Por que, não?

O vidro de remédio como sempre está me tentando... o médico mesmo já dizia: ''Tome apenas três gostas, então você irá dormir e quando acordar estará bem melhor, ok?'' parando um pouco para pensar eu respondo sem ânimo: ''Tudo bem.'' ao dizer isso forço um sorriso frio, como tantos que já precisei mostrar antes... os dias se arrastaram e eu como sempre fiquei para trás, pois as pessoas riam, viviam, se divertiam e eu? Eu ficava ali o tempo todo deitada naquela cama sem forças para nada eu já não conseguia ao menos forçar aquele sorriso! Com o tempo as coisas foram ficando insuportáveis, pois a minha relação com meu pai pirou, a cada dia que se seguia minha mãe se tornava mais distante de mim, meu irmão parece que sentia prazer em me magoar e até a minha avó que me chamava de ''Princesinha.'' Me feriu sem sem hesitar...

Hoje eu não vejo nenhum motivo para continuar, pois até a escola perdeu a graça pra mim e olha que eu sempre fui uma aluna super esforçada, mas agora perdi até a vontade de escrever... o mundo ficou cruel demais pra mim! Eu queria apenas poder sumir, sabe? Desaparecer... como o sol. Mas eu não posso fazê-lo então o que me resta, hein? Chorar? Não... não tenho mais lágrimas estou seca! A vida me destruiu? Não, não EU mesma me encarreguei de fazer isso, quando deixei que as pessoas me machucassem, mas agora o que restou dem mim? Apenas mais um corpo triste jogado em uma cama bagunçada... ao meu redor só ouço gritos: ''Levante-se!'', ''Você é um desgosto!'', ''Eu não te amo!!!''. Droga, nem eu me amo! Sou deprimente! Minha cabeça dói... sem amigos, sem nada! Essa sou eu! Tenho apenas um fiél companheiro, ele sim, nunca me abandona, mas apenas três gotas dele já não satisfaz... eu preciso de mais, eu quero mais! Então, olho para o meu ''Querido vidrinho.'' E lá está ele, tentador como sempre... se com três gotas eu já apago... o que acontecerá se eu virá-lo por completo em minha boca? A morte virá me abraçar, pois que venha! Não tenho medo da morte, mas sim da sua amiga chamada ''V.I.D.A'', ela sim me assusta!

Já cansei!!! Ouço então os últimos gritos: ''Eu te odeio!''... ''Você é lamentável!''... ''Faça alguma coisa da sua vida!''. Fazer alguma coisa da minha vida? Se é que posso chamá-la assim... então eu farei! Olho para o vidro de remédio pela última vez... e digo para mim mesma...

''Por que, não?''