O Retorno do Capitão Nemo
Parte 1
O mundo vive tempos tenebrosos. Por muito tempo almejou-se a paz, mas hoje há uma infinidade de conflitos em andamento. Depois da chamada primavera árabe o mundo muçulmano tem mergulhado cada vez mais na violência, uma guerra interminável assola a Síria, antes um dos países mais desenvolvidos do Oriente Médio. O Irã encontra-se cada vez mais isolado e o Egito até hoje não encontrou o caminho para paz e corre o risco de cair nas mãos de extremistas. A Al-Qaeda, apesar da guerra travada contra ela no Afeganistão sobrevive e cresce, inclusive no Iraque pós-guerra com os Estados Unidos. A África enfrenta mais uma série de guerras endêmicas, muitas delas motivadas pela intolerância religiosa. A grande Rússia renasce das cinzas, lucrando juntamente com os Estados Unidos com a venda de armas a um mundo cada vez mais inseguro, e enfrenta ela mesma ameaças terroristas e separatistas em seu extenso território. A China prossegue sua expansão, o gigante asiático está cada vez mais poderoso e assusta o mundo, enquanto isso a Coréia do Norte, sua protegida, continua matando seu povo de fome e jogando com brinquedinhos nucleares assustando o Japão e a Córeia do Sul. No Ocidente uma crise econômica histórica aflige os países europeus e faz uma população cada vez menos esperançosa ir as ruas se revoltar contra seus governos tecnocratas. E do outro lado do mundo, no continente americano, os Estados Unidos, a nação mais rica do mundo ainda tenta se recuperar da crise enquanto a América Latina experimenta mais um de seus vários ciclos de crescimento e estagnação.
Sou consciente dos perigos do mundo atual e também do retrocesso espantoso pelo qual passamos. Porém sempre houve em mim uma esperança, esperança de que em algum lugar existissem pessoas determinadas a mudar o rumo da história. Entretanto não poderia imaginar que uma dessas pessoas viria do lugar mais improvável do todos: das lembranças de minha infância, sim, pois foi de lá que ele surgiu, aquele homem formidável, e para explicar melhor isso terei de contar como tudo começou.
Sou Júlio França, repórter de um conceituado jornal de grande circulação nacional. Como disse antes era consciente dos perigos do mundo e por isso mesmo nunca tive medo de mostra-los, minha profissão era considerada uma das mais perigosas, eu sou correspondente de guerra, dessa forma conquistei a admiração e o assombro de meus colegas. Viajava constantemente para locais como o Iraque, o Afeganistão, o Congo e a fronteira entre as duas Coreias.
Mas foi quando estava em Damasco cobrindo a guerra civil na Síria que ouvi algo que me deixou intrigado: já há algum tempo frotas da marinha de diversos países se dirigiam a Somália, defendiam navios mercantes de suas bandeiras contra o ataque cada vez mais ousado e frequente de piratas somalis. Muito se falava sobre isso, muitos elogiavam a colaboração de tantas forças diferentes, outros diziam que isso era só por dinheiro e outros ainda ligavam a operação há uma suposta invasão alienígena dada a grande concentração de tropas de defesa.
Até então eu dava pouca importância àquelas histórias, com coisas mais importantes como um mundo em guerra porque me preocuparia com simples piratas? Mas uma conversa casual com um colega americano despertou minha curiosidade:
- França – disse-me Steve, repórter do Washington News – tenho um amigo na marinha e ele me trouxe uma notícia bomba lá do Golfo de Áden.
- O que foi Steve? Os piratas somalis estão roubando os Ovnis também?- caçoei dele.
- Engraçadinho. Não tem nada a ver com Ovnis, mas pode ter a ver com os piratas. Ele me garantiu que os russos perderam um navio. De qualquer forma minha temporada em Damasco termina amanhã, não quero ficar por aqui e correr o risco de ser preso pelo governo Sírio como espião ou pelos rebeldes como cão infiel. Bem, vou para Israel, de lá pego um avião da USAF direto para Djibout.
- Você está falando sério?
- Meu amigo é uma fonte confiável, há suspeitas de que a Al-Qaeda contrabandeou armas para os somalis, você sabe que eles financiam atividades terroristas na Etiópia. Suspeita-se que querem desestabilizar toda a região. Mas não são só más notícias.
- Há algo que eu deveria saber mais Steve?
- Sim França, há outra vaga no avião. Meus contatos permitiram ir um jornalista estrangeiro, desde que não fosse árabe, russo, chinês, norte-coreano ou outro possível inimigo norte-americano.
- Sobraram poucas escolhas então não é? – falava e ria ao mesmo tempo.
- Bolas França, você é meu amigo. Que tal ir comigo? Não acredito que a Síria encontrará a paz tão cedo. E se os rebeldes vencerem isto aqui vai se tornar um novo Talebã, não será bom para estrangeiros ficarem aqui.
- Fale isso por você Steve. Não sei o que teriam contra um repórter brasileiro.
- Ora França, você tem cara de ocidental, no fundo é isso que importa. Além do mais esse crucifixo que trás pendurado no pescoço vai te condenar mais do que salvar.
Pensei um pouco comigo. Na verdade teria que voltar para o Brasil em breve. A pouca verba da qual ainda dispunha não cobriria meus gastos ali e uma aventura custeada pelas forças de defesa americanas até que não soava mal.
- Quais são seus planos Steve?
- Meus planos são seguir até Djibout, estão fazendo patrulhas constantes em toda aquela área do Golfo de Áden, por sorte conseguimos autorização para embarcarmos, lembre-se que tenho um amigo lá dentro.
- Bem, acho que não tenho escolha. De qualquer forma seria interessante cobrir essa história. O mundo tem esquecido um pouco desses piratas, há tantas guerras acontecendo ao mesmo tempo que a notícia de bucaneiros dos sete mares soa como algo fantasioso.
- Ora França, na pior das hipóteses podemos fotografar um Ovni!
Mais uma vez ri junto com meu amigo e nos colocamos a juntar nossa pouca bagagem. Consistia apenas de poucas roupas e algumas câmeras e apetrechos eletrônicos. Correspondentes de guerra eram ermitões, não portavam muito peso.
Saímos da Síria a bordo de uma avião da ONU, os únicos autorizados a deixar aquele país em direção a Israel, já que o Estado Judeu mantinha-se em prontidão máxima preocupados com o envolvimento do governo sírio no aparelhamento do Heszbolah, com a crescente instabilidade no Líbano e com as constantes retóricas belicistas do Irã. O Oriente Médio estava sendo remodelado, governos corruptos e ditatoriais, mas estáveis, estavam sendo substituídos por outros, muitas vezes radicais e só o futuro poderia dizer se essa mudança traria avanços ou retrocessos.
Como Steve dissera não tivemos problema, embarcamos num Hercules C-130 da USAF, a força área americana e rumamos rumo a Djibout, um minúsculo país encravado na costa leste da África. Era bom voltar a África, estive ali durante as crises no Egito e na Líbia, que culminaram respectivamente com a queda do presidente Mubarak e a morte do ditador Kadaf. Também estive no Congo, de lá guardo boas lembranças, apesar da barbárie da guerra civil ainda lembro de meu encontro com os gorilas das montanhas, grandes primatas ameaçados de extinção pela irracionalidade humana.
- Já conhecia a África não é França? – perguntou Steve durante a viagem, era difícil ouvi-lo, por isso ele gritava, o C-130 era uma avião de carga e transporte de tropas e não uma avião de cruzeiro.
- Sim, muitas vezes. Gosto daqui, é o lugar onde tudo começou não é? O jardim do Éden.
- Também penso assim. Sabe, já morei em Cape Town. Gostaria de voltar lá um dia.
- A Cidade do Cabo, na África do Sul, estive lá na copa do mundo. Belo lugar, talvez um dia voltemos lá juntos.
- É, quem sabe.
As palavras tem poder, já me disseram uma vez, e mal sabia do poder de nossas próprias palavras.
A viagem transcorreu sem problemas. Voar num avião militar norte-americano lento e em baixa altitude provocava medo, afinal estávamos em uma das regiões menos amigáveis da Terra. Por isso reencontrar a terra firme nunca foi tão reconfortante.
Djibout é uma ex-colônia francesa hoje cercada pelos explosivos Somália, Eritreia e Etiópia, é um país miserável, mas recebe uma quantidade incrível de imigrantes, a maioria refugiados escapando das intermináveis guerras e perseguições étnicas em seus países de origem. A capital do país, igualmente chamada Djibout, possui um movimentado porto devido a sua posição estratégica no golfo de Áden, dali tem-se fácil acesso ao Mar Vermelho e ao Canal de Suez, rota de parte do comércio Oriente-Ocidente e artéria de escoamento de grande parte do petróleo mundial. Também se tornou um ponto ainda mais estratégico depois do 11 de Setembro, agora era um entreposto onde as nações do Ocidente poderiam coordenar suas ações contra os grupos terroristas da região. Outro fato que contribui para estar sempre movimentado foi a ascensão dos piratas somalis, por isso via-se agora em Djibout navios militares de diversas potências mundiais.
E era para o porto aonde iríamos agora escoltados por fuzileiros navais norte-americanos, durante a viagem ficou evidente a pobreza daquele lugar.
- Triste não França – disse Steve – tantos anos cobrindo guerras e o mundo ainda não mudou muito.
- Sim Steve, as pessoas se matam a todo o momento, se ao menos investissem um pouco dessa energia mortal para fazer o contrário, preservar a vida. Talvez as coisas se ajeitassem.
Cobrir guerras não significava que concordávamos com elas, pelo contrário eu e Steve éramos pacifistas, tínhamos visto dor demais em nossas vidas e sonhávamos com o dia em que nossa profissão de correspondentes de guerra não mais existisse. Entretanto pela atual conjuntura global isso parecia ser algo muito ainda distante.
O porto de Djibout parecia uma Babel, marinhos ingleses, franceses, italianos, russos, americanos e até chineses e japoneses. Realmente era incomum tantas nacionalidades do mesmo “lado”, por uma momento achei que o mundo realmente estivesse sofrendo uma ameaça alienígena, única maneira de unir todos os exércitos por um bem comum, porém não havia nenhum vórtice no céu como diziam os teóricos de conspirações bizarras. Tanto eu como Steve sabíamos o real motivo de tudo aquilo.
- Dinheiro França, quando a estrada que leva as riquezas do mundo tem seu fluxo ameaçado os poderosos colocam toda sua máquina de guerra contra simples piratas descalços.
- Descalços, mas perigosos Steve. Lembre-se que eles sequestraram e mataram muita gente. No fundo são simples bandidos.
- Você tem razão França, mas não é estranho? Tanta força reunida, sei lá, será mesmo que não há nada de anormal acontecendo...
Steve foi interrompido. A nossa frente surgiu um oficial da U.S. Navy, a marinha americana, e se apresentou:
- Senhores, sou o WO Daves, e fui encarregado de acompanha-los até o contra torpedeiro U.S. John Wayne. Preciso apenas de seus documentos e no seu caso sr. França, de seu passaporte.
Atendemos ele rapidamente, o WO Daves, ou subtenente Daves (warrant officer, um cargo militar que não existe no Brasil, mais ou menos o equivalente ao nosso subtenente, por isso eu o chamarei de subtenente daqui para frente) como esperado ele se deteve mais nos meus papéis do que nos de Steve. Não era comum uma navio de guerra americano aceitar jornalistas a bordo, quando mais jornalistas estrangeiros.
- Franca? Maneira estranha de gravar nomes, não sabia que no Brasil era assim – disse o subtenente Daves me devolvendo o passaporte.
- Chama-se Cê-cedilha, coisas de línguas latinas.
- Que seja, agora venham, eu pessoalmente sou contra repórteres no navio, ainda mais não sendo americanos. Mas o senhor Steve parece ter amigos influentes. Depressa, o Capitão Virgill espera por vocês, partiremos em breve.
Steve me olhou rindo. Ele sempre tinha um truque na manga, senão não estaríamos ali. Seguimos o subtenente Daves que muito a contragosto nos guiou até o contratorpedeiro U. S. John Wayne, um navio que parecia ter a mesma cara de valentão do ator de quem herdou o nome.
- Gostava de filmes de cowboys França?
- Sim, sempre gostei de brincar de mocinho e bandido. É claro sempre quis ser o mocinho.
Subimos a rampa de acesso ao convés do navio. Marinheiros ocupados trabalhavam dispostos a fazer o navio zarpar, era a primeira vez que entrava em uma máquina de guerra da marinha norte-americana. Muitos dos marujos paravam para nos observar, não era comum civis os visitarem naquela parte do mundo, outros se espantaram ainda mais a me ver falar com Steve, pelo meu sotaque percebiam que eu era estrangeiro.
Saímos do convés e descemos as escadas para o interior do navio. Percorremos corredores apertados até uma sala onde se lia a inscrição CAPT Virgill.
- Chegamos senhores – disse o mal humorado Daves.
Ele entrou primeiro, bateu continência e nos anunciou.
O capitão Virgill era um homem de meia idade e simpatizei com ele assim que o vi, possuía a cara rosada e uma estrutura corpulenta típica dos americanos.
- Esperam um convite? – disse ele – entrem logo!
Como se fossemos alguns de seus soldados entramos logo.
Daves permaneceu na sala por alguns momentos.
- Subtenente Daves, o senhor está dispensado.
- Capitão, não precisa de mim? Gostaria de apresentar as acomodações aos nossos dois novos tripulantes.
- Não são tripulantes sr. Daves, são convidados. Agora deixe-nos a sós.
- Sim Senhor! – e lá partiu nosso amigo Daves.
Assim que a porta foi fechada o capitão Virgill se despiu de toda etiqueta militar, abriu os braços e avançou em direção a Steve para abraça-lo.
- Seu filho da mãe sem-vergonha – falava ele – há quanto tempo! Pensei que já estivesse morto!
- Ora Virgill, sabe que vaso ruim não quebra fácil – disse Steve.
Depois o capitão olhou para mim:
- E você é Júlio França. Se é amigo de Steve é meu amigo também, ele falou muito bem a seu respeito, disse inclusive que era de confiança. Bem, não sei se podemos acreditar em jornalistas, mas nesse filho da mãe eu acredito, espero não estar errado.
- Não estará senhor, infelizmente a ética tem sido coisa rara em nossa profissão, mas saiba que não publicarei nada sem seu aval.
- Fico feliz em ouvir isso. Pois muito do que será dito aqui não deveria ser revelado, mas em breve todo o mundo vai ficar sabendo.
Eu e Steve nos olhamos. Novamente o faro jornalístico de Steve não falhara, estávamos diante de algo grande.
- Antes sr. França, quero dizer que gosto muito de seu país, já estive lá várias vezes. É talvez um dos poucos países realmente neutros do mundo. Gosto de vocês, presam a paz.
- Infelizmente capitão – falei – o meu país sofre de muita violência também.
- O mundo todo não a sofre? – retrucou ele – Ninguém melhor do que vocês dois para comprovar isso, afinal documentam o que há de pior no ser humano. Mas vamos aos fatos senhor França, conheço Steve desde criança, acredite, mas crescemos na mesma rua. Acho que Steve ficou com inveja de eu ter entrado na marinha e por isso tornou-se correspondente de guerra, esse idiota esteve em mais conflitos do que todos os oficiais da U. S. Navy juntos. De qualquer forma é um amigo, e só por isso vão saber o que vou lhes contar agora. Sentem-se por favor.
Nos sentamos em frente a mesa do Capitão, mesmo ancorado o navio balançava um pouco. Uma sensação a qual deveria me acostumar.
- Bem senhores, tudo o que vou contar é confidencial. Mas como disse antes em breve será do conhecimento geral.
- Não enrole Virgill, diga logo – impacientou-se Steve.
- Calma Steve – disse eu – deixe o homem falar.
- Obrigado senhor França, mas já estou acostumado com esse aporrinhador. Bem, prosseguindo. Como devem saber a região do Golfo de Áden vem sendo assolada por piratas, essa é uma importante rota de comercio internacional, grande parte da riqueza mundial passa por aqui, e junto com ela navios de todas as nacionalidades. De início os piratas atacavam pequenos navios, mas com o tempo tornaram-se mais ousados e sequestravam navios e tripulações maiores, isso nos obrigou a tomar atitudes mais drásticas, como sabem os Estados Unidos não negociam em caso de reféns. E muitos outros países também não. Além disso, nossa presença aqui se justifica pela proximidade com o Oriente Médio e todos os seus problemas. Mas outras potências tem vindo para essa região, e, acreditem, não estão atrás só de piratas.
- Há algo mais aqui não? – perguntei – Terroristas? A Al-Qaeda financia essas ações?
- Bem senhor França, monitoramos ações da Al-Qaeda sim, mas o que temos aqui é maior que isso. Sejam sinceros, acreditam mesmo que tantas forças estariam reunidas aqui para cuidar de simples piratas?
- Ora Virgill – falou Steve – não vai me dizer que há realmente forças de outro mundo agindo aqui?
- De outro mundo eu não sei Steve. Mas poderosas o suficiente para levar a tona três cargueiros, um superpetroleiro, uma fragata italiana e mais recentemente um encouraçado russo, e além disso...
O Capitão Virgill suspirou e fez uma pausa, como demorasse eu perguntei:
- Além disso o quê Capitão?
- Entendam que não poderia falar isso com vocês, é informação confidencial, mas assumo o risco. Bem senhores, também perdemos um de nossos navios, uma de nossas fragatas.
Eu e Steve estávamos espantados, realmente algo acontecia ali. Algo que estava sendo mantido em segredo.
- Meu Deus. Então deve haver dezenas de mortos! – bradou Steve.
- Não, nem tantos. – respondeu o Capitão.
Dessa vez foi eu quem perguntei:
- Mas como, o senhor disse que os navios foram a tona.
- Sim, eles foram, mas lentamente. Algo os atacou, os motores dos navios foram fundidos, perderam toda capacidade operacional, mas não fizeram água imediatamente, parece que tudo foi calculado para que o máximo de homens se salvasse.
- Uma arma não letal? – falou Steve – Mas que tipo de terrorista usaria um artifício desses?
- Não acreditamos serem simples terroristas Steve – respondeu Virgill – esses ataques estão sendo feitos em escala global, mas se concentram aqui no Golfo de Áden.
- Mas como nunca ouvimos nada a respeito? – quis saber.
- Meus caros, há um acordo velado entre as grandes potências desde planeta. Ninguém gosta de mostrar suas falhas aos inimigos, mas a verdade é que há algo nos oceanos afundando navios já há cinco anos e ninguém até hoje identificou o que é. Várias marinhas já perderam seus mais avançados navios, até submarinos foram usados na caçada, pois tudo leva a crer ser um submarino que está fazendo tudo isso. Mas um tipo de submarino diferente, pelos nossos cálculos ele se move a incrível velocidade, é de um tamanho bem grande e desafia as leis de inércia. É algo de outro mundo.
- Ora Virgill, não vá me dizer que acha serem E.T.’s? – questionou Steve.
- Não sei Steve. Só sei que os navios mais poderosos do mundo estão percorrendo os mares numa caçada infrutífera contra um inimigo feroz e incansável e já há algum tempo ele concentra suas ações aqui no Índico, por isso tantos navios aqui. E nossa missão é pega-lo antes dos outros, não podemos correr o risco de tanta tecnologia cair em mão erradas.
Na verdade eu conhecia aquele discurso, os americanos e todos os outros haviam descoberto uma arma muito superior a tudo o que possuíam e conquista-la traria um avanço muito maior sobre qualquer outra nação. O velho discurso de nós queremos o melhor disfarçava o desejo de possuir aquela nova arma.
- Bem vindo senhores, em breve o contratorpedeiro U. S. John Wayne navegará até a última posição conhecida desse objeto submarino não identificado. Temos a bordo o que de melhor há em armamentos da marinha norte americana e em breve outros navios se encontrarão conosco. Vocês vão testemunhar a história e mais uma grande conquista dos Estados Unidos da América!
Steve não escondia seu ceticismo, mas o patriotismo exaltado pelo capitão bateu forte dentro dele. Quando a mim apenas temi, passei anos em áreas de guerra, mas geralmente sabia quem era o inimigo. Ali isso não acontecia, debaixo do manto azul do Oceano Índico escondia-se um inimigo de intenções ocultas ao qual em breve eu conheceria.
CONTINUA...
Sou consciente dos perigos do mundo atual e também do retrocesso espantoso pelo qual passamos. Porém sempre houve em mim uma esperança, esperança de que em algum lugar existissem pessoas determinadas a mudar o rumo da história. Entretanto não poderia imaginar que uma dessas pessoas viria do lugar mais improvável do todos: das lembranças de minha infância, sim, pois foi de lá que ele surgiu, aquele homem formidável, e para explicar melhor isso terei de contar como tudo começou.
Sou Júlio França, repórter de um conceituado jornal de grande circulação nacional. Como disse antes era consciente dos perigos do mundo e por isso mesmo nunca tive medo de mostra-los, minha profissão era considerada uma das mais perigosas, eu sou correspondente de guerra, dessa forma conquistei a admiração e o assombro de meus colegas. Viajava constantemente para locais como o Iraque, o Afeganistão, o Congo e a fronteira entre as duas Coreias.
Mas foi quando estava em Damasco cobrindo a guerra civil na Síria que ouvi algo que me deixou intrigado: já há algum tempo frotas da marinha de diversos países se dirigiam a Somália, defendiam navios mercantes de suas bandeiras contra o ataque cada vez mais ousado e frequente de piratas somalis. Muito se falava sobre isso, muitos elogiavam a colaboração de tantas forças diferentes, outros diziam que isso era só por dinheiro e outros ainda ligavam a operação há uma suposta invasão alienígena dada a grande concentração de tropas de defesa.
Até então eu dava pouca importância àquelas histórias, com coisas mais importantes como um mundo em guerra porque me preocuparia com simples piratas? Mas uma conversa casual com um colega americano despertou minha curiosidade:
- França – disse-me Steve, repórter do Washington News – tenho um amigo na marinha e ele me trouxe uma notícia bomba lá do Golfo de Áden.
- O que foi Steve? Os piratas somalis estão roubando os Ovnis também?- caçoei dele.
- Engraçadinho. Não tem nada a ver com Ovnis, mas pode ter a ver com os piratas. Ele me garantiu que os russos perderam um navio. De qualquer forma minha temporada em Damasco termina amanhã, não quero ficar por aqui e correr o risco de ser preso pelo governo Sírio como espião ou pelos rebeldes como cão infiel. Bem, vou para Israel, de lá pego um avião da USAF direto para Djibout.
- Você está falando sério?
- Meu amigo é uma fonte confiável, há suspeitas de que a Al-Qaeda contrabandeou armas para os somalis, você sabe que eles financiam atividades terroristas na Etiópia. Suspeita-se que querem desestabilizar toda a região. Mas não são só más notícias.
- Há algo que eu deveria saber mais Steve?
- Sim França, há outra vaga no avião. Meus contatos permitiram ir um jornalista estrangeiro, desde que não fosse árabe, russo, chinês, norte-coreano ou outro possível inimigo norte-americano.
- Sobraram poucas escolhas então não é? – falava e ria ao mesmo tempo.
- Bolas França, você é meu amigo. Que tal ir comigo? Não acredito que a Síria encontrará a paz tão cedo. E se os rebeldes vencerem isto aqui vai se tornar um novo Talebã, não será bom para estrangeiros ficarem aqui.
- Fale isso por você Steve. Não sei o que teriam contra um repórter brasileiro.
- Ora França, você tem cara de ocidental, no fundo é isso que importa. Além do mais esse crucifixo que trás pendurado no pescoço vai te condenar mais do que salvar.
Pensei um pouco comigo. Na verdade teria que voltar para o Brasil em breve. A pouca verba da qual ainda dispunha não cobriria meus gastos ali e uma aventura custeada pelas forças de defesa americanas até que não soava mal.
- Quais são seus planos Steve?
- Meus planos são seguir até Djibout, estão fazendo patrulhas constantes em toda aquela área do Golfo de Áden, por sorte conseguimos autorização para embarcarmos, lembre-se que tenho um amigo lá dentro.
- Bem, acho que não tenho escolha. De qualquer forma seria interessante cobrir essa história. O mundo tem esquecido um pouco desses piratas, há tantas guerras acontecendo ao mesmo tempo que a notícia de bucaneiros dos sete mares soa como algo fantasioso.
- Ora França, na pior das hipóteses podemos fotografar um Ovni!
Mais uma vez ri junto com meu amigo e nos colocamos a juntar nossa pouca bagagem. Consistia apenas de poucas roupas e algumas câmeras e apetrechos eletrônicos. Correspondentes de guerra eram ermitões, não portavam muito peso.
Saímos da Síria a bordo de uma avião da ONU, os únicos autorizados a deixar aquele país em direção a Israel, já que o Estado Judeu mantinha-se em prontidão máxima preocupados com o envolvimento do governo sírio no aparelhamento do Heszbolah, com a crescente instabilidade no Líbano e com as constantes retóricas belicistas do Irã. O Oriente Médio estava sendo remodelado, governos corruptos e ditatoriais, mas estáveis, estavam sendo substituídos por outros, muitas vezes radicais e só o futuro poderia dizer se essa mudança traria avanços ou retrocessos.
Como Steve dissera não tivemos problema, embarcamos num Hercules C-130 da USAF, a força área americana e rumamos rumo a Djibout, um minúsculo país encravado na costa leste da África. Era bom voltar a África, estive ali durante as crises no Egito e na Líbia, que culminaram respectivamente com a queda do presidente Mubarak e a morte do ditador Kadaf. Também estive no Congo, de lá guardo boas lembranças, apesar da barbárie da guerra civil ainda lembro de meu encontro com os gorilas das montanhas, grandes primatas ameaçados de extinção pela irracionalidade humana.
- Já conhecia a África não é França? – perguntou Steve durante a viagem, era difícil ouvi-lo, por isso ele gritava, o C-130 era uma avião de carga e transporte de tropas e não uma avião de cruzeiro.
- Sim, muitas vezes. Gosto daqui, é o lugar onde tudo começou não é? O jardim do Éden.
- Também penso assim. Sabe, já morei em Cape Town. Gostaria de voltar lá um dia.
- A Cidade do Cabo, na África do Sul, estive lá na copa do mundo. Belo lugar, talvez um dia voltemos lá juntos.
- É, quem sabe.
As palavras tem poder, já me disseram uma vez, e mal sabia do poder de nossas próprias palavras.
A viagem transcorreu sem problemas. Voar num avião militar norte-americano lento e em baixa altitude provocava medo, afinal estávamos em uma das regiões menos amigáveis da Terra. Por isso reencontrar a terra firme nunca foi tão reconfortante.
Djibout é uma ex-colônia francesa hoje cercada pelos explosivos Somália, Eritreia e Etiópia, é um país miserável, mas recebe uma quantidade incrível de imigrantes, a maioria refugiados escapando das intermináveis guerras e perseguições étnicas em seus países de origem. A capital do país, igualmente chamada Djibout, possui um movimentado porto devido a sua posição estratégica no golfo de Áden, dali tem-se fácil acesso ao Mar Vermelho e ao Canal de Suez, rota de parte do comércio Oriente-Ocidente e artéria de escoamento de grande parte do petróleo mundial. Também se tornou um ponto ainda mais estratégico depois do 11 de Setembro, agora era um entreposto onde as nações do Ocidente poderiam coordenar suas ações contra os grupos terroristas da região. Outro fato que contribui para estar sempre movimentado foi a ascensão dos piratas somalis, por isso via-se agora em Djibout navios militares de diversas potências mundiais.
E era para o porto aonde iríamos agora escoltados por fuzileiros navais norte-americanos, durante a viagem ficou evidente a pobreza daquele lugar.
- Triste não França – disse Steve – tantos anos cobrindo guerras e o mundo ainda não mudou muito.
- Sim Steve, as pessoas se matam a todo o momento, se ao menos investissem um pouco dessa energia mortal para fazer o contrário, preservar a vida. Talvez as coisas se ajeitassem.
Cobrir guerras não significava que concordávamos com elas, pelo contrário eu e Steve éramos pacifistas, tínhamos visto dor demais em nossas vidas e sonhávamos com o dia em que nossa profissão de correspondentes de guerra não mais existisse. Entretanto pela atual conjuntura global isso parecia ser algo muito ainda distante.
O porto de Djibout parecia uma Babel, marinhos ingleses, franceses, italianos, russos, americanos e até chineses e japoneses. Realmente era incomum tantas nacionalidades do mesmo “lado”, por uma momento achei que o mundo realmente estivesse sofrendo uma ameaça alienígena, única maneira de unir todos os exércitos por um bem comum, porém não havia nenhum vórtice no céu como diziam os teóricos de conspirações bizarras. Tanto eu como Steve sabíamos o real motivo de tudo aquilo.
- Dinheiro França, quando a estrada que leva as riquezas do mundo tem seu fluxo ameaçado os poderosos colocam toda sua máquina de guerra contra simples piratas descalços.
- Descalços, mas perigosos Steve. Lembre-se que eles sequestraram e mataram muita gente. No fundo são simples bandidos.
- Você tem razão França, mas não é estranho? Tanta força reunida, sei lá, será mesmo que não há nada de anormal acontecendo...
Steve foi interrompido. A nossa frente surgiu um oficial da U.S. Navy, a marinha americana, e se apresentou:
- Senhores, sou o WO Daves, e fui encarregado de acompanha-los até o contra torpedeiro U.S. John Wayne. Preciso apenas de seus documentos e no seu caso sr. França, de seu passaporte.
Atendemos ele rapidamente, o WO Daves, ou subtenente Daves (warrant officer, um cargo militar que não existe no Brasil, mais ou menos o equivalente ao nosso subtenente, por isso eu o chamarei de subtenente daqui para frente) como esperado ele se deteve mais nos meus papéis do que nos de Steve. Não era comum uma navio de guerra americano aceitar jornalistas a bordo, quando mais jornalistas estrangeiros.
- Franca? Maneira estranha de gravar nomes, não sabia que no Brasil era assim – disse o subtenente Daves me devolvendo o passaporte.
- Chama-se Cê-cedilha, coisas de línguas latinas.
- Que seja, agora venham, eu pessoalmente sou contra repórteres no navio, ainda mais não sendo americanos. Mas o senhor Steve parece ter amigos influentes. Depressa, o Capitão Virgill espera por vocês, partiremos em breve.
Steve me olhou rindo. Ele sempre tinha um truque na manga, senão não estaríamos ali. Seguimos o subtenente Daves que muito a contragosto nos guiou até o contratorpedeiro U. S. John Wayne, um navio que parecia ter a mesma cara de valentão do ator de quem herdou o nome.
- Gostava de filmes de cowboys França?
- Sim, sempre gostei de brincar de mocinho e bandido. É claro sempre quis ser o mocinho.
Subimos a rampa de acesso ao convés do navio. Marinheiros ocupados trabalhavam dispostos a fazer o navio zarpar, era a primeira vez que entrava em uma máquina de guerra da marinha norte-americana. Muitos dos marujos paravam para nos observar, não era comum civis os visitarem naquela parte do mundo, outros se espantaram ainda mais a me ver falar com Steve, pelo meu sotaque percebiam que eu era estrangeiro.
Saímos do convés e descemos as escadas para o interior do navio. Percorremos corredores apertados até uma sala onde se lia a inscrição CAPT Virgill.
- Chegamos senhores – disse o mal humorado Daves.
Ele entrou primeiro, bateu continência e nos anunciou.
O capitão Virgill era um homem de meia idade e simpatizei com ele assim que o vi, possuía a cara rosada e uma estrutura corpulenta típica dos americanos.
- Esperam um convite? – disse ele – entrem logo!
Como se fossemos alguns de seus soldados entramos logo.
Daves permaneceu na sala por alguns momentos.
- Subtenente Daves, o senhor está dispensado.
- Capitão, não precisa de mim? Gostaria de apresentar as acomodações aos nossos dois novos tripulantes.
- Não são tripulantes sr. Daves, são convidados. Agora deixe-nos a sós.
- Sim Senhor! – e lá partiu nosso amigo Daves.
Assim que a porta foi fechada o capitão Virgill se despiu de toda etiqueta militar, abriu os braços e avançou em direção a Steve para abraça-lo.
- Seu filho da mãe sem-vergonha – falava ele – há quanto tempo! Pensei que já estivesse morto!
- Ora Virgill, sabe que vaso ruim não quebra fácil – disse Steve.
Depois o capitão olhou para mim:
- E você é Júlio França. Se é amigo de Steve é meu amigo também, ele falou muito bem a seu respeito, disse inclusive que era de confiança. Bem, não sei se podemos acreditar em jornalistas, mas nesse filho da mãe eu acredito, espero não estar errado.
- Não estará senhor, infelizmente a ética tem sido coisa rara em nossa profissão, mas saiba que não publicarei nada sem seu aval.
- Fico feliz em ouvir isso. Pois muito do que será dito aqui não deveria ser revelado, mas em breve todo o mundo vai ficar sabendo.
Eu e Steve nos olhamos. Novamente o faro jornalístico de Steve não falhara, estávamos diante de algo grande.
- Antes sr. França, quero dizer que gosto muito de seu país, já estive lá várias vezes. É talvez um dos poucos países realmente neutros do mundo. Gosto de vocês, presam a paz.
- Infelizmente capitão – falei – o meu país sofre de muita violência também.
- O mundo todo não a sofre? – retrucou ele – Ninguém melhor do que vocês dois para comprovar isso, afinal documentam o que há de pior no ser humano. Mas vamos aos fatos senhor França, conheço Steve desde criança, acredite, mas crescemos na mesma rua. Acho que Steve ficou com inveja de eu ter entrado na marinha e por isso tornou-se correspondente de guerra, esse idiota esteve em mais conflitos do que todos os oficiais da U. S. Navy juntos. De qualquer forma é um amigo, e só por isso vão saber o que vou lhes contar agora. Sentem-se por favor.
Nos sentamos em frente a mesa do Capitão, mesmo ancorado o navio balançava um pouco. Uma sensação a qual deveria me acostumar.
- Bem senhores, tudo o que vou contar é confidencial. Mas como disse antes em breve será do conhecimento geral.
- Não enrole Virgill, diga logo – impacientou-se Steve.
- Calma Steve – disse eu – deixe o homem falar.
- Obrigado senhor França, mas já estou acostumado com esse aporrinhador. Bem, prosseguindo. Como devem saber a região do Golfo de Áden vem sendo assolada por piratas, essa é uma importante rota de comercio internacional, grande parte da riqueza mundial passa por aqui, e junto com ela navios de todas as nacionalidades. De início os piratas atacavam pequenos navios, mas com o tempo tornaram-se mais ousados e sequestravam navios e tripulações maiores, isso nos obrigou a tomar atitudes mais drásticas, como sabem os Estados Unidos não negociam em caso de reféns. E muitos outros países também não. Além disso, nossa presença aqui se justifica pela proximidade com o Oriente Médio e todos os seus problemas. Mas outras potências tem vindo para essa região, e, acreditem, não estão atrás só de piratas.
- Há algo mais aqui não? – perguntei – Terroristas? A Al-Qaeda financia essas ações?
- Bem senhor França, monitoramos ações da Al-Qaeda sim, mas o que temos aqui é maior que isso. Sejam sinceros, acreditam mesmo que tantas forças estariam reunidas aqui para cuidar de simples piratas?
- Ora Virgill – falou Steve – não vai me dizer que há realmente forças de outro mundo agindo aqui?
- De outro mundo eu não sei Steve. Mas poderosas o suficiente para levar a tona três cargueiros, um superpetroleiro, uma fragata italiana e mais recentemente um encouraçado russo, e além disso...
O Capitão Virgill suspirou e fez uma pausa, como demorasse eu perguntei:
- Além disso o quê Capitão?
- Entendam que não poderia falar isso com vocês, é informação confidencial, mas assumo o risco. Bem senhores, também perdemos um de nossos navios, uma de nossas fragatas.
Eu e Steve estávamos espantados, realmente algo acontecia ali. Algo que estava sendo mantido em segredo.
- Meu Deus. Então deve haver dezenas de mortos! – bradou Steve.
- Não, nem tantos. – respondeu o Capitão.
Dessa vez foi eu quem perguntei:
- Mas como, o senhor disse que os navios foram a tona.
- Sim, eles foram, mas lentamente. Algo os atacou, os motores dos navios foram fundidos, perderam toda capacidade operacional, mas não fizeram água imediatamente, parece que tudo foi calculado para que o máximo de homens se salvasse.
- Uma arma não letal? – falou Steve – Mas que tipo de terrorista usaria um artifício desses?
- Não acreditamos serem simples terroristas Steve – respondeu Virgill – esses ataques estão sendo feitos em escala global, mas se concentram aqui no Golfo de Áden.
- Mas como nunca ouvimos nada a respeito? – quis saber.
- Meus caros, há um acordo velado entre as grandes potências desde planeta. Ninguém gosta de mostrar suas falhas aos inimigos, mas a verdade é que há algo nos oceanos afundando navios já há cinco anos e ninguém até hoje identificou o que é. Várias marinhas já perderam seus mais avançados navios, até submarinos foram usados na caçada, pois tudo leva a crer ser um submarino que está fazendo tudo isso. Mas um tipo de submarino diferente, pelos nossos cálculos ele se move a incrível velocidade, é de um tamanho bem grande e desafia as leis de inércia. É algo de outro mundo.
- Ora Virgill, não vá me dizer que acha serem E.T.’s? – questionou Steve.
- Não sei Steve. Só sei que os navios mais poderosos do mundo estão percorrendo os mares numa caçada infrutífera contra um inimigo feroz e incansável e já há algum tempo ele concentra suas ações aqui no Índico, por isso tantos navios aqui. E nossa missão é pega-lo antes dos outros, não podemos correr o risco de tanta tecnologia cair em mão erradas.
Na verdade eu conhecia aquele discurso, os americanos e todos os outros haviam descoberto uma arma muito superior a tudo o que possuíam e conquista-la traria um avanço muito maior sobre qualquer outra nação. O velho discurso de nós queremos o melhor disfarçava o desejo de possuir aquela nova arma.
- Bem vindo senhores, em breve o contratorpedeiro U. S. John Wayne navegará até a última posição conhecida desse objeto submarino não identificado. Temos a bordo o que de melhor há em armamentos da marinha norte americana e em breve outros navios se encontrarão conosco. Vocês vão testemunhar a história e mais uma grande conquista dos Estados Unidos da América!
Steve não escondia seu ceticismo, mas o patriotismo exaltado pelo capitão bateu forte dentro dele. Quando a mim apenas temi, passei anos em áreas de guerra, mas geralmente sabia quem era o inimigo. Ali isso não acontecia, debaixo do manto azul do Oceano Índico escondia-se um inimigo de intenções ocultas ao qual em breve eu conheceria.
CONTINUA...