O VAMPIRO DA ESTAÇÃO EM NOITES CHUVOSAS

    Aquele rosto flácido e envelhecido semi coberto por um chapéu preto se transfigurava lentamente, apresentava um rubor de dar calafrios em quem o visualizava, geralmente em noites frias de inverno, quando dele se aproximava sem dar conta do grande perigo que corria. Em chegando perto não tinha mais como retroceder, tinha que enfrentar esse personagem envolvido em sua capa enegrecida e fétida. Aquele que cruzasse com essa fugura dantesca estaria automaticamente seduzido pelo seu poder de força mental, dificilmente escaparia com vida, sendo pouquíssimas as vítimas que lograram êxito ao escaparem de suas garras.

    A estação ferroviária estava quase vazia, passava das oito da noite de uma sexta-feira chuvosa, o último trem acabara de chegar em seu ponto final deixando algumas pessoas que voltavam do trabalho na cidade próxima ou que para lá foram a negócios. O maquinista desceu tranquilamente e nem imaginava que aquele senhor sentado em um banco afastado da entrada fosse lhe pedir algo através de um aceno. A ele se dirigiu com um sorriso, fitou seus olhos e sentiu-se hipnotizado mesmo antes de dizer alguma coisa. Os olhos avermelhados do homem o havia controlado em poucos segundos e o fez segui-lo ao levantar-se de onde estava. Ganharam um matagal alí próximo e não foram mais vistos. As poucas pessoas que alí se encontravam nada perceberam. Na manhã seguinte o corpo do maquinista foi encontrado sem uma gota de sangue.

    Almerinda era uma senhora que trabalhava como doméstica na cidade próxima e diariamente pegava o trem que a levaria ao seu emprego, voltando religiosamente no trem das sete da noite, o último, desembarcando na estação final que ficava bem próximo de sua casa. Ela contou a algumas pessoas ter sido vítima desse elemento desconhecido e que só era visto em noites chuvosas de inverno. Havia saído da estação e se dirigia para sua residência quando fôra abordada por ele, um "psiu" a fez voltar-se naquela rua quase sem iluminação. Estava de sombrinha e enfrentava a chuva quando o homem a segurou pelo braço, quiz gritar mas não conseguiu, a força do olhar dele a incomodou e neutralizou qualquer reação física que tentasse. A boca do homem já se aproximava de sua garganta quando suas mãos trêmulas segurando um crucifixo se aproximaram daquele rosto horrível que acabara de vislumbrar mesmo estando o local ermo. Ao ver o objeto sagrado o homem soltou um urro abafado e largou-a, correndo em desabalada carreira e embrenhando-se no mato. Almerinda chegou em casa aos prantos sendo socorrida pelo marido e filhos.

    Esse fato se repetiu com diversas pessoas da localidade, os corpos eram encontrados sempre sem o sangue, que era sugado pelo vampiro misterioso das noites de chuva e sempre na estação ferroviária ou em suas imediações. Medidas de precaução foram tomadas pela Polícia local mas o elemento nunca era descoberto, todos tinham muito receio, exceto nas noites de tempo bom quando ele nunca agia.

    Passava o tempo e parecia que as pessoas esqueciam que o vampiro existia, quando começava a chover vinha a preocupação dos que se lembravam, só não sabiam onde exatamente ele iria atacar. Os ataques passaram a ser esporádicos até que nunca mais o vampiro da estação foi visto ou identificado.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 03/07/2019
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