O saquim de Kim

Mana Bebel, com sua espontaneidade para identificar traças e traços hollywoodianos nas pessoas, não titubeou: definiu como Kim Novak aquela prima que, como descida de uma Galáxia, pousou em nossa casa, para uma visita de fim de semana.

E Kim era Joana d´Arc, com sua lourura de dar loucura. Até na minha inocência tão pura. E era a primeira, como foi a última vez que tivemos contato imediato de primeiro grau com aquela estonteante beldade, de quem antes tínhamos só informação de que existia.

Já no esplendor de sua mocidade, d´Arc, perante minhas manas sub-adolescentes e deslumbradas deu um show, muito muito à vontade.

Roupas, cabelos, unhas, e sobretudo o olhar que se acumpliciava ao sorriso invulgar, tudo nela fazia sonhar. E de beliscar, vontade dava.

A rapaziada da provinciana mas sempre altiva Pitangui, assanhou-se de tal maneira que a dorense do Indaiá, fagueira, só fez incandescer mais a fogueira. Labareda matreira.

E de estrela a cometa, foi breve mas inesquecível a sua visita. Feito o feito de Halley continuamos, sebastianistas, aguardando o luminespetaculoso retorno.

Incapacitado de enfrentá-la a olho-nu, contentei-me a guardar seu saquinho, que, quando cheio, guardava um líquido esbranquiçado, e prodigioso em seu resultado: era o xampu, novidade das novidades, que parecia querer dizer-me I love you.

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 25/08/2016
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