QUEM MATOU SILAS?

   Final de expediente de uma sexta-feira na empresa de transporte de cargas, seu Olímpio resolveu fazer um "happy hour", ele como dono achou que agradaria seus empregados com esse divertimento no pátio de estacionamento. Heleno, um dos motoristas, tinha um violão e foi intimado a participar junto com Silas, encarregado do escritório, que tinha uma boa voz, seria o cantor nesse evento improvisado. Arlete, a secretária de seu Olímpio, era alegre e muito desinibida, gostava de "tomar uma" quando largava do serviço nas sextas e essa foi a ocasião para uma boa noitada na empresa. Elvis, o gerente, era meio sizudo, mas se relacionava bem com os colegas, participaria também da farra patrocinada pelo dono da empresa que comemorava o bom lucro da semana, por sinal um dos melhores, ultrapassou a expectativa. Nelson, o servente, já tinha saído mais cedo mas foi informado da "festa" e resolveu voltar. Com um telefonema Mário avisou ao seu colega Pedro também motorista, que estava de férias, este veio correndo, beber a 0800 não era coisa prá se perder. Alguns outros funcionários se prontificaram a fazer companhia nessa noite que seria de alegria com muita música.

   Enfim a cantoria regada a bebida e petiscos ia começar, seu Olímpio pediu então que Silas deixasse todo o apurado no escritório e trancasse a sala. A chave ficaria com ele para no dia seguinte providenciar a remessa do vultoso valor para sua residência, isso depois que ele chegasse ao escritório no sábado logo cedo, afinal era seu homem de confiança. Nada de sair por aí com esse dinheiro todo com a cabeça cheia de álcool. A alegria foi total, Heleno dedilhava boas canções enquanto Silas entoava sua magnífica voz para delírio da rapaziada e a cerveja rolando solta. Já passava das onze e meia da noite quando todos resolveram ir embora, alguns ajudados por não conseguirem ir com seus próprios pés, a carraspana foi pesada.

   Manhã da segunda-feira, Heleno entrou apressado no escritório, havia se desentendido com Silas por causa de Arlete, a secretária que dava trela prá um e prá outro, não se decidia. Elvis, o gerente, foi questionado por seu Olímpio por ter chegado tarde, ele era o gerente e tinha que dar bom exemplo. Nelson não executou com presteza o seu serviço de limpeza logo cedo na sala, estava nervoso e alegando mal estar devido a bebedeira da sexta-feira, ia várias vezes ao sanitário. Já Arlete não havia chegado ainda e já eram mais de oito da manhã e normalmente ela chega às sete, foi preciso seu Olímpio ligar umas três vezes para que ela atendesse o celular. Muito nervoso e bastante preocupado deixou entrar o pessoal da Polícia para investigar o crime ocorrido nos fundos da empresa. Silas, o encarregado do escritório, havia sido morto com uma pancada na cabeça e todo o dinheiro do apurado da transportadora tinha desaparecido.