A ESTRANHA DULCE - NINGUÉM SABE QUEM ELA É

    O sol surgia ainda tímido nessa manhã depois de alguns dias de chuva, os passos trôpegos de um bêbado fizeram com que ele fosse lançado ao chão, estava totalmente sem coordenação motora, seu rosto foi arranhado no barro endurecido da rua ainda umedecido pela água da chuva da noite passada. Ninguém por perto para socorrê-lo que alí permaneceu por alguns minutos, até que u'a mão acariciou sua cabeça e o fez procurar saber quem o ajudava. A "cana" braba que tomara na madrugada parecia que nenhum mal tinha feito a ele, que levantou-se tranquilamente e encarou a pessoa que o ajudara, era uma mulher que se identificou como Dulce, lhe oferecendo um sorrido amigável. O bêbado, que agora estava sóbrio estranhamente, agradeceu pela gentileza e virou-se para pegar alguns pertences caídos no barro. Ao se voltar para a mulher não a encontrou mais e sua lucidez foi pro brejo, caiu novamente no barro e alí ficou.

    Alí perto um homem o observava, viu a mulher e estranhou o seu sumiço rápido assim do nada, como se estivesse evaporado. Saiu em socorro do bêbado deitado no chão e todo sujo de barro. Levantou-o e fez caminhar, o homem agradeceu, começando a caminhar. Acenou em seguida para seu novo ajudante mas viu a mulher, Dulce, que sorriu para ele deixando-o desconcertado. Não a conhecia, ainda com andar trôpego lhe acenou e seguiu em frente, queria chegar em casa e tomar um bom banho para se livrar daquele barro em suas roupas.

Chegou em casa afinal depois de algum tempo caminhando, as chaves estavam em seus bolsos e pegou-as com facilidade, mas não conseguiu a mesma facilidade para abrir a porta. Quanto mais tentava enfiar a chave na fechadura mais complicado ficava, queria até desistir, mas Dulce alí estava para ajudá-lo e a bendita porta foi aberta. A sua esposa, de cara feia, apareceu e ele, meio chateado com a presença da estranha mulher informou que não a conhecia e que ela apenas o ajudara a abrir a porta. "Que mulher, não vejo ninguém aqui!?", respondeu a esposa. Sem ter mais o que dizer e não vendo Dulce, o bêbado entrou desconfiado e sentou-se no sofá sendo repelido pela esposa que mandou-o direto para o banheiro. Entrou para o banho e uma ducha fria o acalmou.

Depois o sono lhe venceu e foi direto para a cama. Sonhou que caminhava para casa, depois de uma bebedeira, quando tropeçou e foi ao chão. Era um barro semi molhado e isso fez com que suas vestes ficassem comprometidas com a sujeira. Tentou levantar-se mas foi em vão, até que surgiu uma mulher para ajudá-lo e ele logo a recoheceu, era Dulce. Espantou-se mas procurou manter a calma, ela tranquilamente o ajudou a levantar-se e caminhar, dessa vez no sonho conseguia. Mas no sonho, como na realidade, a mulher sumira também, deixando-o confuso. Levantou-se e caminhou alguns passos, voltou-se e viu que ela alí estava. Melhor ir prá casa, pensou, e foi o que fez. Ao chegar na residência teve dificuldade para abrir a porta, a cabeça rodava, mas alguém se prontificou a fazer isso por ele. A porta foi aberta e sua mulher surgiu furiosa por ter chegado naquele estado lastimável. Ele se desculpou e foi logo avidando que não tinha conseguido abrir a porta e que a mulher que alí estava apenas o ajudara. "Que mulher!?", diz a esposa já sem controle. O homem, que vinha de uma farra, olhou ao redor e não viu Dulce, remente não havia mais ninguém alí além dele e da esposa. Todo sujo foi orientado a ir direto para o banheiro e tomar um banho, sendo exatamente o que fez.

Após banhar-se foi para a cama, o cansaço vencia seu corpo e não tinha outra opção. Dormiu rapidamente e sonhou que caminhava tropegamente pela rua e caía no chão barrento...

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 18/08/2019
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