TRINDADE SANTA - AMOR MAIOR
Começo essa narrativa, ainda sem saber sobre o que escrever e esperando a inspiração chegar. Nesses dois últimos meses, nada está sendo fácil. A primeira pessoa da nossa família foi embora, morar no paraíso do Senhor. Somos uma família numerosa mais de sessenta pessoas.
Pois bem, a gente sabe que Deus é o dono de tudo e que a qualquer hora ele chama, sem aviso prévio. Para nós é uma surpresa das piores, contudo, esse mesmo Deus que nos surpreende com a morte, nos consola, nos dá força e nos diz que é bem ali, o outro lado. Não sejamos desesperados – ele nos conduz e nos indaga: cadê sua fé, filho (a)? Você sabe que eu conduzo e ponho meu poder em tudo o que é meu e você que diz que me conhece, não pode duvidar disso, porque sou puro amor, divino amor, em todos os momentos, sou seu Deus. Tudo o que faço é por amor. Lembra que eu nunca desampararei um dos meus filhos (as), especialmente os que nasceram para me servir. Você também sabe disso – vive no caminho da luz e me serve com o que mais me agrada, que é enxergar-me no seu irmão doente, triste, abandonado, com fome, miserável, sem um teto. Você quando faz por esse irmão alguma coisa boa é a mim que fazes. Então, não perca sua fé, não desvie do caminho da luz! Continue sua caminhada! A vida que lhe dei é para ser vivida com amor e coragem. Eu sei que ela nem sempre é fácil, doce, com perfume de rosas, entretanto, também sei, que meu amor por você é sem limites. Jamais lhe darei um fardo que não possas suportar. As tarefas difíceis que lhe dou é para que se torne mais forte, mais fervoroso e isso lhe conduz cada vez mais ao caminho que quero para você. Sem contar os louvores, a gratidão, que aos meus pés demonstra, enquanto ora, ou, clama pela minha presença. Toda vez que me chama eu lhe escuto.
Nesses últimos dois meses, tenho ouvido a voz do senhor através do seu Santo Espírito que vive em mim. A luz que emana do coração de Maria para levar-me pela mão e abraçar-me na hora que fico triste, cheia de saudade da minha mãe. Eu sinto que ela me abraça e toda angústia vai embora.
Àqueles que pensam que Maria não serve para nada, afirmo-lhes com toda certeza da fé que tenho na Santíssima Trindade, que nenhum ser humano sobre esta terra, tem a força, a fé e o poder de intercessão que ela tem.
Deus jamais escolheria uma qualquer para ser a mãe do seu filho Jesus. Um Deus que nasceu num curral, que foi aquecido pelos animais, numa noite fria de dezembro, nos confins da Judeia. Deus, o criador, escolheu uma mulher forte, cheia de fé e um José humilde, forte, puro de coração para cuidar e educar Jesus, enquanto humano. Porque é claro, que Jesus humano precisava de cuidados de outros humanos, mas, não poderia ser qualquer um, tinha que ser gentes como Maria e José. Muitos que duvidaram já foram desmascarados por Jesus. O amor de Jesus por nós é o mesmo que ele sente por Maria e por José, seus pais terrenos.
Sei que a maioria não sabe, porque esse fato não é registrado na Bíblia, porém, a história da vida humana de Jesus vai sendo contada e chega aos nossos dias, mesmo aquelas não transcritas pelo livro sagrado. Já li que José morreu de hipotermia, numa madrugada em que saiu com Jesus para trazer as ovelhas ao curral. E Jesus adolescente, na sua condição divina, pôde trazer o pai morto para casa e é por essa sua divindade que ele não sentiu tanto frio. A sua divindade escondida num corpo humano fez com que ele pudesse andar por todos os lugares, ficar perdido na cidade, discursando entre os sábios da época, até que seus pais sentissem sua falta e voltassem à sua procura e foi encontrado, porque Deus protegia todos eles. Depois dessa perda de Jesus em Jerusalém, não ouvimos mais falar sobre José, justamente, porque ele faleceu. Maria continuou sua missão de estar com Jesus em todos os lugares que ele fosse.
Porque essa narrativa está tomando esse rumo? Não sei. O que vem da minha alma eu escrevo. Acho que o fechamento do meu livro de contos vai ser esse.
Nenhum de nós humanos devemos duvidar das formas como Deus nos apresenta, nos mostra, nos faz saber de certas coisas sobre Jesus, enquanto ele viveu aqui neste planeta.
Quando da fuga de Maria e José para o Egito, se não fosse a fé incondicional dos dois, eles poderiam não ter ido. O anjo de Deus os avisou em sonho e eles se foram na escuridão da noite, com medo de que Herodes os encontrassem e matasse Jesus, mas, eles eram protegidos pelos anjos do senhor. Qualquer um conhecedor desse fato, sabe que nós enquanto humanos sentimos medo, faz parte da nossa fragilidade. Jesus também sentiu medo, depois da última ceia, porque sabia que era chegada a sua hora e isso se deu por causa da sua divindade, todavia, ele não podia fugir dessa hora esmagadora, dessa hora mais amarga e mais tenebrosa. Ele, Jesus, cheio do poder de Deus, porque sempre foi o mesmo Deus encarnado homem, tinha que passar por essa atrocidade, a maior que já houve na face desta terra, para que nós pudéssemos um dia, ser por ele ressuscitados e ver a glória das três divindades numa só, resplandecente em seu trono celestial, por isso, sua divindade ficou escondida na sua humanidade para se submeter e cumprir o que estava escrito.
Curvou-se ao poder daqueles que o acusavam injustamente, apenas, por inveja e por medo de perder o poder. Jesus humilhou-se e foi torturado, esquartejado, pregado num madeiro entre dois ladrões, asfixiado, até o último suspiro, quando se entregou.
Antes disso, sua força divina deu-lhe a honra de dizer a Pedro que Maria era sua mãe e que Pedro era seu filho. Esses dizeres dentro da minha fé, não estava apenas entre Pedro e Maria, isso se referia a toda humanidade. Perdoou um dos ladrões, aquele que foi humilde e se compadeceu do seu sofrimento, embora, Jesus não precisasse dessa compaixão, mas, sabia na sua divindade que o ladrão havia se arrependido e merecia ser salvo e nesse momento ele a mostrou, dizendo que naquele mesmo dia, o ladrão estaria com ele no paraíso.
Depois do que Jesus disse a Pedro e a Maria, Pedro passou a cuidar de Maria, assim como Jesus cuidava e juntaram-se aos outros apóstolos, seguindo o caminho iniciado por Jesus, que foi pregar a palavra, falar dos ensinamentos que Jesus deixou e ensinar à humanidade que somente através do amor seremos vencedores.
É por isso que temos no Novo Testamento o que de mais importante há na Bíblia. Fico muito triste que Lutero tenha retirado alguns livros, os quais, falavam textualmente sobre Maria, sobre a sua importância diante deste mundo criado por Deus para todos nós. O que existe na Bíblia sobre Maria, nunca foi mencionado que ela salva ninguém, nunca disse que o poder dela ultrapassa o poder Deus. O que fala sobre ela é tão somente sobre a sua fé, a sua obediência e o seu amor incondicional pelos filhos que seu filho lhe apresentou depois que deixou de ser humano. A importância de Maria é tão digna e tão valorosa que ela foi elevada aos céus pelos anjos de Deus e coroada como rainha dos céus e da terra. Jesus deu a ela a responsabilidade de não deixar que nós nos apartemos dele, que nós deixemos de acreditar na salvação e no seu amor. E ela nunca fez nada que desagradasse a Deus.
No livro de Apocalipse fala dela, a mulher que esmaga a cabeça da serpente, entre outras coisas, é só ler com o coração voltado para Deus, que ele lhe esclarece, que essa mulher é Maria esmagando o demônio. A Bíblia não é um livro comum que qualquer um sabe ler. É preciso ter inspiração divina para subir ao púlpito e pregar com verdade e com amor.
Àqueles que não a querem como mãe cheia de divindade agraciada por Deus, pelo seu trabalho árduo como mãe de Jesus aqui na terra, por sua bondade, por seu coração puro e amoroso só perdem com isso.
São muitas coisas para eu narrar sobre nosso Deus, mesmo sem consultar a Bíblia, pois, trata-se da história mais linda conhecida pela maioria de nós que vivemos para servi-lo.
A história do amor de Deus por nós é tão divina e inexplicável, ainda que muitas vezes, não mereçamos, mas, a sua infinita misericórdia perdoa-nos, sempre. Precisamos lembrar de agradecer, é salutar que estejamos ao serviço das coisas de Deus para que mereçamos a salvação, e isso é algo imensurável, nunca devemos desanimar, questionar os desígnios do senhor. É necessário aperfeiçoar a nossa fé, com muito amor, se não conseguirmos amar como Deus nos pede, certamente não veremos a face luminosa que ele nos mostrará no dia da ressurreição.
Sabemos que somos pecadores, sabemos que não é fácil, por causa do nosso orgulho, do nosso egoísmo, por causa do demônio que vive nos cercando o tempo todo. Precisamos ser firmes até o fim. Não demos espaço para que ele entre na nossa vida, na nossa casa e a gente se afaste do amor de Deus.
Há dias que fazemos tudo errado, deixamos nosso pai celestial entristecido. Às vezes passamos meses com o coração fechado, negro, manchado pela raiva, pelo ódio, pela falta de amor. Não deixemos que isso aconteça, porque sem amor nada somos.
Essa minha narrativa tem um quê de gratidão, de amor, pela beleza de tudo que Deus tem me mostrado nesses últimos dias. Talvez, algo mais que gratidão que eu não sei explicar. Não sabia o que escrever, mas, aqui está, foi saindo o que você lê.
Minha mãe entrou na UTI por volta de meio dia, do dia 07 de março de 2023, terça-feira. Ela foi para o hospital com as próprias pernas. O médico já a esperava, porque meu filho também é médico e ligou para que ele a levasse direto para esse local porque ela precisava de respiração artificial.
Enquanto o médico fazia os primeiros procedimentos, ela disse às minhas irmãs que a acompanhavam que não queria ficar lá. Ia só tomar o soro e voltar para casa. Por causa dessa agitação, o doutor fez com que ela dormisse um sono leve.
No fim do dia fui vê-la e ela continuava dormindo. O médico nos disse que quando ela acordava queria ir para casa, e ficava nervosa, então, ele fazia com que ela dormisse de novo. Ela precisava de descanso e serenidade.
Na quarta-feira, por voltas das dezenove horas, ele chamou a família para decidir se ia entubá-la, ou, não. Decidimos que não. Ele trocou o oxigênio por outro que ela não precisava fazer força para respirar e também, porque meu filho e meus sobrinhos como médicos, nos aconselharam que a entubação não ia melhorar em nada, seria mais sofrimento para ela e sem nenhuma garantia de vida.
Foi nessa hora que cada filho entrou na UTI para falar com ela pela última vez. Eu fui a segunda a entrar e é por isso que estou aqui falando de Deus. Porque lá dentro segurei a mão dela quentinha e com vida. Clamei pela presença de Nossa Senhora Aparecida, a santa de devoção dela e clamei pela Santíssima Trindade. E ambos chegaram. Ouviram meu chamado. Senti a presença deles. Eu estava sem chão, flutuando ao lado do leito e segurando a mão dela. Conversei com ela, com a Trindade Santa e com Maria sobre inúmeras coisas: Sabia que mamãe me ouvia, então, primeiro falei de perdão... perguntei a ela se havia pedido perdão a Deus, como não tive resposta, falei com Deus para perdoá-la, pois, diante da sua inocência e angústia, medo, poderia ter esquecido. Sei que ele atendeu meu pedido, porque vi no seu rosto luminoso o seu sim. Depois pedi perdão a ela e a perdoei também. Em seguida falei para ela que Maria e o Divino Pai Eterno estavam ali, e, que ela podia ir embora em paz. Que aqui na terra ela cumpriu sua missão, de mãe, de esposa, de trabalhadora e viveu ao serviço de Deus. Que os milhares de terços e pedidos, graças e milagres recebidos foram por causa da sua fé, da sua humildade e do seu amor. Feito isso entreguei a mão dela que eu segurava nas mãos de Nossa Senhora e a passagem dela, foi serena, dormindo...Sou grata ao meu Deus por ter dado uma morte sem agonia à minha mãe.
No outro dia, às oito horas o saco de ar que enchia e esvaziava automaticamente, murchou. Ela não precisava mais dele. O coração não batia mais. Sei que ela está do lado de lá dormindo o sono dos filhos amados de Deus à espera da ressurreição.
Com essa narrativa fecho meu livro de contos, maravilha nascida da inspiração do meu Senhor Deus, aquele que em nome de Jesus nos ama e nos honra com sua presença divina, gloriosa, onipotente, onipresente e onisciente em nossas vidas, basta termos fé e agradá-lo com as nossas atitudes, com nosso louvor e glorificação.