Cada destino, uma sentença.

Quando ele voltou à realidade tudo era puro breu. Era tarde da noite, já. Levantou-se, bateu a poeira e saiu procurando a sua moto. A moto estava a poucos metros, mas havia perdido a chave. Procurou por alguns minutos, mas não a encontrou. Pensativo, sem ter muito que fazer. Olhou a sua voltar novamente. Bateu os bolsos para ver se encontrava algo, mas, nada. Começou a ouvir uns passos em sua direção, mas não conseguia ver ninguém.

__ A chave que você procura, não lhe serve mais, meu rapaz.

__ Como assim! Quem é você?

__ A chave que você procura não está aqui.

__ Mas, onde, então, posso encontrá-la?

__ Se realmente quer encontrar o que procura, vá ao cemitério em que estão enterrados os seus ancestrais. Lá você encontrará a chave que procura e as respostas as suas perguntas.

O rapaz largou a moto e saiu tateando o caminho na escuridão, até o cemitério que ficava, ali, não muito longe de onde ele estava. Chegou, depois de uma boa caminhada, até o cemitério no qual estavam enterrados alguns parentes seu. Pôs-se em frente ao portão, mas o mesmo estava trancado. Tentou abri-lo, forçando o cadeado que o trancava. Pôs-se a pensar. “Como saberei que a minha chave veio parar aqui”? “Que respostas eu irei encontrar em um cemitério”? “Isso é loucura!” Pensou ele! “Vou procurar outra maneira de resolver este problema. Estou perto da casa dos meus tios. Certamente eles irão me ajudar”. Foi quando novamente a voz apareceu.

__ Nada e nem ninguém neste mundo podem ajudar você, meu rapaz! Tudo agora está por sua conta. Se quiser encontrar a chave para a solução do seu problema e encontrar as respostas que procura, entre no cemitério. Lá este mistério acabará.

__ Mas como vou entrar se está tudo trancado?

__ Você tem autorização para entrar. Peça para entrar que as portas se abrirão.

__ Que porra é essa! Como as portas do cemitério irão se abrir para mim, caramba!

__ Faça isso, meu rapaz, e descubra você mesmo. Somente aí você encontrará os rumos do seu destino. Vá antes que o seu tempo se acabe e você fique para sempre, aqui do lado de fora.

O rapaz sem muitas opções e sendo a coisa mais apropriada para o memento, segue em direção ao portão do cemitério, novamente. E fala com a voz tremula e abafada...

__ Eu quero entrar.

Os portões, assustadoramente se abrem à sua frente. Ele ultrapassa e ouve uma forte pancada dos portões se fechando, quando ele adentra no cemitério. Apavorado corre em direção à saída gritando...

__ Eu quero sair daqui! Pelo amor de Deus, me deixa sair!

__ Você só tinha permissão apenas para entrar, meu rapaz! Agora encontre o que procura e dependendo das suas escolhas, você pode até sair.

O rapaz acalma-se um pouco e sai procurando, dentro do cemitério, entre as covas e túmulos, o que ele mesmo não sabe bem direito o que era. Até que em uma das covas ele ver a chave de sua moto. Uma cova ainda com terra fresca e remexida recentemente. Toma um susto ao ver que a chave de sua moto encontrava-se, ali. E fica pensando em como é que ela foi parar naquele lugar sombrio e o que ele estava fazendo naquele local e àquela hora da noite.

Ele pega a chave e sai em direção ao portão, mas o portão não se abre. Tenta abrir o cadeado com a chave da moto e ouve a voz novamente.

__ Essa chave não liga mais nada neste mundo, meu rapaz. Nem abre portas, nenhuma.

__ Então porque você me trouxe aqui? Qual a finalidade de encontrar a chave se ela não serve mais para nada.

__ Ela vai revelar o mistério da sua vida. Vá até onde você a encontrou e desvende esse mistério. Só você pode resolver isso, mais ninguém.

__ Mas como?

__ Cave, cave meu rapaz. Alguns tesouros estão sob a terra, outros sobre a terra.

__ O que há de tão valioso lá dentro? Quem está lá?

__ Descubra meu rapaz, cave?

O rapaz bastante apavorado, mas com um pouco de curiosidade em saber o que encontrar, cava a cova em que estava a chave. Depois de alguns minutos e ainda ofegante ele para instantaneamente ao deparar-se com o maior mistério da sua vida.

Já bem perto da meia noite. Agora, sob o clarão da Lua ele tem a visão mais assustadora de toda a sua vida. Ao observar pelo vidro do caixão que o maior mistério da sua vida era a sua própria morte. Contemplava ele a si mesmo, naquele momento.

__ Mas como!?

__ Você morreu antes da hora, meu rapaz! Você só não sabia disso, ainda.

__ Quem é você? Por que me trouxe aqui?

__ Eu sou seu anjo de luz. Sem mim você jamais encontraria as respostas e ficaria para sempre achando que estava vivo, sendo que já estava morto.

__ E agora! O que vai acontecer?

__ Agora você tem duas opções. Acredita no fato de está morto e me libera da função, que agora é sua. Ser um anjo de luz que orientará e levará outros a certeza da morte. Ou acredita que tudo não passa de um pesadelo e acorda morto, achando que está vivo. Faça a escolha. A escolha é sua. Mas preste atenção! Essa é a sua única chance.

__ Já é quase meia noite, meu rapaz! O seu tempo está acabando. Escolha.

__ Se eu escolher ficar vivo! Eu estarei morto.

__ Se eu escolher ser o que você diz! Eu serei um morto-vivo até cumprir minha sentença!

__ Faltam apenas alguns minutos, meu rapaz, escolha logo!

__ Eu escolho...

E deu meia-noite. Mas deu tempo também dele fazer a sua escolha. Mas somente o rapaz e seu anjo de luz sabem qual o foi o destino de cada um.

Pedro Barros.

Barros Nasimento
Enviado por Barros Nasimento em 31/10/2016
Reeditado em 01/11/2016
Código do texto: T5808701
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