PERDIDO NA NOITE EM UMA FLORESTA
Eu estava próximo ao endereço que me levaria ao sítio onde eu morava – mas eu tinha na minha frente um mato com aclives e declives cheios de pedras de todos os tamanhos, seria um bom atalho, mas a noite me desestimulava, pensei em desistir, mas eu tinha que chegar a minha casa... eu já havia passado por aquele atalho durante o dia e mesmo assim pelas dificuldades nas subidas com mato extenso e cheio de pedras era fácil de se perder... imagina de noite, mas fui enfrentando o medo e a minha nictofobia. Na minha ida apalpando as pedras e matos, com visão quase cega, via apenas alguns clarões da noite refletidos através de algumas frestas - quando parava para pensar na loucura daquele trajeto havia alguns monstros da noite me atacando. Eu me defendia na escuridão e conseguia vence-los, até chegar numa parte alta e cheia de pedras pelos lados e por cima da minha cabeça e ali eu teria de furar a parte de cima com a retirada das pedras, pois me estava faltando ar e na minha ânsia de cavoucar a parte superior, o ar se tornava mais rarefeito e desesperador... cheguei a desistir de abrir passagem porque a falta de ar era tão grande e assustadora que as minhas condições físicas estavam quase que paralisadas... ou eu iria morrer por falta de ar e cansaço, ou teria que lutar contra este pesadelo pelo mínimo de forças ainda restantes, mas em outras ocasiões anteriores eu aprendi que usando as forças além do limite era saltar de lado... e foi o que fiz através de um esforço quase desumano consegui virar de lado atirando-me para a esquerda por entre as pedras e caí de ponta cabeça e as pedras por cima de mim e parecia que a morte estava me levando, e uma grande dor de cabeça pelo inchaço dolorido da cabeça que era real onde tive que colocar gelo... quando acordei. Mas ao acordar-me fiquei livre de um dos pesadelos mais pavorosos. O pesadelo não é apenas um sonho, eu vivi aqueles momentos como se fossem reais até o ponto de acordar lutando e ser empurrado pela minha ação fora da cama, batendo com a cabeça no assoalho. Neri Satter – MAIO 2021