O HOMEM MISTERIOSO DAS NOITES DE LUAR
Vera gostava sempre de visitar sua amiga que morava a dois quarteirões do prédio onde fixara residência há cerca de três meses, para ela era um passatempo, uma forma de ver a amiga e jogar conversa fora. Isso acontecia duas ou três vezes por semana, sentia-se só, trabalhava durante o dia e a noite, quando não ia na casa de Dulce, ficava curtindo sua solidão, vendo tv ou lendo algum livro. Era solteira e os pais moravam no interior e só via eles uma vez por mês.
Certa noite, quando se dirigia para a casa de Dulce cruzou com um homem bem vestido, de paletó escuro e um chapéu que lhe cobria o rosto, mal dando para lhe ver as feições. Ela o olhou com certa curiosidade pois nunca o tinha visto por ali apesar do pouco tempo residindo no bairro. De qualquer maneira ele era um estranho, não oferecia risco algum e o local era bastante iluminado e com pessoas circulando. Ela notou que o estranho parou a certa altura e ficou a observá-la discretamente, olhou algumas vezes para trás mas sempre seguindo seu rumo.
Chegando na casa da amiga nem lembrou mais do homem, conversaram normalmente sobre coisas triviais e depois de algum tempo decidiu retornar para sua residência. Olhou pela janela antes de sair na rua e viu o estranho com quem cruzara horas antes, ele estava sentado em um banco da praça que ficava bem próximo, chamou a amiga para mostrar, mas quando esta chegou na janela não viu ninguém, ao que Vera retrucou: aquele ali que está sentado no banco! Dulce olhou mas nada viu e perguntou a amiga se ela estava tendo visões. A lua cheia clareava perfeitamente o local, Vera via com perfeição o estranho ali sentado, ficou sem entender. Olhou para a amiga com estranheza e quando fixou o olhar para a praça ele já havia desaparecido.
Chegando em casa ficou a imaginar se estava tendo algum tipo de alucinação, mas procurou esquecer o fato, talvez estivesse cansada e um bom sono resolveria a questão. Sua casa ficava próxima a um largo onde alguns meninos costumavam jogar bola a noite, olhou pela janela e os viu naquele lazer noturno. Com espanto viu quando o homem de paletó e chapeu cruzou a rua em direção aos meninos ficando a observá-los jogando. Estava em pé e de vez em quando olhava em direção da sua janela como a observá-la. Ela fechou os olhos e pediu a Deus para que nada de mal lhe acontecesse, pois morava só e tinha algum receio de ser atacada. Abriu os olhos em seguida e espantou-se, o homem não estava mais lá. A lua cheia fez com que imaginasse talvez tratar-se de um vampiro, mas isso foi somente uma suspeição.
Na manhã seguinte, quando ia para o trabalho, viu que um dos meninos estava por ali e indagou sobre o homem, tendo ele respondido não ter visto ninguém com as características que lhe fornecera, isso deixou-a atônita. Por um bom tempo não viu mais o estranho homem, talvez por não ter luar. Isso ficou martelando em sua mente por um bom período, pensava em abordar o homem quando o visse com a ajuda da amiga, até que numa noite de lua programaram a investida. Nessa noite o homem cruzou com ela na rua, mas Vera não teve coragem de abordá-lo sozinha, chegou rápido na casa de Dulce e chamou-a para ir até ele. Olharam da janela para se certificarem se ele estava lá e seguiram para a abordagem. Saíram de casa, trancaram a porta e ganharam a rua, mas encontraram o local sem ninguém. Estranharam o fato e a partir dessa noite nunca mais viram o homem.