Et Verbo Caro Factum Est
Aqui está a transcrição, não fiel, do conto recitado pelo padre José María da Fraternidade Sacerdotal São Pio X na homilia da Santa Missa de Natal.
https://www.youtube.com/watch?v=ABAUAZIP-LI
A noite fria já ia às altas horas quando um vulto com proporções maiores do que as de uma pessoa comum, cruzava as ruas enlameadas da cidade. A mendiga andava devagar, por causa do peso da amargura, por isso escondia o rosto com um capuz velho e carcomido pelo tempo. Quem conseguisse enxergar suas feições se horrorizava com a feiura, até as crianças corriam dela com medo, após sua passagem, exalava um odor fétido. Ela, porém não se importava e seguia na direção da estrela que iluminava a rua do vilarejo.
Ao chegar no humilde estábulo os pastores que lá estavam voltavam-se para a figura repugnante parada à porta.
A velha caminhava lentamente até a manjedoura, ninguém ousou interromper seus passos, ao contrário, se afastavam. Uns com medo, outros com nojo. O pai, sempre zeloso, pensava em se colocar na frente para impedir que a velha chegasse mais próximo de seu Filho, mas a mãe do Menino o olhou com ternura e confiança, permitindo que ela viesse.
A velha se reclinou para o Menino e sussurrou algumas palavras, depois tirou de seus vestidos sujos um objeto vermelho e o depositou ao lado do Menino.
A criança a olhou dentro dos olhos, com sua pequenina mão segurou o dedo da velha e sorriu.
A mulher se levantou, agora já rejuvenescida, sem o peso da culpa e da amargura que trazia consigo por ter perdido a herança que seus filhos tinham direito.
Ela não mais andava curvada e nem fedorenta, mas ia embora em silêncio, com os olhos lacrimejantes.
Antes que ela saisse do estábulo, a mãe do Menino chamou:
— Mãe!
A mulher se voltou para Maria e respondeu:
— És tu a bendita por toda eternidade. Seu Filho me perdoou.
Na manjedoura o presente que ela deixou foi a maçã que carregava desde o Eden.
Autor Desconhecido