A Magia do Natal
Eu era uma menininha quando acreditava na existência do bom velhinho. Todo ano, na véspera de Natal, meu coração batia mais forte e eu tinha esperanças de encontrar Papai Noel deixando meus presentes aos pés da linda árvore que eu mesma enfeitava especialmente para ele. Eu ficava em frente à lareira na ânsia de pegá-lo de surpresa descendo pela chaminé. Porém, os biscoitinhos de nata e o chocolate quente da minha avó sempre me deixavam com sono e eu adormecia sobre as almofadas, com o calor da lareira, que logo apagaria. Pela manhã, eu acordava impulsiva, mas já era tarde. A neve caía fascinante e os presentes já estavam a minha espera. Eu não chorava, pois tinha absoluta certeza de que ele havia passado por lá. Eu havia sido uma boa menina, merecedora de seu reconhecimento. Nunca via Papai Noel, mas a minha imaginação se encarregava de sonhar o encanto do Natal. Então eu passava o tão esperado dia ao lado da minha unida família, muito feliz.
O tempo foi passando e aquela ingenuidade inerente a qualquer criança foi sendo tirada de mim pela vivência e pelo amadurecimento. Tornei-me uma adolescente centrada, não obstante cheia de sonhos. E na manhã da véspera do Natal em que já não acreditava mais na existência do bom velhinho, resolvi que era hora de buscar um significado novo para fundamentar e inspirar a celebração daquele dia. Desacreditar numa fantasia não era justo, se eu não tivesse algo para substitui-la. Fui ao escritório do meu pai e da estante peguei um livrinho empoeirado cujo título era: "A magia do Natal". Sentei-me na poltrona reclinável, que ficava em frente à maior janela da casa. A claridade e a paisagem disponíveis ali me motivaram a ler o livro naquele mesmo momento. A cada página eu ficava mais ansiosa para terminar, até que o meu entusiasmo me fez concluir a leitura do livreto em apenas alguns minutos. Foi ali, naquele pequeno e importante espaço de tempo que encontrei o verdadeiro sentido do Natal: o nascimento de Jesus! Foi a primeira vez que o meu coração despertou para a tradução dos costumes que norteavam o dia 25 de Dezembro. Remeti-me ao passado para lindas descobertas. Meus olhos encheram-se d'água e não contive a emoção. Coloquei o livro no mesmo lugar em que estava e fui à cozinha ajudar minha mãe e minha avó com os preparativos da festa.
Enquanto preparava o pavê de bombom, fiquei refletindo e cheguei à conclusão de que íamos comemorar o aniversário de Jesus. Toda a comemoração era para Ele. É claro que fisicamente Ele não compareceria, mas em nossos corações sentiríamos Sua presença e dedicaríamos a Ele aquele dia especial. Empenhei-me muito mais em fazer o dia de Natal inesquecível.
À noite, fui à sala de estar e lá estava meu irmãozinho de cinco anos, em frente à lareira já acesa. O brilho no olhar dele era incomparável. Voltei à cozinha para pegar biscoitinhos de nata e chocolate quente. Coloquei numa bandeja e levei para ele. Estava bem frio e aquele menininho lindo, enrolado de cobertores, deitou no meu colo e disse: "Ele virá, não é?" Eu passei meus dedos nos seus cabelos e, contendo as lágrimas, falei: "É claro que sim, meu anjo." Minutos se passaram e ele adormeceu. Coloquei suavemente sua cabeça nas almofadas e deitei ao seu lado, adormecendo também.
* Não há idade, época ou tradição que mude a essência do Natal. O importante é termos em nossos corações sentimentos puros que nos façam dignos do propósito de Jesus. Esta é a magia do Natal.*
17 de Dezembro de 2008