BELO MISTÉRIO NO TEATRO

 Sapatilhas de bailarina rodopiavam no salão
Saiotes coloridos, em rosa claro, esvoaçavam
Luvinhas brancas gesticulavam com suavidade
Tudo lindo, se houvesse corpos a se enxergar
Vitória, a faxineira do lugar estava estupefata
Será que estava ficando louca?
Não era mulher de medos e amava aquele lugar
O grande teatro era sua vida e residência
Não havia música audível no momento
Ninguém mais estava lá, além dela, na sua função de limpar
O último balé se apresentara há três dias
Ela só tinha que fazer a manutenção diária
Que coisa estranha, pensou!
Via três pares de trajes e sapatilhas de bailarinas
Mas, nada os preenchia, apesar de estarem dançando
Foi se aproximando devagar, nada mudou
A visão fantástica prosseguia linda
Lembrou de uma história antiga do teatro
Contavam que três bailarinas, já com certa idade
Faziam uma apresentação, quando um raio caiu
E destruiu parte do teto do teatro, as atingindo em cheio
Os antigos funcionários do teatro, diziam a boca pequena
Que por vezes em noite clara de luar, elas apareciam por lá
Vitória, nunca dera muita atenção, achava uma grande bobagem
Já trabalhava ali, há muitos anos e isso nunca havia acontecido
Hoje era realmente, uma noite clara de luar
Sentou simplesmente em uma das poltronas e ficou observando
Imaginando a música que elas estariam dançando
Ao terminarem a apresentação, fizeram gestos de agradecimento ao público
Vitória, meio encantada com o que via, resolveu aplaudir efusivamente
E assim, com delicadas reverências, elas desapareceram
Vitória, continuou o seu serviço, satisfeita
E a vida seguiu seu curso....

Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 15 de fevereiro de 2016.
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 15/02/2016
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