Todos fumam...
Sentado em uma pedra afastada da cidade proxímo a meia noite olhavamos a lua cheia iluminar a planice seca de árvores tortas. Ela acendeu um cigarro avulso, perguntou se eu queria "eu não fumo, querida" e ela retrucou "todos fumam, seja cigarro ou a vida... todos fumam". Conversamos horas sobre tudo que vivemos juntos e separados. Sobre nosso novos medos e sonhos, sobre amor e dor, sobre existir. A cada cigarro novo iniciado ou terminado, ela me oferecia, como um beijo antes de algumas palavras de um casal apaixonado. Quando a lua tocou o horizonte e ela tragava o resto de um dos cigarros, eu olhei para ela e fiz um gesto com os dedos, ela entendeu e me deu o cigarro "todos fumam" Nós sorrimos. Quando eu terminei de fumar o resto do cigarro que ela me ofereceu, olhei seus olhos já cansados e vermelhos e sonhei uma vida em um átimo. Pedi um cigarro e ela me deu um beijo forte e pulsante "o cigarro acabou, querido, mas eu ainda estou aqui"...