DIVINA GRAÇA
Os acontecimentos que ocorrem em nossa existência não são programados por nós. Não escrevemos a nossa história, O nosso roteiro já vem previamente estabelecido, apenas somos intérpretes para darmos vida aos personagens que incorporamos quando concebidos. O viver é um constante desafio, pois não sabemos qual será o nosso script do dia seguinte, pode ser que tudo termine antes de chegar o amanhã. Assim, é o mundo repleto de cruzamentos e estradas secundárias que nem sempre nos conduz ao destino que traçamos para consecução dos nossos planos.
A nossa narrativa se fundamenta nos aspectos místicos que envolvem a natureza humana e, portanto, são passiveis de estudos e questionamentos, pois, são mistérios que têm como princípio a espiritualidade e não possuem sustentação no mundo material.
A Inglaterra, é um país localizado nas ilhas britânicas que faz fronteira com a Escócia e o País de Gales. Tem como capital, Londres, situada às margens do rio Tâmisa, é uma cidade que possui um moderno centro multicultural de artes e negócios.
Segundo relatos contemporâneos da história, Wistman’s Wood, Dartmoor é conhecida como sendo um local na Europa onde no ano de 1379, aconteciam duelos entre bruxos e bruxas, pois geograficamente possuía um ambiente perfeito para os eventos de magia. Uma floresta cercada de rochas cobertas de musgos com troncos sinuosos e fendas entre as pedras, habitat natural para os seres encantados. É nesse cenário místico que a nossa estória se desenvolve no âmbito da ficção.
Piter Taylor e Poul Smith, doutores em geologia, arqueologia e Paleontologia, respectivamente, considerados os melhores da Europa em suas áreas de atuação, formados pela Universidade de Oxford, foram convidados para coordenarem as atividades dos pesquisadores da University College London, da Inglaterra, que iriam explorar as florestas primitivas do mundo. O estudo que tinha dentre outros analisar a Biodiversidade e compará-las com outros ecossistemas, como o bioma das florestas tropicais.
O universo para começar as pesquisas não poderia ser outro, Wistman’s Wood, Dartmoor, era um desafio a ser enfrentado pelo seu histórico misterioso e o seu enigmático relevo. O grupo era composto por cientistas de áreas pertinentes ao estudo da natureza: biólogos; geólogos; ecologistas; ambientalistas; arqueólogos e paleontologistas.
Era o dia 21 de março do ano de 1972, quando teve início a desafiadora expedição, as equipes foram divididas conforme as suas especialidades, Peter e Paul, ficaram juntos por possuíram uma formação profissional correlatas, áreas afins, Arqueologia, Paleontologia e Geologia. O universo a ser explorado era desafiador um mundo sombrio e repleto de mistérios. Já haviam transcorridos mais de (dois) meses, quase todos já tinham retornado ao acampamento montado no centro de operações dentro da floresta, mas Taylor e Smith, ainda não tinham voltado, por onde andariam os tão renomados cientistas, que eram detentores de larga experiência nas áreas remotas de florestas primitivas. Todos passaram a vasculhar o perímetro delimitado para ser pesquisado, mas nada foi encontrado, minuciosamente foram analisados quaisquer sinais que surgiam que pudessem levar à localização dos perdidos, sem sucesso algum. Foi tomada a decisão de retornarem ao Centro de Estudos da University College, para que fossem traçadas novas metodologias para continuação das buscas.
Enquanto isso, Piter e Paul, lutavam desesperadamente pela vida, haviam caído em uma das gretas rochosas, tentaram em vão se comunicarem com os companheiros, mas foi em vão, não obtiveram nenhuma resposta. As reservas de suprimentos e água já estavam se esgotando, o que aumentava mais ainda o desespero, além dos perigos naturais da floresta, principalmente à noite, com as investidas dos animais noturnos. Haviam montado uma barraca com os equipamentos que carregavam em suas mochilas. Tentaram em vão escalarem as paredes rochosas, mas foi tudo em vão, o material que dispunham não lhes davam a segurança necessária para galgarem as escarpas naturais do relevo, provocadas pela erosão do solo. Já sem forças e desesperados, entregaram-se à própria sorte.
Foi organizada uma força tarefa para tentarem localizar os desaparecidos, composta por especialistas em salvamento em florestas e conhecedores da região, equipados com sensores remotos de monitoramentos e médicos especialistas em primeiros socorros, era preciso celeridade nas buscas, pois à medida que às horas passavam, as chances de encontrá-los ainda com vida eram cada vez mais reduzidas. Foram 05 (cinco dias) de intensa procura, mas sem lograrem êxito, era como se Taylor e Smith, tivessem evaporado da face da terra e com eles a esperança do socorro chegar com chance de salvá-los. Todas as hipóteses levantadas foram cuidadosamente analisadas e só restava uma, que ocorresse um milagre, pois era praticamente impossível que eles estivessem vivos, uma vez, que já não teriam mais comida e água, além dos perigos iminentes da selva.
Taylor e Smith eram devotos de nossa Senhora de Walsingham padroeira dos católicos anglicanos e começaram a orar, entregando suas vidas a Virgem Santíssima, pois tinham certeza de que não mais conseguiriam com suas próprias forças saírem daquele labirinto ou serem localizados pelas às equipes que com certeza estariam procurando por eles. Já não tinham mais o equilíbrio emocional, choravam copiosamente abraçados ao lembrarem da família; das lutas que travaram pelos caminhos árduos para alcançarem os seus objetivos. Aos poucos foram perdendo a noção de sobrevivência, mas mantinham sistematicamente o clamor em oração à Virgem Santíssima, que tivesse piedade de suas almas, e que os resgatasse para que eles pudessem testemunharem toda benignidade da graça de Deus. Todos os conhecimentos que possuíam foram colocados em prática, mas de nada adiantaram diante da complexidade da situação. Das encostas brotavam filetes de água cristalina como se fossem lágrimas de despedidas, fim dos sonhos, epílogo de uma história que eles jamais poderiam imaginarem que seriam eles os protagonistas, mais uma vez, estavam enlaçados. Não viram mais nada, apenas vislumbraram uma luz de um brilho intenso e desmaiaram, era o dia 01 de junho do ano de 1972.
A central de monitoramento registrou o fato através dos sensores que haviam sido deixados nos locais estratégicos da área pesquisada, imediatamente sinalizaram o ocorrido e rapidamente se deslocaram para o local indicado. A surpresa foi geral, pois haviam passado há dois dias naquele lugar e foi feito um mapeamento minucioso da área, e nada encontraram que pudesse sinalizar que eles tivessem passado por aquela trilha. No entanto, eles estavam ali, os dois continuavam abraçados e bastante debilitados, mais ainda tinham os sinais vitais (SSVV): respiração; pressão arterial; batimento cardíaco e temperatura corpórea, embora bastante fracos. Foram levados com extrema urgência de helicóptero acompanhados por uma junta médica, para o hospital mais próximo, que era o Royal Devon and Exeter Hospital.
Piter Taylor e Poul Smith, passaram 03 (três) meses internados, se recuperando dos danos causados à saúde pelo acidente que ambos sofreram. Foram submetidos a vários tratamentos, sobretudo os que envolviam os transtornos de estresse pós-traumáticos (TEPT), que é uma patologia mental caracterizada pela instalação de manifestações após a exposição de um indivíduo a uma ou mais situações traumáticas, dentre as quais, os sintomas intrusivos, que invadem o pensamento de maneira repetitiva e incontrolável. O tempo passou e ambos receberam à alta do hospital para continuarem o tratamento fora do ambiente hospitalar.
Ainda hoje, não existe nenhuma justificação cientifica, capaz de esclarecer o que realmente aconteceu naquela tarde de quinta-feira, 01 de junho do ano de 1972. Para Piter Taylor e Poul Smith, não há nenhum fundamento que pelas leis naturais possa explicar o fato acontecido, a não ser pela interferência divina. Verdadeiramente, foi um milagre, que eles atribuem à Virgem Santíssima, Nossa Senhora de Walsingham padroeira dos católicos anglicanos.
NOTA DO AUTOR: Esta é uma obra de pura ficção qualquer semelhança é mera coincidência.
Autor – José Valdomiro Silva