Amor líquido
Estava caminhando na avenida, à noite; meia noite, por aí. Ventania maviosa cercando-me, alvejando todos meus poros. É uma droga, sempre acabo em devaneios, meramente por culpa de uma miserável...
"Um átimo dessa revolta de meu corpo, grita; a dissolução dessas relações são vítreas, abjeta. Apropriam-se do sentimento "amar" como se fosse algo banal; simplório. Pressupõe-se que a promiscuidade é natural, contudo, mostra para nós, de fato, como o amor dilui. Ora, uma sensação magnânima, outrora, se torna opulenta. Essa dicotomia desgraçada é rasa. Sempre me questionei o que desejava, e sempre veio à mente: amar e ser amado. Aí, entra a questão, por que é tão complicado? Tenho a resposta: o início do rio não me atrai. Amo a cachoeira, sua complexidade, o fator natural e sistemático que permeia seu âmago. Sentir-se-á confortado com descompromisso? A boa parte, sim; eu, não. Desejo o inteiro, não a fagulha. Somente anseio o abismo. Não quero o corpo, quero a essência, a alma. Um bom café e uma boa conversa é valioso."