Sozinha

Abri a caixinha de musica à única coisa que havia sobrado a única coisa inteira que existia ali. Uma bailarina lentamente foi saindo de, e melodiazinha começou, e ela rodava ao mesmo ritmo que melodia.

Eu usava o mesmo vestido daquela noite, com rendas e flores, tudo tão belo... Mas agora, já nem se podia distinguir a cor. Meu vestido que outrora fora branco agora, era uma mistura de poeira e sangue, o que tornava a cena ainda mais angustiante.

Comecei então a dançar e rodar assim como a pequena bailarina da caixinha de música... Eu dançava e rodava naquela destruição, descalça suja e com os cabelos desgrenhados. Havia sangue no meu vestido... E o sangue era meu, e o que eu simplesmente fazia? Dançava, rodopiava e pulava. Era a única forma de não sentir o vazio, de não sentir a dor que me destruía...

Perdida, eu estava perdida.

E alguém ligava? Para o meu martírio desonrado. Alguém ligava para meu sangue que escoria gota a gota lentamente a cada segundo?...E a mancha no meu vestido ia aumentando, e eu ficando ainda mais fraca.

Alguém ligava? Ou melhor, havia alguém ali, que pudesse me achar?

Então parei e olhei a destruição ao meu redor... Cada coisa era testemunha da minha queda ...da minha destruição .

Cada pozinho cada caco de vidro, estava tudo lá no começo. Mas estava inteiro , e assim como eu , que agora , estou aos pedaços...

Deitei em meio aquela destruição, e me machuquei mais e mais... Mais sangue escorrendo, mais de mim indo embora. Ate quando iria aguentar? Quanto mais sangue isso iria me custar?

Gostaria de terminar com tudo... Todo sofrimento... Morrer poderia ser então a saída?

Seria eu então capaz de me deixar ser um corpo apodrecido em meio aos destroços.

Serial eu capaz de morrer e se esquecida aqui... Serial eu capaz de tirar minha própria vida?

Não, as minha ultimas esperanças simplesmente não me deixaria fazer isso... Era estranho e engraçado como poderia?... Eu já estava perdia, mas havia em mim um pedaço que não aceitava aquilo como um fim, apesar de todas as evidências... Apesar de toda a minha decadência, apesar deu simplesmente não saber como seria o amanha, e se o sol nasceria de novo para mim, ou se o frio da noite iria fazer minha pulsação se congelar... Havia um lado de mim que me mantinha respirando...

E eu respirava e sangrava... A bailarina continuava a dançar... Eu respirava e sangrava... Morrerei eu aqui? Não saberia a resposta... Mas me matar nunca... Isso seria desistir... E isso não faz parte de mim...

Mariana Lopes
Enviado por Mariana Lopes em 11/09/2011
Código do texto: T3213881
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