O Pedido
Ela era o amor da minha vida. Sabia que não poderia viver sem ela, mas o maldito ciúme me cegava.
Embora soubesse do amor dela e de sua fidelidade, o simples pensamento de perdê-la ou imagina-la com outro homem me enlouquecia.
Foi justamente a loucura do ciúme que nos afastou, ao contrário do que pensava não perdi minha amada para ninguém, mas sim para mim mesmo.
Cansada de meus desmandos de “macho” e das minhas ofensas sem sentido ela resolveu partir.
Decidiu ir ter com a família que morava no litoral, comprou passagem para o outro dia.
Eu com meu orgulho ferido, sozinho, percebi o quanto estava errado.
Peguei o carro e fui até a cidade onde ela encontraria a família. Logo que ela chegasse iria encontrá-la, pedir perdão mais uma vez e falar do meu amor.
Prometi para mim mesmo que nunca mais iria desconfiar dela.
Parei na praia, desci e contemplei as estrelas. O mesmo céu, o mesmo mar que admiramos juntos...
Meu coração ficou apertado. E se ela não me perdoasse? E se desta vez eu tivesse ido longe demais?
Ajoelhei e pedi com todas as minhas forças que ela voltasse! Que os céus ou o inferno atendesse meu pedido.
Eu queria aquela mulher de volta, de qualquer jeito.
Neste momento, da janela do ônibus ela olhava para o nada, nem percebia que já estava chegando ao seu destino. Ela apenas ouviu uma freada. Sentiu o veículo balançando, seu corpo sendo arremessado contra o vidro, depois a escuridão do mar...
O ônibus perdeu o controle, despencou da ponte e caiu na água.
Muitos feridos, alguns mortos. Todos os corpos foram encontrados, menos o dela.
Eu esperava alguma notícia. No segundo dia, já sem esperanças fui àquela mesma praia.
Caminhei em direção ao píer onde costumávamos ficar, porém antes de alcançá-lo algo perto da água chamou minha atenção.
Corri até lá, um corpo jazia na areia molhada.
A visão do cabelo comprido fez minha alma gelar.
Tirei as mechas negras do rosto pálido e abracei o corpo sem vida.
Nunca mais iria desconfiar dela.
Ela tinha voltado para mim.