A MORTE ME VISITOU

            É uma narrativa interessante acontecida comigo em 1970 que ficou marcada como uma situação... criada pela mente, sem ela, a mente ter consultado o meu consciente.
            E tinha adquirido um barco Snipe, batizado de “Dunga”. O Dunga acompanhou-me durante o verão de 1970 em grandes aventuras na praia  de Ipanema, a nossa, na orla do rio Guaiba  em Porto Alegre.
 Teve um belo dia ensolarado e convidativo para novamente entrar no Guaiba e aproveitar aquela que seria a última aventura com o Dunga... e naquela vez a minha vida ficou ameaçada quando o Dunga atingiu aproximadamente no meio do rio que ficava algumas centenas de metros... quando uma tempestade assustadora, que após grandes estragos e arrancar árvores fez o Dunga perder a bolina que dá sustentação ao barco, que foi ao fundo do rio, e não contente o vento carregado de ondas e trovões com uma chuva torrencial arrancou os parafusos do leme enviando-os para os ares, o mastro de seis metros de altura foi quebrado e arrancado do centro do barco que para terminar o serviço ameaçador fez ele ficar sem rumo... dar uma virada repentina de 360%, virando-o fazendo com que o casco ficasse para cima jogando-me dentro da água... no fundo do barco não tinha onde agarrar-me abracei um pedaço do mastro que estava ao meu lado e fui obrigado a segurar com a outra mão na parte de  baixo que seria o convés onde havia formas de segurar - com a cabeça levemente erguida para respirar, mas as vezes tinha que usar da apneia porque as ondas alimentadas pela chuva, raios e o vento forte encobria o meu rosto e quando as ondas davam uma trégua, eu conseguia respirar... essa era a minha luta contra a morte.
            Eu comecei a ficar num desespero consciente e mesmo com o medo tomando conta parecia que a calma também existia ao passo de pensar que não haveria forma de sobreviver, seria apenas algum tempo de vida e largar as mãos que estavam me dando esta sobrevida já estava sendo cogitado, mas só foi vencido pelo extinto de sobrevivência e eu continuei segurando e respirando quando fosse possível... Então eu não sabia... depois de ficar uma hora naquela angustia se eu estava sonhando se tudo aquilo era real... mas pensei ter visto ao longe um barco de pescador saindo duma encosta de morro e que seria ele o pescador, que iria  me salvar levando-me  para a sua residência de pesca na beira do morro. Minha mente e o excesso de força entraram em confusão... seria aquilo verdade? Ou eu tinha desistido da minha angústia?
 Essa duvida fez com que nos três dias seguintes mesmo fazendo meus afazeres normais sempre a mente confusa tentando me convencer que eu seria um morto e que tudo o que estava acontecendo seria uma pré-preparação para a morte  acontecer realmente... mas o barco do pescador realmente existiu e foi o que me salvou... o pescador foi um herói real que eu agradeço por ele ter existido. Devo também considerar na minha insistência em viver e nas condições físicas adquiridas no judô. Hoje estou com 74 anos e vivo. A foto é do Dunga e eu sou o da esquerda. Havia mais dois tripulantes que também sobreviveram, mas este conto é sobre a minha aventura. 

A minha forma de contos... não tem edição

Scaramouche
Enviado por Scaramouche em 28/11/2017
Reeditado em 29/11/2021
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