A ROSA

Como uma mancha de sangue sobre a neve, meio os lírios do campo vingou a única rosa vermelha.

No vale do Loire na cidade de Amboise, vivia o pintor e professor de belas artes Claude Blanchet, na casa herdada de seus pais, idosos e já falecidos.

Sua única irmã Eugéne era freira e vivia num convento em Paris.

Ele pintava seus quadros com paisagens e vendia por baixo preço no Markt mensal na praça, ou pelas ruas para os passantes.

No sábado cedo Claude foi para o bosque com seu material, tentar retratar alguma cena da natureza. Ele observou algo inédito oferecido pela primavera: Entre muitos lírios brancos, havia vingado uma rosa vermelha, vista de longe parecia uma mancha de sangue sobre a neve.

Ele armou sua tela para tentar captar a imagem, as perspectivas, as luzes, cores e atmosfera de forma a impressionar o olhar do espectador, propondo-lhe sensações de calor, frio, profundidade, sombras.

Para conseguir criar um bom Diorama, ele dispunha de caseína, resina alquídica, eucáustica, acrílicas, crayons, mas optou por tinta a óleo.

No campo de lírios brancos, abelhas e borboletas revoavam coletando pólen, mas os insetos evitavam de se aproximar da majestosa rosa vermelha, como se ela fôsse um objeto sagrado. Talvez pelo seu forte adocicado perfume exalado ou sua cor escarlate, derramada sobre aquele lençol de algodão imaculado.

Ele traçou o afresco e iniciou a pintura. Seus dedos se moviam ágeis com o pincel, misturando e combinando as tintas, para transferir aquela fantástica obra da natureza para a tela.

No final do dia, já em casa no seu atelier, ele colocou o quadro no cavalete para secar. Mas qual tipo de moldura iria adornar, sem prejudicar, desviar a atenção daquela magna obra prima da mãe Gaia? Uma de madeira, metal, espelhada, vidro? Nenhuma servia, todas destoavam do quadro. Claude decidiu fabricar uma simples moldura branca e fina, misturada com alguns cristais.

A cor branca da moldura dava impressão de continuidade infinita do prado de lírios, os fragmentos de cristais davam um efeito realista de gotas pingentes de orvalho deslizando.

A pomposa rosa vermelha se salientava como um rubí em contraste com o manto angelical de lírios no cenário primaveril.

Ele batizou o quadro com o nome FLEUR DU SANG. ( rosa de sangue)

Mas toda rosa tem seus espinhos. . .

• segue no próximo cap.

NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 06/12/2020
Reeditado em 06/12/2020
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