SITUAÇÃO INVERTIDA

Bem ali, perto da cortina, jazia um corpo inerte. No primeiro momento, Sandra achou que se tratava de um cadáver, mas ao se aproximar, percebeu que aquele homem, respirava. Gritou por ajuda e logo foi atendida por vizinhos, que estranharam aquele homem ali. Chamaram uma ambulância, que o levou para o hospital, onde permaneceu em coma durante longos 12 anos.

A vida continuou e quase ninguém falava sobre o desconhecido, que continuava lá, numa cama de hospital. De nada adiantou fotografias em jornais e apelos por rádio e televisão. Nada de diferente aconteceu durante todo esse tempo.

Numa tarde de outono, quando estava bem sossegada, lendo um livro no jardim, chega uma notícia, trazida por sua melhor amiga.

_O homem despertara!

Ela arrumou-se rapidamente, e movida pela curiosidade partiu para o hospital. Ao adentrar o quarto, deparou-se com um homem de semblante calmo, e que, se não fosse tanto tempo ali internado, diria que simpático e bonito. Aproximou-se insegura e ao mesmo tempo curiosa. Ele estendeu sua mão e disse:

_Você não sabe o tamanho da minha alegria, ao te reencontrar! Todos ali se entreolharam e ela confusa perguntou:

_Você me conhece?

_Sim, te conheço, você não lembra?

Foi quando ela olhou ao redor, e percebeu, que estava acordando, não sabia exatamente o que estava fazendo ali, mas aquela mão estendida a confortava e a deixava mais segura. O que teria realmente acontecido? Onde estava? Quem são essas pessoas? Ela se perguntava...

Quando o médico entrou foi bombardeado por perguntas e calmamente foi respondendo a cada uma delas. No final Dr. Alessandro disse:

_Você passou muito tempo aqui, é compreensível a perda de memória, mas com o tempo você irá recuperá-la.

_E aquele homem ali, quem é?

_Que homem? Perguntou o médico. Aquele que estar a sorrir pra mim perto da janela.

_Como é ele? Perguntou o médico que muito interessado pela história dela, ficava cada vez mais curioso, para poder ajudá-la.

_Perto da janela, não tem ninguém, mas o homem que você

descreveu, muito se parece com seu marido, encontrado morto quando a trouxemos pra cá a 12 anos atrás.

Cada vez mais, Sandra ficava confusa, e era normal que tanto perguntasse. Foi quando exclamou:

_Eu sonhei que este homem estava aqui, nesta cama, em coma, e quando desperto, a situação está invertida.

Todos com ar de seriedade saem e a deixam a sós.

Quando o médico retorna, tem uma surpresa, ela de pé, linda e bem vestida, trazia nas mãos belas flores do campo. Quando perguntou quem as trouxe, ela sorriu e disse:

_Ele, o moço, que você disse ser meu marido.