A Senhora da casa ao lado
As suas mãos enrugadas tremulavam com a xícara no ar, enquanto assobiava uma velha canção, perseguindo o vazio com seus olhos negros, o silêncio a sua volta e a forma como os cabelos emaranhados contornavam seu rosto palido, quase sem vida, dava aquela cena, o toque de terror necessário para começar uma história. Mas se eu te dissesse, que aquele era, na verdade o final. Que as páginas grudadas do fundo do livro, amarrotadas de mofo e pó e esquecidas em algum canto escuro, contavam uma história triste de trás para frente, e se eu te dissesse que aquele livro antigo, mofando sob a mesa, trazia um segredo oculto, abandonado pelo tempo, se eu te dissesse que bastava ignorar as aparências que a capa lhe evidenciava, se eu te dissesse que no que muitos vêem lixo, eu vejo um mistério e se eu te dissesse, que bastava caminhar por um vale deserto, cheio de árvores estranhas e vislumbrar de longe uma casa solitária, em meio as nuvens cinzas que pairavam sob o céu.
Se eu dissesse que bastava caminhar mais um pouco, abrir a porta e passar pela sala. Já do corredor, você seria capaz de ouvir aquela música e uma estranha senhora, sentada frente a janela, em suas mãos uma história(...) Você sentaria pra escutar?