NICOLAI LEON E O FABULOSO TRENÓ A VAPOR

No ano de 1644 em uma região localizada entre o leste da Europa e o norte da Ásia, um homem ficou conhecido por seu incrível invento. Seu nome era Nicolai Leon, um velho relojoeiro que vivia solitário em seu chalé. Ele foi um homem extremamente talentoso, um criativo inventor, e sua principal especialidade era construir belíssimos relógios de bolso. Ganhava a vida consertando os relógios das igrejas, relógios cucos, e qualquer tipo de relógios que levassem para ele. Nicolai costumava fabricar pequenos relógios de bolso que guardava para presentear as crianças da sua rua na noite de Natal.

Com o passar dos anos, as crianças foram crescendo e por fim, todos já possuíam um relógio fabricado e presenteado pelo velho relojoeiro. Durante uma noite de intensa nevasca, Nicolai contemplava o fogo na lareira enquanto bebericava uma boa vodka em sua poltrona; ele ficou imaginando como seria bom sair e visitar todas as cidades da região a procura de crianças para presentear com seus relógios. Resolveu que fabricaria muitos relógios durante o ano e estocaria para distribuí-los na noite de Natal. Porém, para realizar tal feito, precisaria antes inventar um veículo que viajasse com facilidade por toda aquela região que ficava coberta de neve. O velho relojoeiro ficou empolgado.

No outro dia, na sua oficina, Nicolai começou a trabalhar no seu projeto. Separou peças, ferramentas e um antigo trenó que estava abandonado nos fundos do seu velho celeiro. Trabalhava com seus relógios durante o dia e a noite dedicava-se ao projeto do trenó. Meses se passaram enquanto o velho inventor só pensava em concluir o veículo. Ele estava determinado e a invenção começava a ganhar forma. Logo, faltavam dois meses para o Natal e a neve já se acumulava por todo lado. A invenção estava praticamente pronta; estava na hora de fazer um teste.

Nicolai conhecia bem as leis da termodinâmica e criou uma complexa máquina térmica. Ele reforçou e ampliou a estrutura do seu antigo trenó e instalou um motor a vapor que colocaria o veículo em movimento. A incrível máquina era composta por propulsores projetados para despejar grande pressão utilizando a neve para produzir vapor. O sistema central era uma caldeira alimentada por resina extraída da madeira dos abundantes pinheiros que cresciam por toda parte. Turbinas a vapor se projetavam na traseira do trenó. E, além disso, Nicolai adaptou na carroceria do trenó enormes asas retrateis e uma cauda, com a intenção de fazer o trenó voar. O projeto era robusto.

Engrenagens, manivelas, alavancas, relógios, hastes de metal articuladas e êmbolos formavam o corpo tecnológico do trenó. Nicolai encheu um compartimento cilíndrico com neve e abasteceu a caldeira com um balde cheio de resina cristalizada extraída da madeira de pinheiro e fechou a portinhola. Girou com força uma manivela que fez o motor estralar e acender uma chama dentro da caldeira. Apertou um gatilho de aço, movimentou algumas alavancas e toda a máquina pareceu ganhar vida. As engrenagens começaram a se mover; umas giravam devagar e outras de maneira veloz. A invenção de Nicolai emitia um som agradável que lembrava o “Tic Tac” de um relógio.

O velho relojoeiro Nicolai Leon sentou-se na cabine de controle, abriu uma válvula e as turbinas traseiras liberaram uma sonora pressão de vapor. Em seguida, puxou lentamente o manche principal e o trenó começou a se mover, deslizando suave sobre a neve. Ao acionar os propulsores laterais de estabilização, soou o apito da cúpula da caldeira, o trenó ganhou grande velocidade, enquanto as válvulas de escape esguichavam vapor de alta pressão. As pessoas da vizinhança correram para ver o que era aquilo e se alegraram ao ver Nicolai a bordo da engenhoca e acenando para todos. Era fascinante a invenção do velho relojoeiro. Todos aplaudiam.

O show ainda não tinha acabado e Nicolai resolveu adicionar mais emoção àquele momento. Ele virou uma chave e puxou uma longa alavanca. Algumas engrenagens pararam de girar; o apito da cúpula da caldeira soou novamente e então as asas retrateis se abriram, projetando-se lateralmente até que ficassem totalmente esticadas e rígidas. Nicolai abriu uma espécie de torneira de metal no painel de controle e uma língua de fogo saiu das turbinas traseiras, que mais pareciam maçaricos gigantes. O velho relojoeiro puxou o manche com firmeza para trás e incrivelmente o trenó levantou voo. Incrédulas, as pessoas da cidade assistiam aquela cena. Aquilo não era um sonho; o que viam era realmente uma máquina voadora.

Nicolai Leon sabia o que estava fazendo; era um homem muito inteligente. Durante alguns minutos ele sobrevoou a região com seu trenó a vapor; queria compreender o funcionamento da sua invenção. A máquina era perfeita. O velho relojoeiro se sentiu grato por ter conseguido construir o trenó voador a tempo de presentear as crianças no Natal. Tinha estocado uma grande quantidade de relógios de bolso. Só precisava se preparar. Aterrissou o trenó que deslizou suavemente na neve. Reposicionou a longa alavanca, virou a chave e as asas do trenó se recolheram. Quando parou em frente ao seu chalé, uma multidão se formou ao redor da máquina fantástica. Todos queriam ver de perto o fabuloso trenó a vapor. Ali havia começado a história de Nicolai Leon.

No dia do Natal, Nicolai instalou lampiões no trenó, para que também pudesse viajar durante a noite. Ele pretendia visitar muitas cidades e entregar seus presentes. No compartimento de carga do trenó guardou um enorme saco cheio de relógios de bolso. Abasteceu a máquina com neve e com resina de pinheiro na caldeira; e tinha bastante para uma longa viagem. Nicolai Leon resolveu que deveria se vestir de uma maneira diferente, para que todos o reconhecessem; e decidiu usar botas pretas, calças e casaca vermelha e uma bela cartola também vermelha. Sua vestimenta lhe caia muito bem, combinando com sua longa barba e cabelos brancos.

A bordo do seu trenó a vapor, Nicolai Leon percorreu todas as cidades da região... Hora deslizando, hora voando; e assim, muitas crianças ganharam o seu presente. Desde então, a notícia sobre um velho bondoso vestido de vermelho e a bordo de um incrível trenó a vapor correu por todos os cantos, deixando adultos e crianças ansiosos por uma visita do bom velhinho. Todos os anos, no Natal, Nicolai viajava em seu trenó visitando e presenteando mais e mais crianças. O velho relojoeiro e inventor passou a ser conhecido como Noel, o sobrenome de Nicolai de trás para frente. Por causa dele, quando se falava em Natal, era impossível não se lembrar de Nicolai Leon e o fabuloso trenó a vapor.

Adriano Besen
Enviado por Adriano Besen em 21/12/2021
Código do texto: T7412211
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