Julma satu - Conto de fadas cruel

O garoto sorria em meio às flores do jardim, brincava com os pássaros, sorria para o céu e corria incansavelmente para além do limite da visão, quebrando horizontes, desvendando lugares ainda desconhecidos.

O garoto admirava o rio em toda sua extensão e cada vagalume que por ele passava. Sorria sempre, cantava sempre.

Um dia percebeu que estava crescendo, e aprendeu isso com a dor. O rio secou, as flores murcharam e seu sorriso também. O céu enegrecido cobria a paisagem como um véu cobre o rosto da viúva. Breu, enfim era tudo breu e percebeu que já não tinha vida, apenas breu. O brilho dos seus olhos tinha sumido dando lugar a superfície cega e opaca e ele agora se curvava de dor e agonia. Ele sabia por quê. Não poderia mudar. Ninguém poderia vir em seu socorro. Estava só.

A poeira seca do que um dia tinha sido um jardim agora sujava seu rosto, nada restava além do pó dos seus melhores sentimentos.

Ele tinha descoberto o amor.

Tinha sangrado cada gota.

Tinha sobrado apenas breu.

Julma satu
Enviado por Julma satu em 04/12/2012
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