SEITA  MISTERIOSA
    Um conto narrado por Roberto Antunes: >  “Eu morava no interior da cidade de Passo Fundo/RS -  Resolvi andar na  minha moto  para passear com as minhas duas filhas pequenas... naquele tempo antigo não se usava capacetes... coloquei as duas filhas na garupa da moto e saímos pelas estradas de chão batido, e o entusiasmo pela liberdade vivida, me fez ir mais longe do imaginado e quando resolvi voltar a noite se fez presente... deparei-me com uma bifurcação  e dobrei para o lado errado, perdendo-me nas estradas escuras, e a única luz existente  era o fraco farol da moto - não havia nenhum tipo de veículos na estrada, mas depois de percorrer uma certa distância notei pelo retrovisor que vinha uma moto atrás de nós... quando eu diminuía a velocidade a moto atrás também diminuía e quando eu andava mais rápido ela também fazia o mesmo... não gostei da ideia do motoqueiro,  resolvi continuar a viagem desta vez mais rápido, até chegar num ponto movimentado, onde uma pessoa na estrada nos fez sinal para entrarmos a direita, e foi o que fizemos... descemos por uma ladeira onde havia uma casa antiga, sede de uma seita - lá haviam muitas pessoas, uns que vieram a pé e outras que deixaram seus transportes na frente da seita> como bicicletas, cavalos, carroças e uns três automóveis que seriam dos mais abastados financeiramente.
                 Deixei as minhas filhas na moto e entrei na seita para conseguir informações que pudessem ser úteis, para um perdido. Notei que as pessoas ficavam tomando algo que parecia um alucinógeno... e isso fazia com que elas dançassem de uma forma esquisita, como se estivessem fora de sí - tinha uma pessoa que estava com trajes pretos e o rosto  coberto,  portando uma bandeja cheia de copos com o líquido estranho que oferecia aos presentes e quando me ofereceu, eu o rejeitei. O que eu queria mesmo era sair daquela seita... passei entre a  multidão dançando como eles, para disfarçar. Olhava cada um, mas eu não era correspondido pois os seus olhares se perdiam no vazio... minha preocupação era com as minhas filhas... consegui sair da seita e chegar na moto onde as minhas filhas estava chorando assustadas, coloquei-as na garupa e saí da seita misteriosa... o motoqueiro que havia me seguido já tinha se ocultado entre os frequentadores.  
                 Após eu andar com a velocidade máxima que a moto conseguia, acabei descobrindo o caminho que me levaria a nossa casa. Lá salvo... fiquei pensando qual seria o objetivo da moto que nos seguiu... e que seita seria aquela no meio do mato e quem seriam os frequentadores”?
                Eu nunca fiquei sabendo, pois o Roberto que viveu este conto, jamais voltou aquele lugar.
Scaramouche
Enviado por Scaramouche em 13/04/2019
Reeditado em 14/04/2019
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