Doce utopia amorosa edificada sob o exílio de um desalmado.
Estranhamente o dia não chega até mim, neste salão xadrez, bem iluminado pelo grande candelabro ao centro, no teto. Meus pecados do passado não definem minha personalidade e valores de agora, todavia ele define o motivo pelo qual estou cumprindo este castigo, exilado em um salão lindo como este. Esta beleza me apavora, pois foi o que sempre sonhei viver... junto de alguém e não desamparado. Sempre que me dou conta da idéia de que ficarei eternamente preso em meu sonho adulterado por minhas falhas passadas, as lágrimas caem de meus olhos, há muito cansados de estarem abertos.
O som de uma orquestra romântica, na qual sempre quis dançar contigo, sentindo vosso calor e apreço para comigo.
A arquitetura bela e romanceira, construída sob base de meus desejos poéticos para com vossa alma. Era tudo o que eu queria, ver-te passar por estes enormes portões erigidos por minha agonia, a cessando, com vosso vestido preto de rendas bordôs que usara no dia de nosso último beijo. Pousar vossa mão delicada como a rosa que eu te dera, em meu rosto, fitar-me com teus lindos olhos cor de âmbar, exalando teu perfume onírico que me leva ao mais doce dos devaneios e com tua voz, há muito impregnada à minha mente, convidar-me a dançar sob o som destes pianos e violinos apaixonados. Dançariamos até nossas almas saírem de nossos corpos e repousarem eternamente nas estrelas, que tão possuem o brilho de vosso sorriso. Como eu sinto vossa omissão, querida Abigail. Minha necessidade de te ver me faz sentir teu cheiro e ouvir tua voz ecoar por entre as notas dos instrumentos.
"Obrigado, por me dizer tais palavras, querida esquizofrenia"