Fontes - Um exemplo de homem trabalhador: Entre a realidade e o imaginário popular
Quando se tratava de falar sobre um trabalhador de verdade, o nome do Senhor João Ribeiro Fontes sempre era citado nas conversações. Sejam elas de pé de balcão de bar, mesa de carteado, roda de farinhada, ou histórias de Troncoso.
O fato é que as pessoas da região realmente o admiravam muito.
Não só porque enriqueceu ao longo de sua vida comprando muitas terras e fazendo-as prosperar. Era uma admiração mais centrada na pessoa dele. Diziam que ele, além de ser um grande administrador, era um homem para quem não havia serviço mole ou pesado. Estava sempre disposto e suas qualidades de trabalhador eram de fato muito reconhecidas, mas havia por trás desses elogios da população uma crença de que ele recebia uma ajuda mistriosa para relizar os seus serviços.
Espalhou-se uma história na região de que o Senhor Fontes sempre saía sozinho quando ia trabalhar, mas quando alguém ia levar comida onde ele estava, ou ia procurá-lo por alguma razão onde estivesse, dar um recado ou conversar com ele sobre algum negócio, encontravam tanto serviço feito que ficavam intrigados.
Se fosse uma roçagem de pasto, uma limpa de enxada, a feitura de uma cerca ou um serviço qualquer que fosse da lida, quando alguém chegava lá a quantidade de trabalho pronto era muito grande. O que não correspondia ao fato de ser apenas ele trabalhando.
Então circulava na cidade a falácia de que ele não trabalhava sozinho, ou seja, que ele sempre trabalhava acompanhado de seres que outras pessoas não viam. Diziam sem cerimônia que ele trabalhava acompanhado dos Caboclos da Mata.
O fato é que, em uma situação comum de um trabalhador normal a quantidade de serviço feito era pequena se comparada com a do Senhor fontes. Essa comparação era feita entre ele e alguns dos melhores trabalhadores da cidade. Pessoas de porte bastante forte e com grande velocidade em realizar tarefas.
Já o Senhor Fontes era um homem circunspecto, calado, quieto. Era forte, porém não tão cheio de músculos ou coisa assim, de modo que as pessoas estranhavam toda a sua destreza e sua velocidade ao trabalhar com qualquer que fosse a ferramenta.
E era assim, sozinho ou ajudado pelos caboclos, que o Senhor fontes cuidava das terras que comprava, chegando anexar mais terras aos seus territórios ao longo dos anos, comprando, de tempos em tempos, um novo pedaço de terra vizinho equivalente a uma boa soma de tarefas.
Desse modo, pouco a pouco ele passou a ser dono de grande parte do entorno da cidade onde vivia e ainda adquiriu propriedades em municípios mais distantes do estado e até fora de Sergipe, mais precisamente na região de Iúna, hoje um Território quilombola na região do Distrito de Tanquinho em Lençóis próximo a chapada Diamantina, Estado da Bahia.
Ninguém nunca viu de fato o Senhor Fontes sendo ajudado por um ser misterioso. Mas dizem que ele sempre levava fumo, papel e fósforos em quantidades que davam para um batalhão de homens fumarem enquanto trabalhavam e que nunca levava as sobras de volta para casa. E diziam que, humanamente, seria impossível que ele fumasse tudo sozinho num só dia...
Então, quem o ajudava? E aquele serviço todo pronto no fim do dia?
Além do que não é lá muito comum alguém trabalhar tanto sozinho.
A não ser que ele não trabalhasse sozinho realmente.
Vai saber!
Continua...
Quando se tratava de falar sobre um trabalhador de verdade, o nome do Senhor João Ribeiro Fontes sempre era citado nas conversações. Sejam elas de pé de balcão de bar, mesa de carteado, roda de farinhada, ou histórias de Troncoso.
O fato é que as pessoas da região realmente o admiravam muito.
Não só porque enriqueceu ao longo de sua vida comprando muitas terras e fazendo-as prosperar. Era uma admiração mais centrada na pessoa dele. Diziam que ele, além de ser um grande administrador, era um homem para quem não havia serviço mole ou pesado. Estava sempre disposto e suas qualidades de trabalhador eram de fato muito reconhecidas, mas havia por trás desses elogios da população uma crença de que ele recebia uma ajuda mistriosa para relizar os seus serviços.
Espalhou-se uma história na região de que o Senhor Fontes sempre saía sozinho quando ia trabalhar, mas quando alguém ia levar comida onde ele estava, ou ia procurá-lo por alguma razão onde estivesse, dar um recado ou conversar com ele sobre algum negócio, encontravam tanto serviço feito que ficavam intrigados.
Se fosse uma roçagem de pasto, uma limpa de enxada, a feitura de uma cerca ou um serviço qualquer que fosse da lida, quando alguém chegava lá a quantidade de trabalho pronto era muito grande. O que não correspondia ao fato de ser apenas ele trabalhando.
Então circulava na cidade a falácia de que ele não trabalhava sozinho, ou seja, que ele sempre trabalhava acompanhado de seres que outras pessoas não viam. Diziam sem cerimônia que ele trabalhava acompanhado dos Caboclos da Mata.
O fato é que, em uma situação comum de um trabalhador normal a quantidade de serviço feito era pequena se comparada com a do Senhor fontes. Essa comparação era feita entre ele e alguns dos melhores trabalhadores da cidade. Pessoas de porte bastante forte e com grande velocidade em realizar tarefas.
Já o Senhor Fontes era um homem circunspecto, calado, quieto. Era forte, porém não tão cheio de músculos ou coisa assim, de modo que as pessoas estranhavam toda a sua destreza e sua velocidade ao trabalhar com qualquer que fosse a ferramenta.
E era assim, sozinho ou ajudado pelos caboclos, que o Senhor fontes cuidava das terras que comprava, chegando anexar mais terras aos seus territórios ao longo dos anos, comprando, de tempos em tempos, um novo pedaço de terra vizinho equivalente a uma boa soma de tarefas.
Desse modo, pouco a pouco ele passou a ser dono de grande parte do entorno da cidade onde vivia e ainda adquiriu propriedades em municípios mais distantes do estado e até fora de Sergipe, mais precisamente na região de Iúna, hoje um Território quilombola na região do Distrito de Tanquinho em Lençóis próximo a chapada Diamantina, Estado da Bahia.
Ninguém nunca viu de fato o Senhor Fontes sendo ajudado por um ser misterioso. Mas dizem que ele sempre levava fumo, papel e fósforos em quantidades que davam para um batalhão de homens fumarem enquanto trabalhavam e que nunca levava as sobras de volta para casa. E diziam que, humanamente, seria impossível que ele fumasse tudo sozinho num só dia...
Então, quem o ajudava? E aquele serviço todo pronto no fim do dia?
Além do que não é lá muito comum alguém trabalhar tanto sozinho.
A não ser que ele não trabalhasse sozinho realmente.
Vai saber!
Continua...
Adriribeiro/@adri.poesias