A ESTRANHA DULCE - A MULHER QUE QUERIA VOLTAR A SER VIVA

    Elenice não tinha a menor ideia do que tinha acontecido, seu carro estava semi destroçado em plena rodovia federal, ainda se via um volume de fumaça que saía do veículo e ela, atordoada, apenas observava tudo sem nada fazer, não tinha nenhuma reação. Atrás dela surgiu uma outra mulher, era Dulce, que gostava de ajudar as pessoas em apuros. Pegou sua mão e mandou segui-la, ela recuou mas acabou por atender a estranha e caminharam por um certo tempo.

    Entraram em uma construção monumental que se assemelhava a um castelo, mas alí não tinha rei nem rainha, somente pessoas vestidas de branco e sorridentes aos recebê-las. Elenice foi levada a uma sala onde lhe administraram um medicamento para que relaxasse, pois estava confusa. Algum tempo depois Elenice recobrou a memória e perguntou pelo seu carro, sendo informada de que não precisaria mais dele. Isso a contrariou e a fez entrar em desespero, pois lembrou do acidente na estrada, do caminhão que lhe atingiu em cheio e destroçou seu carro. Mas ela estava alí, achava-se viva, seu corpo estava intacto, exigia então que lhe levassem para sua casa. Foi informada que não mais pertencia àquele mundo o qual disse pertencer e para ele desejava voltar.

    Elenice se viu em outro lugar, deserto e de um céu acinzentado, foi como se ela tivesse perdido os sentidos e recobrado ciente da realidade. Perto dela estava Dulce que tentou tirá-la desse estado aconselhando-a a aceitar a sua nova condição de vida, não mais pertencia ao planeta Terra, mas ela retrucou, apalpou seu corpo e gritou desesperada dizendo que estava viva e desejosa de voltar ao seu convívio familiar. "É impossível" - disse-lhe Dulce. "Esse seu corpo não é de carne, você precisa aceitar para o seu próprio bem". A mulher que acabara de deixar o seu mundo estava intransigente e queria a todo custo voltar para lá. Dulce acenou para ela e sumiu como por encanto. Elenice teve a clara impressão de estar voltando no tempo, se viu dirigindo seu carro na rodovia, em seguida viu quando um caminhão que vinha em sentido contrário lhe atingiu frontalmente, sentiu seu corpo se destroçar acompanhado de uma forte dor. As pessoas de branco que vira antes, agora estavam ao seu lado para confortá-la.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 19/08/2019
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