O Açougueiro

Um dia um homem construiu uma enorme casa no meio de uma favela. Uma casa de dois andares, com um açougue na frente anexo à casa. Ninguém sabia como era a casa por dentro, porque o dono da casa e sua faxineira nunca abriam as janelas. Ele só abria a porta pra sair de casa e só saia de vez em quando pra fazer compras. Mesmo sendo muito recluso, o misterioso açougueiro sempre atendia muito bem os seus clientes. Misteriosamente ele conseguia vender sua carne bovina muito abaixo do preço de mercado. Como ele tinha o seu próprio galinheiro, muito bem cuidado por um empregado, ele produzia seus próprios frangos e seus próprios ovos, conseguindo assim, ter um preço um pouco melhor do que os concorrentes. Porém, com o decorrer dos meses, ninguém via nenhum caminhão de frigorífico estacionar perto do açougue ou entregar carnes no local. Mas as carnes estavam sempre ali na vitrine, fresquinhas e saudáveis. A variedade era pouca: Filé, contrafilé, músculo, coração, fígado, dobradinha e costela bovina. Além disso, frango e ovos. Nada de carne suína. Ainda assim, o açougue era muito bem freqüentado e o simpático açougueiro estava levantando um ótimo dinheiro com o seu empreendimento.

Um dia, dois menores do tráfico resolveram invadir e assaltar a casa do açougueiro. Mas assim que entraram pela porta dos fundos, que misteriosamente estava sempre destrancada, os dois moleques foram laçados pelos pés por ciladas colocadas logo depois da entrada da porta. Então os dois viram o sorridente açougueiro, que com um cutelo na mão direita, trancou a porta dos fundos dizendo baixinho:

- Ah! Carne fresca!

Semanalmente sumiam alguns bandidos da favela. E o açougue sempre tinha carne fresquinha para os seus clientes.

FIM