CRIME MISTERIOSO

   O som de um tiro foi escutado dentro da mansão, um único tiro que deixou Simon assustado, ele era o mordomo há mais de dez anos e adorava esse emprego. Espanando alguns livros na biblioteca parou por alguns instantes e ficou olhando para a porta semi aberta. Berenice, a governanta, correu assustada pelo corredor rumo a cozinha, segurava uma pequena toalha e parou diante do fogão onde ficou à espera de algum desfecho do acontecido. Suas mãos tremiam. Elton, um dos filhos do Sr. Afrânio, abriu a porta do seu quarto e olhou o corredor vazio por onde Berenice acabara de passar, voltou para os aposentos e observou o jardim através da janela que ficava no andar superior, lá em baixo viu um corpo estendido no chão esvaindo-se em sangue. Gritou assustado, pronunciou somente a palavra "não" estrondosamente que em toda a mansão se escutou. D. Guilhermina, a matriarca da família, esposa do Sr. Afrânio, movimentou-se com dificuldade saindo de seus aposentos em busca de informações sobre esse reboliço todo. Tinha um semblante de preocupação e parecia prever o que tinha ocorrido. Levou as mãos ao rosto e a procura de alguém gritou pelo nome do marido que deixara o quarto minutos antes quando ela ainda permanecia na cama. Eram pouco mais de seis da manhã, era um costume comum ele levantar-se cedo e ir até o jardim deixando a esposa dormindo.

   Nessa mansão, dias antes, o Sr. Afrânio recebera a visita de alguns policiais que o interrogam sobre uma movimentação financeira em uma de suas contas, tendo ele afirmado nada saber a respeito, iria depois se informar com sua mulher já que ela tinha conta conjunta com ele. Sabia ele, o Sr. Afrânio, que dificilmente d. Guilhermina era dada a fazer operações financeiras, apenas ele e um advogado de sua estreita confiança, mas comunicou aos policiais que iria averiguar e em seguida prestaria as informações desejadas.

   No jardim da mansão começam a chegar empregados preocupados com a situação do patrão que ainda respirava e alguém já liga para o hospital para que enviem uma ambulância com urgência. Nessas alturas todos da família ali já se encontram e choravam demonstrando inquietação. Com a chegada do socorro ficou constatada a morte do Sr. Afrânio e nada poderia ser feito mais a não ser a remoção do corpo.

   No dia seguinte ainda pairava muitas dúvidas sobre o assassinato, o dono da mansão fôra alvejado com um único disparo de pistola que atingiu seu peito e perfurara o coração, um tiro certeiro que o abateu em questão de poucos minutos. As câmeras existentes no local nada revelaram, apenas uma outra que ficava na parte exterior da mansão dava a visão de um sujeito correndo na calçada da rua, porém sua identificação se tornava impossível dada a falta de claridade suficiente, já que a fatídica manhã estava nublada e alguns galhos de árvores impediam uma visão mais detalhada.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 01/07/2020
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