Um, dois, três... Vamos Noel! - disse o duende Toddy, apressando Papai Noel.
— Hô, hô, hô!  Já vamos Toddy, mas por que tanta pressa? Hô, hô, hô! Ainda temos a noite toda! Hô, hô, hô!

— Ora, Noel! De acordo com as coordenadas do ano passado e retrasado, os presentes atrasaram! Será que já não é hora de trocar de transporte? Conheço alguns lugares onde poderíamos resolver o problema rápido, rápido - sugeriu Toddy. 
— Inclusive, continuou – tem um local aqui perto onde podemos encontrar bolha mágica.

 Papai Noel não gostou muito da ideia, mas pensaria se trocaria as renas. Depois do Natal, é lógico.

 Ainda com a cabeça na proposta de seu assistente, Papai Noel foi recontar as renas, apesar de seu duende já tê-las contado. Terminada a recontagem, Noel pegou todos os presentes, colocou-os em seu grande e pesado trenó e subiu nele. Imagine só! Pobres renas, não?

— Hô, hô, hô! Feliz Natal para tooooo... — Boi azul! 
 Papai Noel quase caiu do trenó e por pouco as pobres e cansadas renas não arriaram de vez.

 Oh, não! Seria o fim do Natal? 

Passando a mão pela barba branca, Papai Noel raciocinou: “Se ainda temos doze horas para o Natal chegar e existem outras formas de transporte, eu posso trocar as renas por uma bolha de bom porte”!

— Hô, hô, hô! Toddy! Leve-me ao local sobre o qual me falou! Temos doze horas para escolher uma boa bolha! Hô, hô, hô!
— Sim, Noel! – concordou Toddy, muito animado, afinal, iriam salvar o Natal, não é?

Ao chegarem ao tal lugar, um duende chamado Arrouba, mostrou-lhes uma bolha do melhor sabão mágico e pediu que Papai Noel a testasse.
Papai Noel subiu na grande e leve bolha e disse:
— Hô, hô, hô! Vamos macia bolha, temos brinquedos a entregar! 
E com um impulso rápido, a bolha voou... Baixo? Aliás, bolhas não voam! Só são levadas pelo vento! 

Noel suspirou e logo depois largou a bolha com um olhar desanimado.
— Não tema, Noel! Acharemos outra solução! – disse Toddy, enchendo Papai Noel de esperanças! 

Enquanto isso, meia hora já havia passado, e a bolha, dado errado, mas Noel, cheio de esperanças, pensou novamente: “A bolha não deu certo e o Natal já está perto! Boi azul! Que eu faço agora? Um roupão mágico teria o Berto?”

Berto era um duende cheio de estilo do mundo dos Elfos. Como ele sempre tinha novidades quentíssimas, Papai Noel resolveu arriscar uma passada em seu ateliê.
 Avante, Papai Noel! Salve o Natal!

Papai Noel chegou a uma vila do Polo Norte, onde encontrou a assistente de Berto, uma moça que ajudava na venda de roupões mágicos.

— Oi, Marilisa, onde está o Berto? Preciso urgentemente de um roupão mágico.
— O Berto não está!Foi para um desses desfiles com roupas normalíssimas. Não sei o que deu nele para fazer uma coisa dessas!
— Desfile é? Então me vê aí um roupão mágico tamanho extremamente grande. 
— Aqui está!
Marilisa era uma garota meiga, com mais de cinquenta mil anos que vivia para vender roupões.
 — É para Noel? – disse com uma voz meiga e delicada, típico de garotinhas de cinquenta mil anos ou mais.
 Papai Noel experimentou o roupão, mas não sabia como aquele pedaço enorme de roupa o ajudaria na entrega dos presentes, então perguntou a Marilisa:
— Como se usa esse treco
— Esse “treco” se usa assim: Primeiro você veste o roupão e depois pensa no que quer fazer e pronto! Está feito! 

Porém, havia dois probleminhas: O peso máximo de pensamento que o roupão extremamente grande aguentava era de cinco gigacérebros e o outro era o “precinho” do roupão mágico.

Noel pensou de novo: “Esse roupão está muito caro e só de pensar no preço eu me abalo. Oras bolas! E agora? Será que uma vassoura me levaria embora?”. 

— Oh, Toddy, será que o Natal já era?
— Mas é claro que não! Vamos rápido! Para a loja da bruxa!
— Bruxa? Você está maluco, Toddy?
— É o que veremos! – disse Toddy, andando em direção à outra loja, perto dali, só que um pouco bem mais distante, e mais, e mais...

— Não chega nunca?! - perguntou Noel dando um susto em Toddy.
— Aiii! É logo ali, Noel!
— Você disse isso há vinte minutos.
Alguns quilômetros depois...
— Chegamos! Viu só? Até que não é tão longe!
— Você jura?  - retrucou Noel, olhando para um lugar terrivelmente sujo e gosmento... BLERG!

Antes mesmo de baterem, uma bruxa de cabelos anelados da cor da noite usando um vestido comprido da mesma cor, abriu a porta e perguntou:
— Em que posso ajudá-los?
Papai Noel e Toddy se olharam. Sinistro!
— Procuramos uma vassoura - disse Papai Noel.
— Vassoura?
— Isso.
— Então, vocês querem uma vassoura?
— Queremos.
— Mesmo?
— Dá pra dar logo a bendita!? - perguntou Noel, já irritado com todo aquele laiá.
— Temos vassouras azuis, vermelhas, verdes e... — Estou brincando! Tome, veja essa! 
Papai Noel havia dado de cara com uma vassoura que ele tinha em casa.
— É Isso?
— É.
— Essa criatura é a tal? Isso voa?

 Ora, mais respeito! - disse a bruxa enfurecida, enquanto acariciava a  vassoura :
 — Não foi o que ele quis dizer fofinha, pronto, pronto...
— Ah, ninguém merece!

Pobre Noel! Estava perdido! Ninguém entendia o que ele queria! 
 “Boi azul! A vassoura não deu certo de jeito nenhum! Acho que eu preciso de um pó mágico!Será que alguém tem um pouco em seus calçados?”. 

— Calçados, Noel? - perguntou Toddy.
— É! Algum problema? E desde quando você começou a bisbilhotar meus pensamentos?
— Não estava bisbilhotando coisa alguma, mas... Que riminha sem-vergonha, não?
— Não.
— Não o quê?
— A minha rima não é sem vergonha!
— Foi algo meio... Sutil.
— Sutil? Você sabe o que isso significa?
— Bem, eu sou um duende e duendes são bem melhores com rimas.
— Ah, não são não!
— São sim! Quer ver só?”O Natal já está chegando e Papai Noel só está enrolando”.
— Meu filho, se seu objetivo era me dar uma rima, isso aí que você disse é um esculacho, né não?
— Vou fingir que não ouvi isso.
— Hum, hum – resmungou a bruxa. —Vocês vão ou não querer a vassoura?
— Não!  - responderam Toddy e Noel ao mesmo tempo.
— Então tá!  - disse a bruxa colocando-os para fora da loja.
— Então Toddy, mais alguma ideia brilhante?
— Na verdade, sim! Vamos para Hamsterland!
— Hamsterland? Não é lá onde o Chapéu mágico mora?
— Isso mesmo, Noel! E se a gente se apressar, quem sabe consegue chegar na hora do chá!
— Fazendo rimas Toddy!?
— Duendes são mais que criaturinhas bonitinhas,viu?  - disse Toddy todo cheio de si.
— Bonitinhas? Quem disse isso, sua mãe?
— Poxa Noel...
— Hô,hô,hô! Deixe de conversa mole Toddy! Para Hamsterland!
— Está certo, mas que eu sou bonitinho, eu sou sim!
— Claro, claro...A propósito, já sei o que vou te dar de presente de Natal.
— Oba, e o que é?
— Um belíssimo espelho!
— Ah, Papai Noel! Não tem graça!
— Hô, hô, hô! Como não!? Estou rindo tanto!

E assim, nesse clima de camaradagem, Papai Noel e Toddy seguiram a caminho de Hamsterland.
 
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Hamsterland, um lindo lugar! Com suas montanhas verdejantes, águas cristalinas, pássaros canoros...
Chegando lá, Papai Noel foi logo acordando o Chapéu Mágico, que estava tirando uma soneca.

— Quem ousa me acordar na véspera de Natal? Papai Noel?
— O próprio.
— Noel! Trouxe o verniz que eu pedi?
— Na verdade o caso é outro...
— Ah, entendi, você trouxe creme hidratante, não é?
— 
Não, é que minhas renas estão velhas e cansadas e não conseguem me levar mais. Então procurei outra solução, bolhas, roupões, vassouras...
— Aham! Disse o chapéu sem entender bulhufas.
— Qual é a tua!  - disse Noel para Toddy que não parava de puxar a manga de seu casaco.
— Você se esqueceu do “pó mágico”!
— Pó mágico! Caramba! Ainda existe isso? Há, há, há!  - disse o chapéu.
— Não vamos começar de novo! Chapéu me explica logo o que fazer da vida eterna que eu tenho!
— Noel, tenho que perguntar uma coisa:  Do que você está falando?
Papai Noel deu um longo suspiro.  —Vou contar...

 Noel passou então a contar todo seu problema e todos os percalços até ali.
— Pois então percorreu esse caminho porque todo ano leva renas para entregar os presentes e desde o ano retrasado os presentes demoraram pra chegar - afirmou o chapéu.
— Atrasaram - disse Toddy.
— Dá na mesma! - retorquiu o chapéu.
— Já vai começar! - ralhou Noel.
— Bom, continuando, e espero sem interrupções, os presentes demoraram a chegar provocando toda essa comoção! E o que seria das crianças sem seus presentes? O que seria dos filhotes de hamsters sem seus brinquedos? O que seria de mim sem o meu verniz... Quero dizer, sem Papai Noel!?
— Tem razão!
— Viu, ele me deu razão - disse o chapéu olhando para Toddy. — E - continuou o chapéu antes que Toddy dissesse alguma coisa – o que seria de Papai Noel sem as renas?
— Mas elas estão velhas e cansadas!
— Nada que um bom pó mágico não resolva. Além do mais esse negócio de velho e cansado é relativo – disse Toddy, para a surpresa de todos.
— Como é que é? - falou Papai Noel com cara de poucos amigos. — Quer dizer que você sabia sobre o pó mágico o tempo todo e mesmo assim me atazanou para eu mudar de transporte?
— Bem, vejamos, não é por aí; afinal os tempos são outros e é preciso acompanhar o progresso...
— Progresso, hein!? Então vejamos como você vai se sair na busca ao pó mágico!
— Essa eu também quero ver!  - disse o chapéu.
— Ora, não pirraça! Vou agora mesmo para a Terra do Nunca encontrar a Sininho. Certamente ela me dará um pouco de pó mágico. 
Toddy nem ao menos esperou a permissão de Papai Noel e foi logo saindo.
— Terra do Nunca? Sininho? Foi isso mesmo que ele disse Chapéu?
— Foi isso sim, Noel.
— Oh, não! Vou atrás daquele maluco! Somente um tolo iria assim para um local desses pedir pó mágico!  Gostaria de ir comigo, Chapéu?
— Tenho que ver com o prefeito. Afinal, Hamsterland não pode ficar sem seu morador mais ilustre.
— A modéstia não é seu forte, não é Chapéu?
— O que a modéstia tem a ver com isso?
— Deixa para lá! Preciso salvar o Natal e entregar os presentes para as crianças.
— E para mim!?  - perguntou o Chapéu mágico.

Vou pensar no seu caso! 

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Papai Noel saiu em busca de seu duende Toddy, torcendo para encontrá-lo antes do Capitão Gancho, que de muitos tempos para cá só ganhava carvão!
Ele não se conformava com a imprudência de seu assistente.
A Terra do Nunca não era um local muito seguro. Mesmo com a vigilância de seu amiguinho Peter, o Capitão Gancho sempre estava aprontando alguma coisa. Sem falar naquele jacaré...

 — Papai Noel, ei, não está me ouvindo? Plaft! — Ei, cuidado comigo!
  — Que mosca chata!        
  — Que mosca que nada! Não me reconhece mais?
Papai Noel estava tão distraído que quase mandou para longe a coitada da Lollipop pensando tratar-se de uma mosca.
— Lollipop!? É você mesma? O que faz tão longe do Reino das Fadas?

Xiii Papai Noel! Você nem imagina a confusão que está por lá.
Estão 
dizendo que não haverá Natal neste ano por que não tem renas para puxar o trenó e ninguém sabia informar onde o senhor estava.
E você resolveu fugir e deixar a confusão para os outros consertarem?Que coisa feia!
Nada disso Noel! Eu fui enviada pela Rainha das fadas para procurar você! Afinal, você poderia estar precisando de ajuda!
Nossa! Quantos verbos numa frase só!
Isso é sério Noel! Tudo está uma imensa confusão!
Tudo bem! Então vamos rápido atrás do Toddy. Ele está a caminho da Terra do Nunca para pegar um pouco de pó mágico para minhas renas.
Pó mágico? Na Terra do Nunca? Mas não é lá que tem pó mágico!
Sei que não vou gostar da resposta, mas lá vai a pergunta: — Onde tempó mágico e por que não é lá?
Em primeiro lugar, o pó mágico só é encontrado na Montanha Encantada e em segundo, nunca teve pó mágico na Terra do Nunca. A Sininho o consegue no Reino das fadas que por sua vez...
Conseguem o pó mágico na tal Montanha Encantada. – completouPapai Noel. — E onde é isso?
Depois do Vale dos pássaros, a oeste do Mar de fogo.
Ou seja, do lado oposto à Terra do nunca.
Isso mesmo!
Então vamos, pois o tempo está mais que curto.
Mas Noel, a Montanha Encantada é para o outro lado!
Eu sei, mas antes temos que ir atrás do Toddy.
Se formos atrás dele não conseguiremos chegar antes da primeira estrela aparecer no céu e o Natal estará perdido!
Neste caso teremos que dar uma parada na caverna temporal e pedir a ampulheta mágica emprestada para o guardião Temporino.
E vai dar tempo de fazer tudo isso?
Com a ampulheta, creio que sim!
De qualquer forma o tempo é 
relativo, principalmente na época de Natal.Não se preocupe Lollipop! Com ou sem a ampulheta salvaremos o Natal. Confie no espírito natalino!
                
Lollipop sabia que existia magia no Natal, era óbvio, mas mesmo assim ainda temia a falta de tempo cronológico no mundo dos homens. Será que havia diferença entre o tempo no mundo encantado e o dos humanos? Ela achava que sim e só esperava que eles chegassem antes da estrela do Natal cruzar os céus.

  — Mas Papai Noel – insistiu Lollipop – então por que estamos indo buscar a ampulheta?
   Papai Noel deu um sorriso maroto. — Não custa nada prevenir, não é mesmo?
 
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Devia ser por aqui! Ou será que eu deveria ter entrado naquela bifurcação antes da cachoeira nebulosa? Oh não! Acho que estou perdido!

Toddy não sabia onde estava e nem para onde deveria seguir. Estava muito escuro naquela parte da floresta e os contornos horripilantes das árvores estavam deixando-o nervoso. De repente, sentiu um arrepio nas costas e os cabelinhos da nunca foram ficando arrepiados, muito arrepiados.
Isso não é bom! Não é bom! Ai caramba!
Toddy estava tão assustado que não se atrevia a olhar para trás e nem se mexer. O arrepio nas costas foi ficando mais intenso e um frio congelante começou a endurecer suas pernas.
Será que eu deveria dar uma olhada? Só uma olhadinha de nada?
Toddy precisava tomar uma decisão e, virando lentamente a cabeça para trás, ele viu, de relance, uma luz em zig zag se aproximando lentamente em sua direção.
Estou frito!
Foi o último pensamento que Toddy teve antes de desmaiar.
 
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— Eu não acredito nisso!
Papai Noel não parecia muito satisfeito com o que via a sua frente.
— Aquele lá não é o Toddy?
— Parece que sim - disse Lollipop. — Estou voando em zig zag para ver se consigo um ângulo melhor de visão.
— Só pode ser ele mesmo! Onde já se viu! Todo mundo preocupado com o Natal e esse folgadão dormindo numa boa!

Lollipop se aproximou mais e pôde ver com absoluta certeza: Toddy estava dormindo a poucos metros a frente deles.
— Nossa Noel! Será que ele andou bebendo néctar das flores em excesso? Dá uma moleza...
— Para o bem dele espero que não. Além do mais, ele sabe muito bem que não deve beber em serviço.

Chegaram finalmente onde Toddy estava deitado. Papai Noel estava rubro de raiva.
— Acorde seu folgadão!
Papai Noel jogou gotas de orvalho no rosto de Toddy que acordou gritando:
— Por favor, não me machuque!
— Por mais que você mereça, não sou dado à violência.
— Papai Noel, é você?
— Não, sou o Coelhinho da Páscoa! E você dormiu tanto que eu trouxe ovinhos para você.  É claro que sou eu, seu fanfarrão! O que faz você dormindo tranquilamente enquanto o Natal corre perigo?
— Eu não estava dormindo! Apenas me assustei com essa aí - disse apontando para Lollipop, que não gostou nada da insinuação.
— Como assim se assustou comigo, seu medoroso!
— Medroso nada! Queria ver se fosse você perto de uma luz horrível e...
— Horrível! Vou já mostrar a você quem é horrível, seu sapo!

Lollipop por pouco não transformou o duende Toddy num sapo verruguento feioso. Se não fosse por Papai Noel, Toddy estaria coaxando pela floresta em busca de uma lagoa.

— Quietos vocês dois! Temos uma tarefa a cumprir.
— Desculpe Noel – disse Lollipop.
— Sinto muito – disse Toddy.
— Agora, se não for pedir muito, vamos para a Montanha Encantada.
— Montanha Encantada? Mas e a Terra do Nunca?
— Mudança de plano, meu amigo. Explicarei tudo a caminho.

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Papai Noel explicou, então, sobre a Montanha Encantada e como ele tentara, em vão , conseguir um tempo extra na caverna temporal.

O guardião Temporino havia desaparecido com sua ampulheta e a viagem até lá não fora nada produtiva.
Agora eles teriam que se apressar ainda mais, pois o tempo estava cada vez mais curto.
 
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Toddy estava fascinado. Olhava para todo lado como se fosse uma  criança num parque de diversões.

— Que lugar lindo! Tão cheio de luz, música e... BLERG! — Caca de passarinho!     
— É, estamos mesmo no Vale dos Pássaros! Lollipop riu olhando a cara suja de caca de Toddy.
— Muito engraçado!  - disse Toddy não achando graça nenhuma, principalmente quando pisou em algo meio melequento.— Que porcaria!
— Toddy...  - repreendeu-o Papai Noel. — Não é nada bonito dizer palavras feias!
 — Melhor falar que pisar! - respondeu ele de mau humor, enquanto limpava o pé numa moita amarronzada.
 — Ei! O que pensa que está fazendo? - resmungou um porco-espinho todo eriçado, pronto para um ataque.
 — Foi mal! Pensei que você fosse uma moita.
Lollipop desatou a rir. — Uma moita? Bem se vê que você precisa lavar essa cara!Não consegue nem distinguir um ouriço de uma moita!
— Lollipop,você não está ajudando em nada!  - sibilou Papai Noel, dando uma olhada no porco espinho, aparentemente mais irritado ainda.
— Desculpe-nos Senhor Ouriço – disse Papai Noel, todo formal.— Nós viemos de longe e não estamos acostumados com este local. Acabamos nos distraindo e...
— Turistas! - reclamou o porco espinho seguindo para o lago, sem deixar Papai Noel terminar com as desculpas.

De repente, Lollipop que continuava com suas risadas, parou de rir:
— Que pássaro lindo! - exclamou.
Ambos, Noel e Toddy seguiram a direção do olhar de Lollipop.

À margem do Lago dos pássaros, tomando um pouco de água, estava a ave mais bonita que eles já tinham visto.
Era toda rosa, até mesmo o bico, e, em tamanho, era muitas vezes maior que o os outros pássaros.
— É um Flamingo Cor-de-rosa  - disse Papai Noel.— Mas o que ele faz por estas bandas? Está muito longe de casa.
— Só há um jeito de descobrir. Lollipop voou em direção à margem onde estava o flamingo.
— Ai, que enxerida! Volte aqui Lollipop! 
Toddy foi atrás de Lollipop e Papai Noel, sem opção e por estar curioso também, foi atrás dos dois.

Era uma boa desculpa para descobrir o que o flamingo fazia tão longe de casa.
 
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 Primeiro ele viu uma luzinha bem brilhante voando em sua direção.
Depois uma espécie de criança usando uma roupa verde bastante engraçada e um chapéu, também verde, com uma pena vermelha pendurada. Mas foi aquele senhor pançudo que mais chamou sua atenção.

Ele usava uma roupa de um vermelho tão bonito... E aquela barba! Mais parecia bolas de algodão, uma por cima da outra de tão fofa. Bem, pelo menos era o que parecia, visto de longe.

Sua atenção se desviou por um instante ao lembrar-se de seu amigo, o Chileno.

Chileno também era um flamingo, porém de menor estatura e não tão rosa quanto ele.    
  
Onde será que ele se meteu? - pensou o flamingo. Já faz mais de meia hora que ele foi buscar comida e nada! - matutou ele olhando para o lado do mar de fogo.

— Com licença! Ei, seu Flamingo! - chamou Lollipop.
O belo flamingo cor- de- rosa se virou ao ouvir aquela voz e disse:
 — Seu Flamingo é o nome do meu pai; o meu é Curioso.
 — Curioso? Que curioso!  - disse Lollipop, fazendo graça.

 Papai Noel que vinha logo atrás junto com Toddy e tinha ouvido a conversa, perguntou:
 — E o que um flamingo como você faz tão longe de casa? Curiosidade?
 — E como o senhor sabe que estou longe de casa? - perguntou Curioso com curiosidade.
 — Bem, não existem flamingos de sua espécie por estas bandas - respondeu Papai Noel.
 — E onde posso encontrar outros iguais a mim? É justamente por isso que estou longe de casa.
 — Então minha suposição estava correta - afirmou. — Você está longe de casa por curiosidade! Hô, hô, hô! Desculpe o trocadilho.
 — Não faz mal, já estou acostumado com as piadinhas que fazem com meu nome.  E vocês, o que fazem por aqui?
 — Xiii! Essa é uma longa história!  - disse Toddy, resolvendo participar da conversa. — E por falar nisso – continuou – acho bom irmos andando, pois ainda temos de atravessar o mar de fogo.
 — Mar de fogo? Espantou-se o flamingo. — Não há como atravessar o Mar de fogo!Ele é toda lava derretida e a menos que todos vocês possam voar, vão virar churrasquinho!
 — Boi azul! Mais essa agora!  - resmungou Papai Noel.
 — Boi azul? - perguntou Curioso.
 — Não ligue! - respondeu Toddy. É apenas algo que ele diz quando está preocupado.
 — Ah...
 — Bom, precisamos do pó mágico e já que eu tenho asas eu vou e vocês ficam aqui até eu voltar - sugeriu Lollipop.
 — Não vai dar! Você é muito pequena e precisamos de uma boa quantidade de pó mágico - disse Toddy.
 — Boi azul! O que vamos fazer?  - perguntou Papai Noel.
 — Eu levo vocês – ofereceu-se o flamingo. — Afinal sou grande, veloz e posso percorrer muitos quilômetros.
 Como os três o olhavam com cara de assustados sem dizer nada, Curioso foi obrigado a agir:
 — Como é que é? Vão ficar aí o dia todo?
 — Hô, hô, hô! Vamos nessa que o Natal nos espera!
 
Papai Noel e Toddy subiram nas costas de Curioso. Agora era torcer para que o flamingo aguentasse o peso e atravessasse o Mar de Fogo em segurança.
 
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 O flamingo surpreendeu-se com o pouco peso de seus passageiros.
Ele imaginava que seria terrivelmente pesado, mas que nada! Eles quase não pesavam coisa alguma. Que estranho!  - pensou.

 O que ele não sabia é que o Papai Noel havia feito uma magiquinha para diminuir seu peso e o de Toddy.
Dessa forma a viagem não seria tão difícil para o seu novo amiguinho.

— Que calor! - reclamou Lollipop. — Minhas asas já estão ficando grudentas.
— Aguente mais um pouco Lollipop – motivou Curioso — Já estamos quase chegando do outro lado.
 
De fato eles estavam quase chegando, mas o calor estava realmente insuportável.
Olhando para baixo, Curioso viu aquele mar de lava vermelha - alaranjada, com bolhas explodindo a cada minuto. E, toda vez que uma bolha explodia, um vapor tão quente subia e queimava sua pele.

 — Humm... Que fome!Vocês estão sentindo cheiro de frango assado? - perguntou Toddy, com água na boca.
 — Toddy... - repreendeu-o Papai Noel.
 — Mas é sério!Esse cheiro está me deixando louco!
 — Dá para fechar a matraca, Toddy?

 Lollipop, que também estava sentindo aquele cheiro de ave assada, reparou que o vapor estava literalmente cozinhando o flamingo e, consequentemente, aquele cheiro estava saindo da pele de Curioso.
 — Foi mal... - desculpou-se Toddy, seguindo o olhar de Lollipop e percebendo enfim, o motivo daquele cheiro tão apetitoso. 

Felizmente, eles aterrissaram do outro lado do Mar de fogo.
— Chegamos! – anunciou Curioso, quase sem fôlego. — Assim que encontrarmos água continuaremos a viagem.
— Nós continuaremos! – bradou Papai Noel. — Você pode voltar daqui.
— Mas, como vocês vão voltar? - perguntou Curioso.
— É! Como a gente vai voltar Noel? - apoiou Toddy.
— Na volta Toddy - respondeu Papai Noel - teremos o pó mágico, esqueceu?
— Ah é...
— Além do mais, Curioso – continuou – você ainda tem uma longa jornada pela frente.
— Tenho mesmo... - concordou Curioso. — Mas, eu nem sei por onde começar... – disse meio desolado.
— Siga em frente até depois da Terra do Fogo.
Lá você encontrará alguns amigos que poderão ajudá-lo – orientou Papai Noel.
 — Mas...
 — Mas nada! Vá e boa sorte em sua jornada!

  Curioso partiu, mas antes retornou para o Vale dos pássaros para encontrar seu amigo Chileno que ficara em algum lugar do outro lado. Toddy, vendo o flamingo voando bem alto contra o céu, perguntou:
 — E se a gente não encontrar o pó mágico?
 — Para o bem do Natal – respondeu Papai Noel – é melhor a gente encontrar.
 
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 — Quanto tempo temos antes de voltarem aquelas ondas?  - perguntou Lollipop, olhando fixamente para frente.
 — Não tem uma música assim? - perguntou Toddy franzindo a testa, sem atinar com que Lollipop queria dizer com aquela frase tão musical.
 — Que ondas?  - perguntou Noel ,num tom já preocupado.
 — Aquelas ondas!  - respondeu Lollipop apontando para ondas enormes a sua frente.
 — Boi azul! - gritou Papai Noel. — Corram por suas vidas!
 
Lollipop puxou Toddy pela mão, pois ele estava plantado no chão de tanto medo e já se preparava para correr para trás, quando ouviu a voz de Papai Noel:
— Para traz não! Para frente!
— Mas Papai Noel, se formos para frente iremos dar de cara com as ondas gigantescas!
 — Mas se voltarmos não saberemos quando teremos a chance de chegar até a Montanha Encantada!
 
Lollipop estava dividida entre o instinto de sobrevivência e a lealdade a Papai Noel. Infelizmente ele tinha razão. Se a onda gigantesca cobrisse a montanha, talvez eles não conseguissem chegar até ela antes das ondas recuarem.

 — Poxa vida!Essa montanha tinha que ficar logo entre a terra e o mar? E por falar nisso, cadê o mar?

As ondas são o mar. Corram!

Lollipop não pensou mais. Puxou firmemente Toddy pela mão e correu junto com Papai Noel em direção à Montanha Encantada. Mal seus pés tocaram a montanha, uma sombra gigantesca pousou sobre eles.

A única coisa visível depois disso era um chapéu verde com uma pena vermelha pendurada, boiando por cima das águas.
 
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Silêncio. Tudo era de um silêncio desanimador.
Toddy não conseguia sentir o chão, mas também não sentia a água. Morri!  - pensou ele. Isso explicaria porque me sinto tão leve, como se estivesse flutuando.
De repente uma luz!
Morri mesmo... Que coisa chata!
— Hô, hô, hô!
 Noosa! Aquele é Papai Noel? Pobrezinho! Deve ter morrido também. Ele está voando...

Toddy continuou pensando e se lastimando quando Lollipop lhe deu um safanão.
 — Acorde seu bobão! Vai ficar aí parado no ar, vai?
  Então Toddy se deu conta de que estava realmente flutuando no ar.

 — Socorro! Alguém me tire daqui de cima! - gritou ele.
 — Não seja covardão, Toddy!Até eu que tenho trocentos anos sou mais corajoso que você! – disse Papai Noel, dando um rasante para logo a seguir voar por cima de Toddy.
 — Mas como? O quê? Quando?
 — Caímos num montão de pó mágico que está lá embaixo, quer dizer, estava, pois agora todo o pó mágico está debaixo d’água.
— Oh não!Então o Natal está perdido?
— Hô, hô, hô! Com todo esse pó mágico em nossas roupas? Creio que não!

Toddy olhou para Papai Noel e para a Lollipop.
Olhou para si mesmo e descobriu que estava cheio de pó mágico dourado e brilhante.
— Só tem um problema – reclamou Toddy. — Onde está meu chapéu?
— Esqueça o chapéu Toddy! Vamos salvar o Natal!
                
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Esqueça o chapéu!Como Noel podia dizer uma coisa dessas!? Seu chapéu era muito especial. Ele o tinha desde seu primeiro Natal, quando Noel o convidara para ser seu assistente e o presenteara com aquele chapéu. 
                
— 
Tudo pronto?  - perguntou Papai Noel.
Eles haviam conseguido chegar com o pó mágico e estavam se preparando para jogá-lo nas renas.
— Foi uma longa jornada – iniciou Papai Noel. — Nem sei como posso agradecer a vocês. Aliás, a todos vocês! Disse Papai Noel voltando-se para todos que estavam reunidos em frente a sua casa.

Além das fadas e dos duendes estavam também o Chapéu mágico e até mesmo a Marisilda e a bruxa, vejam só!

— Sem vocês e, principalmente, sem vocês - disse para Lollipop e Toddy - esta jornada não teria sido um sucesso.
 — Mas ainda a jornada não terminou; precisamos entregar os presentes – lembrou Toddy.
 — E por falar em presente... 

Papai Noel entregou um pacote a Toddy.
Ao abri-lo, ele estupefato, encontrou seu chapéu verde com a pena vermelha pendurada. Não algum outro chapéu, mas sim o seu próprio.

— Mas... Como?  Perguntou ainda incrédulo.
— Sou o Papai Noel, esqueceu?
— Poxa, muito obrigado!
— Foi uma honra, meu amigo.
               
Toddy com os olhos rasos d’água, afirmou:
 — A honra sempre será minha, senhor.
 — Quanta rasgação de seda!Olha a hora! Lollipop, fazendo de conta que não estava emocionada, havia ficado muito linda com suas novas asas douradas.

Agora ela era a guardiã do pó mágico do Natal.
 — Toddy, chegou o momento! Vamos jogar o pó mágico nas renas! Convocou Papai Noel.
 — É para já Noel!

  Toddy se aproximou de cada uma das renas e em cada uma jogou um pouco de pó mágico.
Diante dos olhos de todos os presentes, as renas foram ficando novas, fortes e ágeis.

— Agora meus amigos, como o Chapéu mágico sugeriu, todos vamos entregar os presentes.
Em cada canto do mundo, onde houver uma criança, de idade ou coração, será entregue um presente. Vamos meus amigos!

 Papai Noel subiu em seu trenó juntamente com seu leal assistente Toddy.

Em poucos minutos já estavam indo bem alto no céu como se fosse uma linda estrela cadente...
 
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 Enquanto isso, numa residência bem tranquila, uma família, o pai, a mãe e sua filhinha, olhavam o céu pela janela.
— Veja querida - disse o pai para a mãe. — Uma estrela cadente!
A mãe olhou para o céu e viu um lindo trenó sendo puxado por lindas renas.
A filhinha, olhando para a direção apontada pelo pai, viu também um lindo trenó com um belo velhinho acenando para ela.
— É mesmo, querido - disse a mãe piscando para sua filhinha. — Faça um pedido!

O pai fechou os olhos e fez seu pedido. Ele desejou que finalmente as nações do mundo todo pudessem aceitar a paz.

Toda a paz que o aniversariante daquele dia havia trazido e presenteado a todos os homens de boa vontade.
 
Fim