Trágico encontro
Eu estava viajando há mais de 3 horas e devo ter dormido dentro do trem, pois, se estivesse inteiramente acordado, teria notado pela janela a paisagem que agora era de um lugar tão sombrio. Na escuridão, a vegetação parecia fantasmagórica e algumas estradinhas sinistras surgiam de quando em quando ladeando os trilhos.
Observei ao meu redor e percebi que estava completamente sozinho no vagão iluminado por uma dezena de luzinhas amarelas.
Tive de me beliscar e esfregar os olhos, para ver se estava acordado. Aquilo tudo estava me parecendo um pesadelo horrível e esperava acordar, a qualquer momento, em minha casa. Mas meus olhos não me iludiam. Estava realmente acordado, viajando num trem.
De repente ouvi passos pesados que se aproximavam, por trás da porta que levava ao outro vagão. A porta se abriu com um rangido longo e agudo. No meio das sombras apareceu um velho alto, com um comprido bigode branco, vestido de preto da cabeça aos pés. Trazia na mão uma velha lanterna, cuja luz lançava nas
paredes do vagão sombras negras enormes.
Para disfarçar meu estranhamento, falei quase num sussurro:
— Boa noite, tudo bem?
— Sou o Conde Drácula — respondeu o velho, com muita educação. — E desejo-lhe
boas-vindas ao meu trem. Descanse, a noite está fria e o senhor deve estar precisando.
Depois disso, só escuridão.