Uma mulher um desejo e um urubu
Ao ultimo chiar das folhas que rastejam pelo chão ao cair do crepúsculo, na velha cidade de Ondina, ouvisse gritos estremecidos e ranger de dentes, por um motivo até então desconhecido, os vizinhos mais desprendidos de curiosidade esbugalham seus olhos nas fechaduras e frestas dos velhos casarões da Rua das Lamentações Nº 13, para então tentarem entender de onde advêm todos esses sons inopinadamentes até então.
Do nada houve espavento e instaurou-se um silencio profundo, onde até mesmo os próprios grilos que faziam sua própria serenata noturna ficaram em comedimento, chegando até então a paralisar a leve brisa que fazia bailar as longas folhas das palmeiras imperiais do largo das lágrimas secas. Inesperadamente uma voz ecoa de lá de dentro da grande casa da esquina, era uma voz de mulher, deduziram chegaram a um epílogo só podia ser a voz de Ofélia mulher do conde Bonifácio Javier.
Como todos já estavam cansados de saber Ofélia a condessa, está grávida pela sétima vez, e a grande expectativa era a vinda de um menino após seis tentativas frustrantes de gravidez só vieram meninas para o desgosto do conde, porém agora, era onde morava o problema, pois após seis mulheres o sétimo filho fora homem tem a triste sina de perdurar as noites frias virando um homem lobo.
Essa balbúrdia toda vinha acontecendo devido a alguns desejosos até então fora do comum se comparado a de algumas grávidas da cidade, o que reforçava mais ainda os rumores sobre a vinda do filho que virá a ser um lobisomem, consequentemente era o que deixava a cidade ainda mais balançada sobre o assunto, da chegada de uma figura mítica, porém quem não se contentará era a própria mãe, com seus desejos estapafúrdios de gestante, para o azar do pobre conde que já se arrependerá da vontade de ter o filho homem. Segundo relatos dos mais próximos à família, Ofélia vinha sentindo algumas sensações bem diferentes de suas gravidezes anteriores, semana passada mesmo ela sentiu um desejo de comer ossos do matadouro em putrefação, e sem deixar de fora o desejo de comer uma placenta de uma cachorra que tinha acabado de parir, para ser devidamente preparada com farofa de cupins do cruzeiro do cemitério da cidade.
Só que nesta noite antes do jantar ela resolveu que queria comer carne de urubu ao molho pardo, acompanhado com ovos de serpentes, e ameaçou logo o pobre e velho conde que se ele não trouxesse o urubu seu filho nasceria com a cara da ave, e exclamou logo de que além da desgraça da vinda de um filho lobo, ter a cara de um urubu seria um desastre para a família Batráquio. E fez com que todos fossem procurar a ave para antes do jantar, o conde retruca logo a seguir, e exclama, mas onde vamos encontrar tal animal há essa hora, sem perder o ritmo instantaneamente responde a condessa já devidamente acomodada em uma poltrona com as pernas para o alto, onde mais se não no matadouro municipal extremamente em tom irônico, ou vocês querem encontrar um urubu na granja de dona Elba aquela que se dirige a floresta da mutua a busca ovos de cágados da calunga amarela. Em seguida a conversa é interrompida por Anastácia filha mais velha do casal, que evidencia e posteriormente acrescenta sobre os horroridades praticados por ela e inclusive explica a jovem que ela é esposa do velho pé de cabra, e rindo alto confirma a mãe ela mesma aquela trambiqueira que pinta os ovos coloca na venda do seu marido seu Raimundinho do pé de cabra que também é trapaceiro igual à mulher, que adulterou a balança da venda para roubar o povo de Ondina.
Após essa discussão, partiram a busca do animal emplumado, saíram em um Cadillac One numero 65111, munidos de alguns apetrechos e armamentos subiram a ladeira da velha corcunda, passando então pelo cemitério municipal, seguindo para o abatedouro, era noite de lua cheia tudo estava claro era seis de outubro véspera de feriado municipal dia muito importante para a população olindense em que houve a libertação da população dos farsistas da cara vermelha. Já bem próximos da curva da mulher manca já podiam avistar no alto da colina dos depravados onde se localizava o abatedouro da cidade, o mau cheiro já podia ser sentido cada vez mais forte, e as meninas já começavam a reclamar de tal odor, os latidos dos cachorros já anunciavam que a chegado estava próxima, e após com um longo suspiro profundo o conde anuncia chegamos, começa então a discussão toda novamente onde as meninas se recusam sair do carro por motivo do odor é insuportável resmungam elas e é super nojento isso, isso não é lugar de moças da alta sociedade, logo o pai então as questionam vocês querem que seu irmão nasça com cara de urubu a resposta é unânime que sai em tom de coro, claro que não, então parem de ser frescas e vamos à procura do urubu, acho que não deve ser difícil achar um pois a claridade irá nos ajudar com a graça de Santa Rosaria da Anunciação, com o encorajamento do pai as meninas saíram em fila os seus instrumentos de caça.
Depois de uma caminhada de sete minutos em direção a uns arbustos contendo alguns pés de tamarindo abóbora, avistaram um ninho cheio de gravetos e houve logo um alvoroço devido a uma coruja que cantava seus cantos amargurados, onde o conde já irritado as manda calar se imediatamente, ouvindo o seguinte argumento de que as corujas tem fama de agouro, argumento besta o de vocês responde o conde, e logo procedem a cutucar o grande ninho de gravetos de onde se podia ouvir alguns gruídos de um pássaro, há logo uma comemoração instantânea agora a missão era consegui tirar a ave do ninho, o conde sobe logo na arvore para acabar logo com isso e introduz a mão dentro dos gravetos agarrando dois pássaros, o conde os coloca em um saco e desce da arvore rapidamente e vão em direção ao carro, antes de entrar o conde abre o saco e torce o pescoço do pássaros em instante ele achou um pouco menor, mas logo desconsiderou que isso devia ser porque estava sem seus óculos, e matou a aves e entrou no carro e voltou para a casa, os entregou para Gertrudes a cozinheira da casa que logo o interrogou porque essas urubus são tão pequenos, ele diz que não entende pois sempre os vê do alto e esses devem ser porque são filhotes e pedi que ela não fale nada para a condessa Ofélia, então ele se despede e vai para seus aposentos e na triste espera do próximo desejo até a concepção o seu mais novo herdeiro.