu deixá-la visitar a escola para conhecê-la melhor. Luísa gostou de tudo: das salas aconchegantes, dos desenhos nas paredes, dos banquinhos coloridos... E principalmente, do sonho de aprender coisas novas.
Naquele dia ela foi matriculada. Viu sua mãe conversar longamente com o diretor a respeito de como seria sua vida dali para frente, mas ela mesma não foi ouvida. Aparentemente, ir para a escola era tudo o que ela queria e assim foi feito. Mas Luísa nem imaginava que, naquele momento, estaria trocando uma parte de seu dia com a mãe pela companhia de outras crianças e de uma professora que ela nunca tinha visto antes.
No primeiro dia ela estava bastante animada e foi para a escola muito contente. Tudo era novidade e ela se sentia entusiasmada. Vestir o uniforme, organizar os materiais novinhos, colocar o lanche na lancheira, tornaram-se atividades fascinantes.
Após uma semana, no entanto, Luísa cansou de ir à escola. A mãe não conseguia entender, mas a escola se transformara de repente no lugar mais enfadonho do mundo. Tudo o que Luísa queria agora era ter de volta as tardes que passava juntinho com a mãe. De fato ela ainda era muito pequena para passar tanto tempo longe do colinho da mamãe e sentiu sua falta. A escola era um bonito e alegre lugar, mas Luísa deu preferência à sua casa e aos carinhos da mãe.
Quando cresceu um pouquinho mais, Luísa entendeu que precisava da escola, então retornou com a mesma alegria, porém com o compromisso de aprender, interagir e se tornar uma estudante aplicada, o que ela cumpriu com esmero.
* Kelly Vyanna.
Membro da ACEIB/DF. Disponível em:
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