O Sol tirano
Terra de céu flamejante, o Sol inclemente queima a pele dos viventes e transforma em fogo todo aquele que nega adoração. Não há noite, não há lua, só há dura quentura e dela a lamúria consequente.
Um dia um alguém especial nasceu, predestinado... embaixo da única sombra que um dia existiu naquele lugar.
Era livre da tirania do astro.
Partiu, quando já crescido, jurando voltar e fazer adormecer o gigante celeste que há tantos anos amedrontava o povo...
Correu chão seguido dos raios áureos e impiedosos, não podiam atingi-lo, mas denunciavam ao originador o que se passava àquele rebelde filho da terra. Não era rebeldia, era liberdade. Se sentiu ameaçado por um mero humano que nunca precisou curvar-se para ele.
Tanto andou, não achou.
A bendita Lua que traria a noite e a euforia de sua família era impedida pelo Sol que o seguia.
Cansado daqueles infinitos dias, caiu derrotado, mas foi nessa noite interior que ele conheceu a prateada Lua, ela lhe contou os segredos do dia e o que fazer com o responsável pela tirania.
Ao despertar, voltou para casa em júbilo pela descoberta: vos livrarei de tamanha covardia...
Explicou ao povo: "aquele lá em cima só reina porque deram o poder que ele queria!"
Entenderam bem o que foi dito, o poder só existia porque o povo temia. Resolveram apagar o Sol de suas vidas e tiveram a certeza que ele nunca mais voltaria.