O UNIVERSO ALADO DO MEU AMIGO ANDRÉ E DO FUSCA

O UNIVERSO ALADO E MARAVILHOSO DO MEU AMIGO ANDRÉ E DO FUSCA

Fusca é um estilo de vida, uma ideologia sincera e coerente, um ângulo pelo qual se vê o conteúdo da vida, um cronômetro que marca o andar do tempo de forma natural e pausada, um jeito humorado e gostoso de desfrutar a companhia de alguém, enfim, uma filosofia amena e doce de deixar a vida seguir seu curso.

Pilotar um fusca é como tocar uma dama: há que se ter muita habilidade e cuidado. A mulher é o ser mais delicado e precioso da natureza.

Quem dirige um fusca e vê uma linda mulher, não sei o porquê, de imediato, o pará-choque fica duro, o farol fica aceso e quer trocar o óleo. Conclusão: o fusca é afrodisíaco.

O nome fusca está atrelado à alegria, à fantasia, a divertimento, a passeio, a lazer e a reviver.

Amor de fusca é igual ao de mãe: eterno, incondicional, inigualável, imensurável e platônico.

Dizem que o melhor amante é o fusca, porque para amar bem é preciso ser à moda antiga, ser dedicado, zelar, dar atenção, ser assíduo, ouvir bem, ser saudosista, dar carinho, ser resistente, ser demorado, ser alegre, bom de cômodo, silencioso, experiente e ainda dar flores.

Andar de fusca é ter contato com a natureza: o rosto ao vento, o cheiro da essência da gasolina, o calor dos bancos, a visão privilegiada das meninas, numa saliência o asfalto nos pés e o barulho de buzina.

Dono de fusca tem no porta-malas o embornal de ferramentas: macaco, lixa, reserva de correia dentada, vela, chave de fenda e, claro, óculos de sol para enxergar bem as moças.

Dono de fusca detesta equipamentos modernos, sem essa de ar condicionado, injeção eletrônica, vidro elétrico, direção hidráulica, aliás, com todo o respeito a todos os gostos e às opções sexuais, isso é coisa do mal e frescura de boiola.

Dono de fusca tem que ter estar em forma e passar em todos os exames: preparo físico para empurrar a máquina; pressão baixa para agüentar o calor da emoção, perícia para fugir das poças, paciência para fazer ultrapassagens, tempo e bom gosto para curtir as viagens.

A fuscomania alterou a história da humanidade. Por isso, depois do advento do Fusca, metafísica e hipoteticamente, assim caminha a humanidade: se mamãe soubesse dirigir, quando me dizia, à noite, filho “sonhe com os anjos”, teria dito “ sonhe com fuscas”.

Se Airton Senna tivesse dirigido um fusca, teria ganho o título mundial de fórmula I com ele, sem dúvida.

Mudar-se-ia o provérbio popular “ Se deres um peixe a um homem, matarás a sua fome por um dia, se o ensinares a pescar, matarás a sua fome por toda a vida”, acaso transposto para o fusca, assim passaria a enunciar: “ Se deres um fusca a um homem, matarás a sua fome de veículo por uma vida inteira, se o ensinares a construir fuscas, matarás a de todas as suas reencarnações”.

Até mesmo Sócrates, o filósofo, teria adorado dirigir um fusca, aliás se Sócrates tivesse andando de fusca, não teria sido um filósofo, mas teria sido piloto de carro ou um mecânico.

Dom Pedro I, acaso tivesse visto um fusca, em vez de ter dito a frase famosa “Diga ao povo de que fico”, teria proclamado “ Diga ao Povo que eu fico com o Fusca”.

Se Dante Alighiere fosse contemporâneo ao fusca, decerto não teria escrito “A Divina Comédia”, senão o “Divino Fusca”.

Se Willian Shakespeare tivesse conhecido o fusca, certamente não teria escrito “Romeu e Julieta”, mas sim “ Eu e o Fusca”.

Se Santos Dumont não tivesse dado nome a seu primeiro avião bem-sucedido de “14 bis”, mais do que certo que o nomearia de “14 Fuscas”.

Da Vinci não teria pintado a “Gioconda” e sim a “Fuscaonda”.

Até mesmo o Rei Arthur, se não tivesse a guarda “Os cavaleiros da Távola Redonda”, teria “Os Fuscas no Reino de Bretanha”.

Se Michelangelo, ao invés de esculpir a mais conhecida estátua, tivesse feito a de uma fusca, não teria certamente dito “Parla Moisés”, mas sim “Anda Fusca”.

Até os Dez Mandamentos, há quem acredita que, Deus aos escrevê-los e entregá-los a Moisés, nos originais estava escrito:

1. Amar ao Fusca sobre todas as coisas.

2. Não tomar a direção do fusca em vão.

3. Guardar o fusca nos domingos e em festas.

4. Honrar o fusca.

5. Não matar alguém dentro do fusca.

6. Não estragar nem riscar a carroceria do fusca.

7. Não furtar um fusca.

8. Não levantar um fusca sem um macaco e uma testemunha.

9. Não desejar o fusca do próximo.

10. Não cobiçar o fusca alheio.

Dono de fusca acredita que o projeto do fusca é mesmo anterior à invenção da roda, talvez do fogo e, com certeza, antes da invenção da pílula e da camisinha, senão não poderia usufruir desses artefatos dentro do seu possante.

Quem sabe o “Big Bang” não tenha ocorrido a partir de um explosão no interior de um escapamento de fusca? É possível e até que provem o contrário, o princípio da inocência e presunção nos favorece!

A não ser a hipótese de toda a ciência estar errada e o senso comum estar equivocado, o fusca não é um veículo de rodas , mas um anjo de asas, não é uma invenção humana, mas sim uma criação divina.

Retornando à realidade e agora falando sério, por acaso do destino, certo é que passei a conhecer melhor o Fusca, quando conheci o meu amigo ANDRÉ LUIZ GOMIDE PORTILHO, o mais vibrante e defensor deste veículo.

Então, pude conhecer toda a nostalgia e o misticismo que circunda esse universo imaginário e pitoresco da fuscomania e saborear, com alegria e surpresa, de toda a descontração e sutileza que somente um carro como o fusca pode proporcionar.

O André acorda, labuta, passeia e dorme falando nesse carro, penso até que, ao adormecer, deve repetir por diversas vezes à noite, em seus sonhos: Fusca, Fusca, Fusca (...).

Coincidência ou providência divina, o FUSCA FAZ 50 ANOS de existência em 2009 e, sendo isso verdade, confesso que a profecia se confirma, o André é, de fato, um irmão gêmeo desse automóvel fantástico e apaixonante, porque, além de ter nascido no mesmo ano do Fusca e também fazer neste ano o seu cinquentenário, sempre tive a impressão de que o André foi feito da mesma matéria, constituído da mesma energia e compartilha da mesma alma de um modelo fusca.

Nunca vi alguém parecer tanto com um carro e permito-me imaginar que decerto o André tenha sido concebido no mesmo instante que o primeiro protótipo do Fusca, um verdadeiro ente par e astral, cuja escritura de nascimento, para ser mais autêntica e precisa, deveria constar André Luiz Gomide Portilho Fusca.

Feliz cinquentenário, para o meu amigo André e o Fusca, parabéns por juntos completarem meio século de vida, com muita história para contar, muita lembrança lúdica, incontáveis momentos de alegria, com saúde na matéria e na alma, ladeado de pessoas de luz e de grandeza de espírito e, o mais importante, sob a proteção da energia superior(Deus).

Anailson Garcia Ribeiro, Advogado, escrito com a cooperação de André Luiz Gomide Portilho