A PESTE

O major ivonet da sacada do seu Castelo observava todo o oceano Atlântico, as ondas, as nuvens, o sol, a lua e os astros, ele marcava cada um na sua mente, sua visão ia até o último abismo do mar.Assim como a vida, o oceano mudava de tempos em tempos, na sua formação, na sua cor e disposição, o major com certeza sabia o tempo olhando para o mar. Por esses tempo ele esperava a caravela do capitão Mac Clay, escocês que fazia a rota Inglaterra, África e Brasil, e por esses tempos estava para aportar no cais de Aracati, para deixar e levar produtos da região, principalmente cera carnaúba, já estava atrasado na concepção do major, calmarias no centro do atlântico imaginava o major. De manhã do outro dia, o risonho sol nascia pras bandas do leste, e tinha um risco no centro, coisa que deixou o capitão apreensivo, pegou sua luneta presenteada pelo trambiqueiro italiano Toni Beluci, que conheceu na cidade do Porto, em uma bebedeira que até hoje não levou sua ressaca embora. Era complicado olhar pro sol de luneta, com certeza poderia causar danos a sua visão, aguardou o precavido observador alguns minutos, até que o risco do sol ficou mais a direita da estrela mãe, só então pegou sua luneta e apontou em direção ao nascente, era sim a ponta do mastro do "Snoring of tre waves" a linda caravela do maldito capitão sanguinário Mac Clay, herdeiro do trono do reino Mac Clay, cujo o pai fugiu da Escócia para a Escandinávia, para fugir da perseguição do Império britânico e não mais voltou para sua região, tornando-se um exímio navegador, viajando por todos os oceanos. Deveria passar um quarto de dia até a chegada da embarcação ao cais dos Aracatis, como era conhecido. Meio dia o major já tinha almoçado, comeu fava, jerimum e charque, com suco de murici, sempre acompanhado ao seu pé, do fiel companheiro, o valente cão joli, que nunca largava do pé do major, nem em suas viagens mais longas, como é forte esse cachorro, pensava com seus botões o major, talvez mais do que seu cavalo quarto de milha "maribondo", presenteado por Felipe, filho do imperador.

-- esse cachorro é resistente, muito resistente! Falou sorrindo o major para sua mulher

-- porquê você fala isso? Retrucou ela

-- porque comer fava, jerimum e charque e não morrer só sendo estômago de avestruz! rsrsrs

-- o que é avestruz? Você sabe cada nome, eu em...............

-- bem avestruz. ......deixa pra lá. ....é um peru do tamanho de um jumento, que conheci na África, deixa pra lá, se ele comesse isso aqui com certeza já tinha morrido. ....rsrsrs

-- deixa de ser ingrato homem de Deus, você que pediu para a birizinha fazer essa comida pra você.

-- birizinha, traga um tora de doce de buriti para acabar de matar......rsrsrs

Depois o major subiu para seu quarto, ia fazer a sesta que aprendeu com os espanhóis, em Madri. Quando acabou já era hora de ver onde estava a embarcação " ronco das ondas" do capitão Mac Clay, subiu ao escritório observatório e farol para observar a nau do cabelo de fogo, nome colocado no capitão pelo seu gerente, o amigo inseparável poty, da tribo dos macacos pregos do Quixadá, serra dos Estêvão, e assim foi ao terraço. Para a sua surpresa o capitão tinha atracado a nau do jeito errado, com a proa apontada para Oeste, para o grão Pará, o que representava que ele não ia apoitar no cais, pelo menos hoje. No final da tarde o major ficou apreensivo com aquela atividade estranha do oficial da embarcação, chamou poty e mandou preparar seu barco de médio calado, pegar alguns bons atiradores que ele ia à bordo da nau, saber o que estava passando. E assim o fez, mais antes ele viu uma movimentação estranha a bordo do "tumbeiro", muito estranho o que se passa no navio. Ele pensou e chegou a conclusão que era problemas de doenças, e com certeza "A PESTE", doença que geralmente matava 2/3 da tripulação, e que não podia permitir que eles ficassem ali parados. Também não podia deixar o amigo sem apoio e remédios. Mudou os planos, e falou pro índio que ia só, fazer uma observação in loco, o que se passava na nau do amigo. E assim foi, na sua pequena jangada, saber a situação. Quando chegou lá encontrou o capitão vivo, mas muitos já tinham morridos na viagem, agora não tinham mais ninguém doente, e todos os mortos tinha sido jogados no mar.

Sentado na cabine do capitão, o major foi direto ao assunto.

Capitão Mac Clay, a sua viagem no meu modo de vê se acabou, não tem como o senhor ir em frente, o senhor tem que dar meia volta e voltar para o seu porto, já morreu quem deveria morrer, não haverá mais mortes, todos aqueles que sobreviveram a essa peste dela não morre mais, por isso estou aqui sozinho, não trouxe ninguém de lá, para não levar a peste para meus homens e minha gente, vou trazer um barco cheio de mantimentos e água para o senhor poder voltar, na viagem de volta o senhor jogue tudo que poder no mar, toda a carga, todos os utensílios utilizados, todos os panos, cheguem lá perto da cidade e pulem no mar, todos nus e toquem fogo no barco, voltem pra casa como vinheram ao mundo, não levem nada do barco, cheguem só vocês, dessa forma ninguém vai querer eliminar vocês, não contém nada a ninguém, nem as suas mulheres, digam que afundaram, atacados por piratas e que foram resgataos e depois jogados ao mar, ou inventem o que quiserem, mas não falem da peste, eu também não vou falar, senão o senhor corre o risco de vida, vou dar um jeito de afundar minha jangada, e voltar para casa nadando.

-- o senhor entendeu tudo?

-- sim major, sim, vou fazer dessa forma

-- bom, muito bom, nos vemos daqui a um ano

-- sim, Major

E assim o major Ivonet contornou aquela situação, e de manhã o capitão aponta a proa e as velas para a Europa.

-- cadê o capitão cabelo de fogo, Ivo? Não vem tomar café com a gente?

-- não, ele não vem Isabel, esse ano ele não vem, comeu muita fava na viagem, aquela mesma que você mandou pra ele, ficou com dor de barriga e voltou pra casa......rsrsrs

-- você não leva nada a serio mesmo né, fique aí com esse pulguento, saindo da sala.....

-- au, au, au late joly

-- o major rola em risos.........

Fred Coelho
Enviado por Fred Coelho em 04/04/2020
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