TENENTE AVIADORA TATIANA: UMA MULHER NA AFA

Tenente Tatiana

Tatiana Medeiros era uma filha de uma professora de educação infantil da cidade de Campo Grande MS, de nome Maria Silva.

Seu pai, Marcos Medeiros, era separado da mãe e tinha problemas com drogas, em especial: cocaína. Fora internado e não conseguiu mais ter uma vida normal.

Tatiana Medeiros estudou numa escola pública no Bairro Nova Lima, na periferia de Campo Grande.

Sua mãe, quando ela tinha 9 anos, levou-a até a Base Aérea de Campo Grande, quando era um dia de visitações públicas, na qual se comemora o aniversário do dia do aviador.

Tatiana ficou encantada por conhecer o avião Super Tucano, da Força Aérea Brasileira. Era um avião com hélice na frente e que fazia parte do Esquadrão Flecha, responsável por interceptar aeronaves clandestinas na fronteira do Brasil com o Paraguai.

Um oficial da aviação de caça deu uma palestra aos visitantes: o Capitão Fábio.

Fábio lembrou aos visitantes que para ser piloto da FAB era necessário cursar a Academia da Força Aérea, na cidade de Pirassununga, no interior de São Paulo.

Tatiana Medeiros, que já tinha um espírito independente e ousado, perguntou se “menina também podia” ao Capitão, que respondeu, sorrindo:

- Sim Tatiana, a FAB admite mulheres como aviadoras. Antes não. Sabe como era o machismo.

Tatiana enche seus olhos de brilho e pensa: vou ser um dia uma oficial aviadora da FAB!

A mãe de Tatiana vê a filha afoita com essa ideia durante semanas, e diz:

- Filha. Isso não é profissão de mulher. Mulher tem que casar e ter filhos. No máximo ser professora ou enfermeira. Desista disso...

Mas Tatiana não desistiu. Começou a estudar por conta própria com apostilas que encontrava em bancas de revista. Também praticou simulado com as difíceis questões de Ciências Exatas da AFA e aprendeu inglês com aplicativos de celular.

Resultado do esforço: com 17 anos, Tatiana é aprovada nos exames intelectuais da AFA. Agora seguiria para os exames médicos e físicos em Pirassununga, SP, na magistral fazenda onde está abrigado o ninho das águias (como é o apelido da AFA).

Mais tarde, recebe a notícia no Diário Oficial da União: poderia ser matriculada, pois estava tudo OK.

No começo do ano de 2013, lá estava Tatiana com sua mala e sua mãe no portão da AFA, em Pirassununga, pronta para cursar do todo estágio de preparação de um oficial aviador.

A mãe de Tatiana chorou e se despediu da filha, que cruzou o portão com a fachada do ninho das águias.

O primeiro ano não foi moleza.

Foram vários testes, como em piscina, com mergulhos profundos, além de provas em simuladores de força gravitacional. Tatiana desmaiou 2 vezes no teste de força G e quase foi desligada da AFA, mas ela conseguiu superar todas as limitações físicas que um piloto não pode apresentar.

Resultado: no último ano suas notas de avaliação física e intelectual deram a ela uma vaga no curso de piloto de caça. Para ser piloto de caça da FAB, somente os primeiros de turma chegam a essa função. Função de pilotar caças com o F5, o AMX, o Gripem e o Super Tucano.

O dia da formatura com a entrega do espadim foi um momento único. A mãe de Tatiana chorava muito.

O pai que havia melhorado do tratamento de dependência química de cocaína também estava no evento, o que emocionou muito a jovem aspirante ao oficialato.

Em 2018, Tatiana Medeiros recebe sua lotação: a Base Aérea de Campo Grande, no Esquadrão Flecha.

Seria uma piloto de Super Tucano com armamentos de abate de aeronaves.

A aeronave conta com metralhadora e mísseis ar-ar para abater aviões que possam colocar em risco a segurança de voo.

A Tenente Tatiana coleciona missões neste período que a fazem refletir sobre questões com a vida, o casamento, a família.

LUCIANO DI MEDHEYROS
Enviado por LUCIANO DI MEDHEYROS em 19/01/2020
Reeditado em 22/11/2022
Código do texto: T6845402
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