Antiel - Aventuras em Submundos- Parte 1
Vivíamos em união em um pequeno vilarejo entre as mais altas e geladas montanhas, sobrevivíamos do que plantávamos e nos hidratávamos da água da chuva e dos rios que cortavam as montanhas como veias saltadas de um forte guerreiro procurando seu inimigo para se vingar.
Mas certa noite, arqueiros de um reino próximo ao nosso vilarejo, nos atacaram, incendiando todas as nossas casas, levantei-me, mandei todas as mulheres pegarem suas crianças e correrem para o norte para se protegerem, enquanto aos homens, pegassem todas as armas que puderem e atacassem os inimigos. Mas infelizmente eram muitos, enquanto os arqueiros atacavam suas flechas com tochas ateadas de fogo, os guerreiros com suas espadas de ferro fortificado e escudos enormes derrubavam-nos. Aos poucos iam nos derrotando, em nenhum momento deixei de lutar, matei dois com puro ódio, mas infelizmente levei uma punhalada por trás.
Acordei e estava no meio de uma vila amarrado em um tronco de uma árvore cortada afincada no chão, todos me olhavam como se eu fosse culpado de algo, mas muitos dos olhares que conseguia ver, eram de pena, consegui enxergar os olhos sinceros e sofrido de muitos presente naquele local, quando uma moça, uma alma pura, um anjo em meio de demônios, me trouxe um pedaço de pão com um jarro de água, e foi me alimentando aos poucos, quando veio um guarda com uma lança enorme e tirou a moça de perto de mim e atirou-a ao chão
-Deixa a moça em paz. Eu disse e não me arrependo. O guarda veio e me cuspiu e deu-me um tapa. O sangue subiu nesse momento mas pude me segurar, pois nenhuma força minha iria adiantar nesse momento. Levaram a moça presa e pude só ficar olhando.
Um homem estranho veio ao meu lado, ficou me observando e aproximou-se dos meus ouvidos e disse -Como alguém que confiastes muito pode ter te traído? Olhei bem para ele e recordei que ele era o cara com quem eu fundei o vilarejo, onde lá achamos ouro e ferro, que duas semanas depois ele sumiu, achei que estivesse morto, mas não! Ele nos traiu. Ele trabalhava para o rei, explorava terras em busca de ferro, mas encontrou ouro e foi logo promovido quando disse para o rei onde tinha, o rei mandou seus soldados averiguarem local, e se fosse verdade iria dar metade do reino para ele. E foi o que conseguiu. O rei mandou passar um ano para que tivesse população o suficiente para ser seus escravos quando for dominar o local.
E passaram-se um ano e faz uma semana que estou aqui, preso nesse local onde posso ver ficar de noite e de dia, onde posso sentir o calor e o frio, medo e coragem, medo do que pode acontecer e coragem pra enfrentar. E o que me resta é aguardar o que o destino fez para mim.
Não quero mais ver a luz do luar, e sim a própria lua. Sei muito bem enxergar no escuro mas preciso de algo que me guie. Quando sair daqui não quero mais ver lágrimas atras de máscaras sorridentes, sorrisos falsos para esconder o ódio. Quero ver a própria vingança em um soar de uma espada contra outra, sangue e lágrimas juntas, formando uma poção letal. E quando chegar esse dia, esperarei chegar a noite para que novamente eu possa olhar as estrelas e me lembrar de quando era criança e meu pai me ensinando a controlar a minha raiva depois de ver a minha mãe morta.
Com os pensamentos indo tão longe, ouço um sussurro com o meu nome que faz-me trazer para a realidade. O que alguém iria querer de mim? Uma pessoa que nunca teve nada mas teve muito a oferecer, penso eu. Percebo uma pessoa com uma vestimenta toda de couro vindo ao meu lado onde eu não conseguia enxergar o seu rosto, não conseguia ver se era homem ou mulher, onde vinha estendendo a sua mão para mim, me entregando um colar, um colar feito com uma pedra estranha, dentro dessa pedra tinha um pequeno brilho vermelho que ia brilhando conforme a batida do meu coração. Fiquei tão fascinado com aquilo que quando fui perceber a pessoa não estava mais lá, aí é que me surgiu a pergunta; como e porque? Já não bastava eu estar repleto de dúvidas e de preocupações.
Os pássaros já vinham dizendo que o dia estava prestes a clarear, mas antes que acontecesse pude ouvir o barulho de um trovão anunciando a chuva e voltaria a ficar escuro antes que clareasse, mas os raios clareavam as montanhas, e eu via as sombras das árvores que mesmo presas no solo elas eram livres, cresciam e morriam no mesmo lugar, se elas podem, porque eu não posso?
Um guarda caminha em minha direção, amarra os meus braços e me tira da cela e leva em direção ao rei, onde faz uma proposta: - Pequeno invasor de terras, era para você ser severamente punido por estar invadindo o meu território, mas não, fui bondoso ao te prender junto aos meus prisioneiros. Logo pensei; não tinha ninguém junto a mim, e sim, eu e minha sombra, isso quando batia alguma luz. Apesar de que não sou nenhum invasor e sim o rei queria achar um jeito de eu ser culpado para servir à ele, como não podia fazer nada, aceitei a proposta de trabalhar na mina em troca de alimentos e moradia em seu reino, até eu conseguir encontrar a família que eu sustentava e a qual me mantinha-me de pé.
Vejo mais de mil pessoas acorrentadas pelas mãos carregando ouro, fico inconformado, como pode um ser humano fazer isso com seus próprios irmãos? Nem os animais são tão imbecis de fazer tal crueldade. O que eles ganham em troca? Ouro? Isso torna-os felizes? Uma pedra de ouro vale quantas vida? Enquanto uns são sustentados pela riqueza outros são mortos pelo ouro.
A noite nem chegou mas o dia já acabou para mim, paro em uma sombra para descansar e sinto um toque em meu peito, lembro que estou com o colar que o ser entranho me deu, e o brilho continuava conforme as batidas do meu coração, quando olho em volta esta tudo parado, os pássaros não estavam batendo as asas, as árvores não estavam balançando e nem o vento estava soprando, fiquei assustado e logo pensei que fosse o colar que tivesse feito tudo aquilo, logo levantei-me correndo e procurei a saída, eu encontrei mas infelizmente estava fechado e eu não sabia o quanto de tempo restava, com medo de que os guardas me vissem, passei entre eles e tentei abrir o portão, mas eu não conseguia, parecia estar enferrada, logo pensei que como tinha parado o tempo, eu não podia mover nada, mais uma vez corri para o barraco mais próximo para me esconder, quando estava mais calmo olhei para o colar, ele não estava mais brilhando, pude ouvir vozes, percebi que tinha voltado tudo ao normal. Se o poder é do colar, como eu pude fazer isso? Quem era a tal pessoa que me deu o colar?