Memórias de um viajante aéreo
Estava eu em Campo Grande, MS, esperando o voo que me traria para Congonhas. Era 1987. De repente o tempo fechou, um vendaval abateu-se sobre o aeroporto e na área que eu me encontrava, vendo a pista, percebia que a visibilidade era zero. Subitamente ouvi o som de turbinas despejando potência, mas nada se via, a chuva era torrencial! O som se afastou e depois de uns 20 minutos, o serviço de som informou que o voo Cruzeiro com destino a Congonhas, teria pousado em Corumbá visto o temporal que enfrentávamos.
Horas se passaram até que o tempo amainou e o avião surgiu pousando normalmente.
Quando entrei na cabine, segui para o fundo, naquela época ainda se permitia fumar, lá chegando vi pessoas com rostos tensos e preocupados. Curioso, perguntei ao cidadão que estava ao meu lado se havia acontecido algo anormal. Ele quase gritando, xingou o piloto dizendo que ele tentara pousar sob aquela tempestade e viu que o avião inclinou subitamente para a direita exigindo muita perícia para que um acidente não ocorresse.
Ele culpava o piloto por haver tentado pousar naquelas circunstâncias.
O avião decolou e seguimos viagem normalmente. O voo tinha a duração de aproximadamente 90 minutos. Quando nos aproximamos dos 60 minutos, deveríamos começar a sentir os procedimentos para pouso como redução da velocidade, manipulação dos flaps, mas estranhamente nada acontecia. De repente o passageiro do outro lado diz “ pessoal não é Congonhas ali embaixo” todos fomos ver e era... Chamamos a Aeromoça que após falar com o Cmte informou a todos que rumávamos para o Galeão por conta de problemas técnicos.
Esfriou minha barriga.
Apesar do medo o pouso aconteceu e percebi que o avião comeu quase toda a pista para poder parar...
Soube depois que na manobra que o Cmte teve que realizar naquela tempestade, algum problema hidráulico havia ocorrido e por segurança preferiu pousar numa pista mais longa, daí o Galeão....
E para pegar outro avião para São Paulo??
Esta é uma outra história.