A salvação do Padre Grevy

O Padre Grevy, homem pio, levou uma vida consagrada ao sacerdócio. Em tudo crendo e a Deus, credo oferecendo. Muitos de minha geração, como anteriores e posteriores hão de se lembrar daquele fiel temente ao Criador e a qualquer outro sobressalto assustador.

Sua passagem como vigário de Papagaios, MG, está escrita - e muito bem, por sinal - na obra de Bartolomeu Campos Queirós e, ouso aqui resumi-la num par de frases: sua missa era rapidinha, sem coleta nem sermão. Logo acabada, ele corria para o campo para ver o futebol da rapaziada.

Consabida era a sua paixão pelo Galo, o Clube Atlético Mineiro. Nos anos setenta, já em Pitangui, ele assistia, fervoroso a todos o jogos do Galo, desde que ganhos e gravados - depois da missa. E não era uma carga muito pesada, pois à época, o Cruzeiro de Tostão, Dirceu, Piazza e Zé Carlos, principal adversário do Galo, papava tudo quanto era título.

Ao se aproximar do ocaso existencial, Grevy abandonou a higiene pessoal. Mas continuou frequentando o altar, causando aos fiéis crescente mal-estar. Nasal, bom frisar.

Queixa levada o Bispo, então Dom Belvino, titular da Diocese de Divinópolis, divina inspiração foi-lhe soprada para a resolução da pendência que envolvia, quiçá, alguma penitência.

Dom Belvino visitou Grevy e lhe comentou haver recebido aviso angelical que agora se apressava em transmitir: cada dia que Grevy passasse sem tomar banho correspondia a um igual período de passagem pelo Purgatório.

A partir dali, o bom Grevy, renascido por graça verdadeira, o que passou a ser pego literalmente na banheira, daria uma história inteira...

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 11/12/2016
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