O Natal no Jardim de Alicinha
-Olá! Aqui estou outra vez! Como? Não se lembram de mim? Então Alice não mostrou para os amiguinhos a hostorinha que ela ganhou no ano passado? Ai! Acho que vou desmaiar! E se eu fica com algum problema psicolístico? Mas sou iguana forte. Sou madeira que cupim não rói. Pois é. Chamam-me Lanlan porque... Ah, deixa pra lá.
Música: Iguana Lanlan
Nan, nan, nan, nan, nan
Sou a iguana Lanlan.
Nan, nan, nan, nan, nan
Sou a iguana Lanlan.
A Lanlan dançou um tango
Lá na casa da cotia
Daí me chamam de calango
Dia e noite, noite e dia.
Nan, nan, nan, nan, nan
Sou a iguana Lanlan
Nan, nan, nan, nan, nan
Sou a iguana Lanlan.
Danço tango e danço samba,
Gosto de rock também.
Quem não sabe e não é bamba
Não sorri... e não ama ninguém,
Não sorri... e não ama ninguém.
Nan, nan, nan, nan, nan
Sou a iguana Lanlan.
Nan, nan, nan, nan, diz:
Ela é iguana feliz.
Moro aqui neste lindo jardim e sou assessora de Alicinha, sua proprietária, para assuntos jardinísticos. Posso dizer que sou a... A... Prefeita perfeita. É e não sou modesta, mesmo. Mas vamos ao que interessa. Estamos muito próximos do Natal e já começou o agito geral aqui no pedaço. A lesma Lentinha sai toda manhã e só volta à noitinha, levando cartas para Papai Noel. Está cansadinha, coitada. Ah! Mas ali vem Alicinha. Vou contar-lhe tudo!
- Alicinha! Alicinha! Bom dia! Você hoje está linda! Como diria o poeta ... O... Bem, você está respedente!
- Bom dia, Lanlan! E obrigada. O certo é resplandecente. Qual é o problema desta vez?
- Não é problemamão, Alicinha! Poxa, vocês, humanis, pensam que tudo é problema? Pois nós, bichinhos e plantinhas, lidanos com situações. As situações não estressam, não é? Os problemas, sim.
-Vamos lá, dona filósofa, diz Alicinha que situação temos que resolver hoje?
-Temos várias situações para resolver, mas a primeira é a da lesma Lentinha.
- Que há com ela? Esqueceu sua casinha atrás de alguma pedra?
- Não, não, Alicinha! Ela ainda milita no MCT.
- MCT? Pergunta Alicinha. Pode explicar melhor?
- É o Movimento dos Com Teto, ora!
- AH, então...
- Então é que ela já está cansada de tanto levar cartas para Papai Noel. Seus pezinhos estão inchados, coitadinha!
-Que podemos fazer, Lanlan? Todos os bichinhos e florezinhas do nosso jardim só confiam nela, exatamente porque ela é paciente e não perde nenhuma cartinha, doz Alicinha.
-Eu estive pensando, diz Lanlan, será que Papai Noel não poderia mandar seu novo carro para recolher nossas cartinhas?
-Nunca pensei nisso, respondeu Alicinha.
- Eu sabia! Só quem tem idéias geniais aqui sou eu!
- Sua calanguinha presunçosa, disse Alicinha.
-É que eu penso em saídas filosofísticas... Assim, nada é problema.
-Então, você tem minha permissão para escrever a Papai Noel, disse Alicinha escondendo o riso, mas cuidado com o que vai dizer.
Assim fez Lanlan: pediu e Papai Noel respondeu que atenderia a seu pedido. Todos os habitantes do jardim ficaram sabendo que Papai Noel mandaria seu carro novo no dia dezoito de novembro para recolher todas as cartinhas.
Alicinha e Lanlan ficaram felicíssimas e começaram a avisar a todo mundo para preparar suas cartinhas. Entretanto, depois que deramos avisos, perceberam que Santiago, o menino-aranha, começou a ficar tristinho e depois pôs-se a chorar de verdade. Logo ele que era tão ativo, prestava favores a todo mundo alegremente, fiava lindas reias que, ao sol, ficavam de todas as cores e, às vezes, douradas. Em noites de luar, o tecido finamente trançado por Santiago transforma-se em linda cortina prateada. Por que chorava assim, tão sentido?
-Choro assim em todos os Natais porque não tenho família. Enquanto todos cantam e se abraçam no Natal, eu fico quietinho, ensopando meu travesseirinho com lágrimas.
Lanlan olhou para um lado, olhou para outro e chamou Alicinha para cochichar-lhe ao ouvido:
- Agora temos um problema.
Alicinha respondeu: Os problemas só existem até que os enfrentemos e encontremos uma solução para eles.
Voltaram para perto de Santiago, alisaram sua cabecinha, mas ele não parava de chorar. Lanlan e Alicinha já estava com lágrimas nos olhos. Até que Lanlan sugeriu:
-Santiago, escreva para Papai Noel e peça a ele uma família! Este será seu presente de Natal!
Santiago parou de chorar e escreveu uma cartinha que dizia assim:
Querido Papai Noel,
Meu nome é Santiago, passo horas e horas ajudando a todos os animaizinhos e a todas as florezinhas deste jardim e só entro na casa das pessoas para levar-lhes lindas cortinas tecidas por mim mesmo e desejar-lhes boa sorte.
Embora me mostre a todos bem humorado, sou triste , muito triste, porque não tenho família.
Papai Noel, se o senhor me achar merecedir, dê-me uma família de presente neste Natal! Só assim serei feliz!
Cordialmente,
Santiago
E eis que no dia marcado, todos os habitantes do jardim depositaram suas cartinhas num baú dentro do automóvel, onde se lia: Jardim de Alicinha.
Lanlan andava para frente e para trás da fila, advertindo: "Não se esqueça! Cada um só vai poder depositar uma cartinha! Ela tem que ser muito bem escrita e curtinha. Papai Noel já tem muitas cartas para ler!"
À noitinha as renas levaram o automóvel de volta para sua garagem. Agora, só sairia na noite mágica do Natal, quando o Menino Jesus ilumina o mundo com seu olhar cheio de amor.
No dia seguinte, mal Alicinha chegou no Jardim, Lanlan foi abordá-la.
-Alicinha, temos que começar a enfeitar nossa árvore de Natal! Você pode nos ajudar?
Alicinha concordou e começaram a confeccionar os enfeites, quando se lembraram de que, no ano anterior, a mãe de Alicinha havia plantado um lindo pinheiro perto da gruta dos santinhos. Era o local perfeito!
Lanlan marcou uma reunião com todos os habitantes do jardim, logo depois do café da manhã seguinte.
E assim foi feito. Cada um recebeu sua atribuição e a alegria era geral. Só o menino-aranha Santiago mostrava-se tristonho, pois achava que seu pedido era impossível de ser atendido.
Até a margarida Belinha e seu noivo Beija-Flor tentaram consolar o triste animalzinho, mas não tinha jeito. Ele estava desolado!
Enfim, chegou o grande dia! A árvore de Natal estava linda, com bolas coloridas e, à noite, uma miríade de pirilampos ficava em seus galhos para iluminá-la. Os bichos-da-seda trançaram lindos fios prateados para envolver, delicadamente, a preciosa árvore. Ah, Santiago confeccionou a teia mais reluzente que já se viu para envolver a árvore.
Alicinha iluminara a gruta que abrogava, agora, uma família sagrada: Jesus, Maria e José.
Depois de entoarem lindos cânticos, natalinos, em volta da árvore, fizeram saudações solenes ao Sagrado Menino, despediram-se e foram dormir. Sabiam que Papai Noelgostava de v^-los dormindo traquilos em seu leito de paz.
Entretanto, quando já era alta madrugada, foram despertados por uma melodia tão suane e tão linda, que todos se sentiram com uma grande ternura no coração. Viram, ao saírem de suas casas, as estrelinhas catoras que se dirigiam para a humilde moradia de Santiago. Este, por sua vez, ainda esfregava os olhinhos quando avistou que o próprio Papai Noel estava indo em sua direção. Deu um pulo de sua caminha de folhas, escovou os dentes rapidamente e começou a entoar uma linda canção para saudar Papai Noel, que já se apreximava de sua porta, com uma caixa nas mãos. Chamou todod os habitantes do jardim. Lanlan deu um jeito de chamar Alicinha, que logo apareceu. Então, Papai Noel passou a caixa para as mãos de Santiago e disse:
- Se você for mesmo sabido, vai logo entender o significado deste presente.
Santiago apressou-se a abrir a caixa e Papai Noel advertiu:
-Meu filho, abra esta caixa bem devagar e delicadamente. O presente que aí está reberá seus gestos mansos como um primeiro carinho.
No início, Santiago achou a caixa muito leve, mas depois disse:
- Aqui está uma chave! Já sei! Ganhei uma casa nova? Perguntou a Papai Noel. Com muita ansiedade um casal de borboletas saiu de dentro da caixa. Eram dona Clara e se Samir. Dona Clara foi logo dizendo, emocionadíssima:
-Sim, é a chave de sua casa nova, meu filho! De nossa casa!
-- Nosso pedido a Papai Noel, neste Natal, foi que nos desse um filhinho, falou acolhedoramente se Samir. E aqui está você!
Os três olharam-se longamente. E, daquele olhar, nasceu um grande amor.
Santiago suspirou profundamente e falou:
- Muito obrgado, Papai Noel! Mas ainda me resta uma tristeza: a de saber que nunca poderei abraçar meus pais. Minhas patinhas podem machucar suas asas. Além do mais, Papai Noel, vou lhe confessar uma coisa muito feia que ocorre comigo: toda vez que sinto medo, escorre da minha boca um líquido venenoso. Já pensou se eu envenenar... Não conseguiu acabar de falar. Caiu em prantos. Depois, recuperando o fôlego, cantou:
Oh, papai e mamãe queridos
Quero sentir o seu abraço.
Com os sofrimentos esquecidos
Descansar em seu regaço.
Mas tenho medo de magoar
Suas asinhas delicadas.
Meu pranto vai suavizar
Minhas patinhas afiadas, vai?
Papai Noel continuou sorrindo, enquanto todos os seres do jardim enxugava as lágrimas no cantinho dos olhos.
Seus pais também responderam cantando assim:
Nosso filho esperado
Pelo amor no coração
Na noite do Jesus amado
Vivemos tão grande enoção
Seu olhar nos trouxe a paz
Não há mais frio e não há dor
Com você vamos viver
Uma vida só de amor.
-Meu lindo menino, disse Papai Noel, quando eu vim para cá estava com a missão de trazer felicidade para você e para seus pais e não vou desistir dela, pois vou explicar-lhe o seguinte: se sempre houver amor entre vocês, jamais vocês machucarão um ao outro. Descanse, pois somente o amor é capaz de anular qualquer veneno e de exterminar todas as asperezas que houver no mundo... e em suas patinhas, é lógico. Vamos, sorria, enfim! Abrace seu pai e sua mãe agora.
O menino-aranha hesitou um pouco. - Vá, meu menino! Incentivava-lhe uma voz interior. Quando se ama, as diferenças não nos causam mais estranhamento nem dores.
Santiago, dona Clara e seu samir deram um longo abrago saboroso e necessário para selar aquela nova união. Agora, nunca mais haveria medo, solidão ou mau-humor. Santiago, dona Clara e seu Samir eram, finalmente, uma família feliz.
-Esperem um pouco, disse Santiago. - Mamãe, papai, venham aqui comigo.
Chegando os três juntinho da gruta, Santiago falou:
-Muito obrigado, Sagrado Menino! Sei que foi Seu infinito amor que conduziu Papai Noel a me deixar renascer no dia do Seu aniversário.
Houve um momento de fraterno silêncio.
Depois, Lanlan, muito emocionada, disse ao seu calanguinho alisando a barriga:
- Sabe, amor? Em breve teremos nosso calanguinho também!
Alicinha acrescentou:
- Mas também pode ser outra calanguinha filosofística que vem por aí.
Os habitantes do jardim começaram a abrir seus presentes, enquanto riam e gritavam:
-Feliz Natal!
Todos riram tão alto, que Deus escutou lá de cima e resolveu presentear-lhes com o mais lindo amanhecer que já se viu naquele jardim.
Foi aí que o urso Gabriel, jadineiro oficial daquele pedacinho de terra , recomeçou a fazer seu trabalho, dizendo para seu filhinho Flávio:
- A amizade e o amor também devem ser cultivados. Ainda mais um amor e uma amizade verdadeiros e especiais, como o amor e a amizade entre pais e filhos, que marcarão nossas vidas para sempre.
-Olá! Aqui estou outra vez! Como? Não se lembram de mim? Então Alice não mostrou para os amiguinhos a hostorinha que ela ganhou no ano passado? Ai! Acho que vou desmaiar! E se eu fica com algum problema psicolístico? Mas sou iguana forte. Sou madeira que cupim não rói. Pois é. Chamam-me Lanlan porque... Ah, deixa pra lá.
Música: Iguana Lanlan
Nan, nan, nan, nan, nan
Sou a iguana Lanlan.
Nan, nan, nan, nan, nan
Sou a iguana Lanlan.
A Lanlan dançou um tango
Lá na casa da cotia
Daí me chamam de calango
Dia e noite, noite e dia.
Nan, nan, nan, nan, nan
Sou a iguana Lanlan
Nan, nan, nan, nan, nan
Sou a iguana Lanlan.
Danço tango e danço samba,
Gosto de rock também.
Quem não sabe e não é bamba
Não sorri... e não ama ninguém,
Não sorri... e não ama ninguém.
Nan, nan, nan, nan, nan
Sou a iguana Lanlan.
Nan, nan, nan, nan, diz:
Ela é iguana feliz.
Moro aqui neste lindo jardim e sou assessora de Alicinha, sua proprietária, para assuntos jardinísticos. Posso dizer que sou a... A... Prefeita perfeita. É e não sou modesta, mesmo. Mas vamos ao que interessa. Estamos muito próximos do Natal e já começou o agito geral aqui no pedaço. A lesma Lentinha sai toda manhã e só volta à noitinha, levando cartas para Papai Noel. Está cansadinha, coitada. Ah! Mas ali vem Alicinha. Vou contar-lhe tudo!
- Alicinha! Alicinha! Bom dia! Você hoje está linda! Como diria o poeta ... O... Bem, você está respedente!
- Bom dia, Lanlan! E obrigada. O certo é resplandecente. Qual é o problema desta vez?
- Não é problemamão, Alicinha! Poxa, vocês, humanis, pensam que tudo é problema? Pois nós, bichinhos e plantinhas, lidanos com situações. As situações não estressam, não é? Os problemas, sim.
-Vamos lá, dona filósofa, diz Alicinha que situação temos que resolver hoje?
-Temos várias situações para resolver, mas a primeira é a da lesma Lentinha.
- Que há com ela? Esqueceu sua casinha atrás de alguma pedra?
- Não, não, Alicinha! Ela ainda milita no MCT.
- MCT? Pergunta Alicinha. Pode explicar melhor?
- É o Movimento dos Com Teto, ora!
- AH, então...
- Então é que ela já está cansada de tanto levar cartas para Papai Noel. Seus pezinhos estão inchados, coitadinha!
-Que podemos fazer, Lanlan? Todos os bichinhos e florezinhas do nosso jardim só confiam nela, exatamente porque ela é paciente e não perde nenhuma cartinha, doz Alicinha.
-Eu estive pensando, diz Lanlan, será que Papai Noel não poderia mandar seu novo carro para recolher nossas cartinhas?
-Nunca pensei nisso, respondeu Alicinha.
- Eu sabia! Só quem tem idéias geniais aqui sou eu!
- Sua calanguinha presunçosa, disse Alicinha.
-É que eu penso em saídas filosofísticas... Assim, nada é problema.
-Então, você tem minha permissão para escrever a Papai Noel, disse Alicinha escondendo o riso, mas cuidado com o que vai dizer.
Assim fez Lanlan: pediu e Papai Noel respondeu que atenderia a seu pedido. Todos os habitantes do jardim ficaram sabendo que Papai Noel mandaria seu carro novo no dia dezoito de novembro para recolher todas as cartinhas.
Alicinha e Lanlan ficaram felicíssimas e começaram a avisar a todo mundo para preparar suas cartinhas. Entretanto, depois que deramos avisos, perceberam que Santiago, o menino-aranha, começou a ficar tristinho e depois pôs-se a chorar de verdade. Logo ele que era tão ativo, prestava favores a todo mundo alegremente, fiava lindas reias que, ao sol, ficavam de todas as cores e, às vezes, douradas. Em noites de luar, o tecido finamente trançado por Santiago transforma-se em linda cortina prateada. Por que chorava assim, tão sentido?
-Choro assim em todos os Natais porque não tenho família. Enquanto todos cantam e se abraçam no Natal, eu fico quietinho, ensopando meu travesseirinho com lágrimas.
Lanlan olhou para um lado, olhou para outro e chamou Alicinha para cochichar-lhe ao ouvido:
- Agora temos um problema.
Alicinha respondeu: Os problemas só existem até que os enfrentemos e encontremos uma solução para eles.
Voltaram para perto de Santiago, alisaram sua cabecinha, mas ele não parava de chorar. Lanlan e Alicinha já estava com lágrimas nos olhos. Até que Lanlan sugeriu:
-Santiago, escreva para Papai Noel e peça a ele uma família! Este será seu presente de Natal!
Santiago parou de chorar e escreveu uma cartinha que dizia assim:
Querido Papai Noel,
Meu nome é Santiago, passo horas e horas ajudando a todos os animaizinhos e a todas as florezinhas deste jardim e só entro na casa das pessoas para levar-lhes lindas cortinas tecidas por mim mesmo e desejar-lhes boa sorte.
Embora me mostre a todos bem humorado, sou triste , muito triste, porque não tenho família.
Papai Noel, se o senhor me achar merecedir, dê-me uma família de presente neste Natal! Só assim serei feliz!
Cordialmente,
Santiago
E eis que no dia marcado, todos os habitantes do jardim depositaram suas cartinhas num baú dentro do automóvel, onde se lia: Jardim de Alicinha.
Lanlan andava para frente e para trás da fila, advertindo: "Não se esqueça! Cada um só vai poder depositar uma cartinha! Ela tem que ser muito bem escrita e curtinha. Papai Noel já tem muitas cartas para ler!"
À noitinha as renas levaram o automóvel de volta para sua garagem. Agora, só sairia na noite mágica do Natal, quando o Menino Jesus ilumina o mundo com seu olhar cheio de amor.
No dia seguinte, mal Alicinha chegou no Jardim, Lanlan foi abordá-la.
-Alicinha, temos que começar a enfeitar nossa árvore de Natal! Você pode nos ajudar?
Alicinha concordou e começaram a confeccionar os enfeites, quando se lembraram de que, no ano anterior, a mãe de Alicinha havia plantado um lindo pinheiro perto da gruta dos santinhos. Era o local perfeito!
Lanlan marcou uma reunião com todos os habitantes do jardim, logo depois do café da manhã seguinte.
E assim foi feito. Cada um recebeu sua atribuição e a alegria era geral. Só o menino-aranha Santiago mostrava-se tristonho, pois achava que seu pedido era impossível de ser atendido.
Até a margarida Belinha e seu noivo Beija-Flor tentaram consolar o triste animalzinho, mas não tinha jeito. Ele estava desolado!
Enfim, chegou o grande dia! A árvore de Natal estava linda, com bolas coloridas e, à noite, uma miríade de pirilampos ficava em seus galhos para iluminá-la. Os bichos-da-seda trançaram lindos fios prateados para envolver, delicadamente, a preciosa árvore. Ah, Santiago confeccionou a teia mais reluzente que já se viu para envolver a árvore.
Alicinha iluminara a gruta que abrogava, agora, uma família sagrada: Jesus, Maria e José.
Depois de entoarem lindos cânticos, natalinos, em volta da árvore, fizeram saudações solenes ao Sagrado Menino, despediram-se e foram dormir. Sabiam que Papai Noelgostava de v^-los dormindo traquilos em seu leito de paz.
Entretanto, quando já era alta madrugada, foram despertados por uma melodia tão suane e tão linda, que todos se sentiram com uma grande ternura no coração. Viram, ao saírem de suas casas, as estrelinhas catoras que se dirigiam para a humilde moradia de Santiago. Este, por sua vez, ainda esfregava os olhinhos quando avistou que o próprio Papai Noel estava indo em sua direção. Deu um pulo de sua caminha de folhas, escovou os dentes rapidamente e começou a entoar uma linda canção para saudar Papai Noel, que já se apreximava de sua porta, com uma caixa nas mãos. Chamou todod os habitantes do jardim. Lanlan deu um jeito de chamar Alicinha, que logo apareceu. Então, Papai Noel passou a caixa para as mãos de Santiago e disse:
- Se você for mesmo sabido, vai logo entender o significado deste presente.
Santiago apressou-se a abrir a caixa e Papai Noel advertiu:
-Meu filho, abra esta caixa bem devagar e delicadamente. O presente que aí está reberá seus gestos mansos como um primeiro carinho.
No início, Santiago achou a caixa muito leve, mas depois disse:
- Aqui está uma chave! Já sei! Ganhei uma casa nova? Perguntou a Papai Noel. Com muita ansiedade um casal de borboletas saiu de dentro da caixa. Eram dona Clara e se Samir. Dona Clara foi logo dizendo, emocionadíssima:
-Sim, é a chave de sua casa nova, meu filho! De nossa casa!
-- Nosso pedido a Papai Noel, neste Natal, foi que nos desse um filhinho, falou acolhedoramente se Samir. E aqui está você!
Os três olharam-se longamente. E, daquele olhar, nasceu um grande amor.
Santiago suspirou profundamente e falou:
- Muito obrgado, Papai Noel! Mas ainda me resta uma tristeza: a de saber que nunca poderei abraçar meus pais. Minhas patinhas podem machucar suas asas. Além do mais, Papai Noel, vou lhe confessar uma coisa muito feia que ocorre comigo: toda vez que sinto medo, escorre da minha boca um líquido venenoso. Já pensou se eu envenenar... Não conseguiu acabar de falar. Caiu em prantos. Depois, recuperando o fôlego, cantou:
Oh, papai e mamãe queridos
Quero sentir o seu abraço.
Com os sofrimentos esquecidos
Descansar em seu regaço.
Mas tenho medo de magoar
Suas asinhas delicadas.
Meu pranto vai suavizar
Minhas patinhas afiadas, vai?
Papai Noel continuou sorrindo, enquanto todos os seres do jardim enxugava as lágrimas no cantinho dos olhos.
Seus pais também responderam cantando assim:
Nosso filho esperado
Pelo amor no coração
Na noite do Jesus amado
Vivemos tão grande enoção
Seu olhar nos trouxe a paz
Não há mais frio e não há dor
Com você vamos viver
Uma vida só de amor.
-Meu lindo menino, disse Papai Noel, quando eu vim para cá estava com a missão de trazer felicidade para você e para seus pais e não vou desistir dela, pois vou explicar-lhe o seguinte: se sempre houver amor entre vocês, jamais vocês machucarão um ao outro. Descanse, pois somente o amor é capaz de anular qualquer veneno e de exterminar todas as asperezas que houver no mundo... e em suas patinhas, é lógico. Vamos, sorria, enfim! Abrace seu pai e sua mãe agora.
O menino-aranha hesitou um pouco. - Vá, meu menino! Incentivava-lhe uma voz interior. Quando se ama, as diferenças não nos causam mais estranhamento nem dores.
Santiago, dona Clara e seu samir deram um longo abrago saboroso e necessário para selar aquela nova união. Agora, nunca mais haveria medo, solidão ou mau-humor. Santiago, dona Clara e seu Samir eram, finalmente, uma família feliz.
-Esperem um pouco, disse Santiago. - Mamãe, papai, venham aqui comigo.
Chegando os três juntinho da gruta, Santiago falou:
-Muito obrigado, Sagrado Menino! Sei que foi Seu infinito amor que conduziu Papai Noel a me deixar renascer no dia do Seu aniversário.
Houve um momento de fraterno silêncio.
Depois, Lanlan, muito emocionada, disse ao seu calanguinho alisando a barriga:
- Sabe, amor? Em breve teremos nosso calanguinho também!
Alicinha acrescentou:
- Mas também pode ser outra calanguinha filosofística que vem por aí.
Os habitantes do jardim começaram a abrir seus presentes, enquanto riam e gritavam:
-Feliz Natal!
Todos riram tão alto, que Deus escutou lá de cima e resolveu presentear-lhes com o mais lindo amanhecer que já se viu naquele jardim.
Foi aí que o urso Gabriel, jadineiro oficial daquele pedacinho de terra , recomeçou a fazer seu trabalho, dizendo para seu filhinho Flávio:
- A amizade e o amor também devem ser cultivados. Ainda mais um amor e uma amizade verdadeiros e especiais, como o amor e a amizade entre pais e filhos, que marcarão nossas vidas para sempre.