O Castelo

Dois homens foram colocados em um castelo desde o nascimento.

Tal castelo ficava localizado em um local místico, onde dava para ver todo o mundo. Por fora, era lindo, com muros prateados, portões de ouro e um jardim deveras, encantador. Mas por dentro, o castelo era sujo, tinha alguns animais peçonhentos, a estrutura estava danificada e os móveis empoeirados; Ele não tinha janelas, apenas uma porta gigante, que curiosamente, nunca esteve trancada. Mas nenhum dos dois até então, tinha decido abri-la.

Enquanto o mais velho, Dornen, passava boa parte do seu tempo lendo, escrevendo e adquirindo todo conhecimento possível, Blume passava o tempo imaginando quão maravilhoso deveria ser lá fora.

- Por quanto tempo mais permaneceremos aqui? Questionou Blume.

- Você não está cansado disso, Dorden?!

- Não sabemos como é lá fora, nem nossa origem e nem o que representamos.

- Isso não te perturba? - Questionou Blume.

- Você está aí sentado, lendo, desde que fomos trancados aqui. E para quê?

O que você sabe?

Dorden retirou seu óculos olhando para Blume com sinceridade, levantou sua mão e esticou seu dedo apontando para uma das gigantescas prateleiras de livros que havia por todo aquele cômodo.

- Blume, meu tolo irmão, vê esses livros? - Perguntou Dorden com uma tonalidade calma e uma expressão tranquila enquanto ria.

- Mas é claro que eu vejo, pois não sou cego. - Resmungou Blume com arrogância.

- Blume, quem colocou esses livros aí?

Blume colocou a mão no queixo, ficou pensativo por alguns momentos.

- Eu não sei. Estamos aqui desde que nascemos e eu nunca vi ninguém entrar aqui.

- Blume, e se outras pessoas, além da gente também já foram trancadas aqui e todos esses livros foram escritos por essas pessoas?

Dorden caminhou até um canto do quarto e apontou para outra prateleira com alguns livros.

- Esses livros aqui, fui eu que escrevi.

- Você escreveu tudo isso?! - Perguntou Blume espantado.

Blume retirou um livro da prateleira e começou a folheá-lo, até que uma frase chamou sua atenção;

''Confinado desde o nascimento, sinto que a morte seria libertadora. Lá fora não há nada de cativante, a realidade é um cadáver putrefato''.

Ao ler aquilo, Blume rapidamente fechou o livro.

- Isso é ridículo! - Gritou enquanto arremessava o livro na direção de Dorden.

- Você já esteve lá fora? - Perguntou Blume.

- Sim - Respondeu Dorden.

- O que você viu? Perguntou Blume.

Dorden permaneceu em silêncio.

- O que você viu? - Perguntou Blume novamente com um tom agressivo.

Ao perceber que Dorden não iria falar, Blume saiu correndo em direção a porta.

Respirou fundo e então à abriu.

[...]

Seus olhos ofuscaram e perderam o brilho.

O cenário que ele viu era completamente diferente do que ele tinha passado a vida toda imaginando.

Seu mundo desabou. Blume então voltou para dentro do castelo, quebrou o enorme vidro que havia na sala e cortou-lhe a garganta.